Eu não quero ficar de mal com você

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Segunda feira. Tudo de novo. Bufo ao pensar que minha primeira aula é de Química e eu vou ter que acordar daqui a 5 minutos, no caso eu vou ter que abrir meus olhos, porque acordada eu já estou. Ah vai me entender. Assim que o alarme toca, me levanto e vou até o banheiro, faço minha rotina de sempre e ponho meu uniforme e um all star preto.

Desço com minha mochila pendurada nos meus dedos e a jogo no sofá. Vou pra cozinha encontrando meus pais tomando café.

Eu não falei com Max o domingo inteiro, nem abri a janela pra falar a verdade, se ele quer que eu o esqueça, a existência dele pra mim não existe. Tomo café com meus pais e logo saio do casa.

Ligo meu celular assim que sinto vibrar no bolso da minha calça.

Ruivinha: aqui na frente

Eu: ok

Caminho o mais rápido que posso até chegar suando na frente do condomínio, passo pelo pequeno portão e logo vejo Alex com um copo preto na mão.

- bom dia, cadê o Max? - ela pergunta vindo até mim.

- E eu vou saber, não tenho gps - digo e ela ri debochada.

- delicada igual um cavalo - Alex diz quando para de rir.

Eu apenas concordei e fomos em silêncio até a escola.

[...]

Já estamos na sala, mas a professora ainda não chegou, graças a Deus.

Max sentou ao meu lado sem me olhar. Eu me sinto um pouco mal por isso, eu não devia, até porque não fiz nada de errado.

A diretora entra na sala fazendo todos se sentarem em seus devidos lugares, ela anuncia que a professora de Química faltou e que nós vamos ter aula vaga. Alguns comemoraram enquanto eu peguei meu fone dentro da mochila. Conectei no celular e coloquei no aleatório.

Eu fico escutando música e tentando dormir, mas parece que tem um bando de animal dentro dessa sala.

Depois do intervalo, a professora de teatro chega pedindo pra sentarmos em círculo. Ajeito minha mesa ao lado da de Alex e Max põe a mesa do lado da minha.

- então terceiro ano - ela senta em cima de uma mesa - estou planejando fazermos uma peça de teatro no final do ano, e vou precisar da turma inteira.

- pode contar comigo prof  - um menino do Fundão fala.

- obrigada Pedro. Bom, vou precisar de um menino e uma menina pra fazer o casal principal, quem se habilita? - ela pergunta e olha pra todos curiosa - qual é gente, um menino e uma menina.

- vai Anne, você é boa em atuar - Alex fala baixo.

- Anne! Pode ser você? - a professora fala me fazendo olhar pra ela.

- ô se ela for eu posso ser o par dela - Pedro diz me olhando - vai rolar beijo? - todos riem.

- Credo - digo baixinho.

- talvez Pedro, Mas pode ser você Anne? - ela me olha.

- se não for com o Pedro eu vou - digo.

- ahhh Anne, sou o par perfeito pra você - Pedro diz fazendo todos rirem.

- Acho que não Pedro, vou achar um papel melhor pra você - a professora fala o olhando - que tal você Max?

- Eu? - ele pergunta assustado.

- sim, pode? - ela pergunta sorrindo.

Max me olha sem transparecer nenhuma expressão, mas logo sorri de ladinho e olha pra professora.

- posso sim - ele diz e ela sorri mais ainda.

- maravilha, vou começar a anotar os nomes de cada um de vocês e os personagens, semana que vem já trago o roteiro com todas as falas certinhas, beleza turma?

Todos concordam.

- por que fez isso? - pergunto baixo mas ele ouve.

- porque sim - responde me olhando.

- pensei que tinha dito pra mim esquecer sua existência - digo e ele ri fraco.

- nós começamos errado Anne, eu não quero ficar de mal com você - o olho - podemos ser amigos? - pergunta na maior sinceridade possível.

Sorrio sem mostrar os dentes.

- podemos - digo e ele sorri.

- amigos então - ele ri.

- Ok, isso é estranho, finge que eu não existo - digo e ele ri mais ainda.

- não posso, você é minha vizinha de janela - ele fala.

- faz dias que eu não abro aquela janela - digo.

- pois comece a abrir - ele fala e eu o olho com a sobrancelha arqueada.

- você é estranho.

Na Casa Ao Lado [Concluído]Onde histórias criam vida. Descubra agora