seu lanche, nosso lanche.

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Acordo no mesmo horário de ontem, me arrastando até o armário, pego meu uniforme e vou pro banheiro. Dessa vez não tomo banho, apenas escovo os dentes e lavo o rosto. Penteio meu cabelo, passo um hidratante labial e ponho um tênis branco. Desço com minha mochila nas costas e vou pra cozinha para tomar café da manhâ com meus pais. 

- bom dia pais - me sento junto a eles.

- bom dia filha, Max já vai vir aqui pra vocês irem juntos pra escola, seja educada - meu pai fala.

- educada é uma coisa que não existe no meu vocabulário, mas eu vou tentar - digo cortando um pedaço de bolo.

Comi rápido e escovei os dentes antes de dar tchau para meus pais. Assim que abri o portão, dei de cara com o ser chamado Max parado em minha frente.

- virou poste? - pergunto enquanto ele me analisa.

- não, por que?

- para de me olhar e anda garoto, Alex tá me esperando lá na frente.

- é inevitável te olhar sabia? - ele fala enquanto caminhamos em direção a entrada do condomínio.

- eu tenho um imenso espelho no quarto, me olho todos os dias lá - falo e logo chegamos ao portão.

O abro e vejo Alex parada em pé, e mais um pouco a frente, seu namorado, Arthur.

- Oi Alex, bom dia Arthur - falo os cumprimentando com um beijo na bochecha.

- bom dia Anne, quem é? - Arthur pergunta.

- Max, novo vizinho da Anne - Max estende a mão e eles fazem um high five.

Noto que Alex me olha com um sorriso, digamos que safado?

- perdeu alguma coisa, Alex? - falo confusa.

- eu não, vamos logo antes que cheguemos atrasados.

Seguimos o caminho todo jogando papo fora. Max jogou algumas cantadas pra mim, o que me irritaram e quase me fizeram jogar ele pro meio da rua para ser atropelado. Entramos na escola e eu percebo que algumas meninas do primeiro ano ficam observando Max ao meu lado. Vontade de mandar essas meninas catarem o que fazer.

- onde fica a diretoria? - Max pergunta.

- pra lá - aponto para o corredor.

- vai lá comigo? - ele pergunta.

- virei chaveiro agora? - o olho com desdém.

- por favor, Anne - insiste.

- devia ter te jogado na frente daquele ônibus - reviro os olhos e andamos até a sala do diretor.

Ele entra e eu fico esperando do lado de fora, se eu entrasse, a secretária iria querer bater um papo comigo e ainda fazer café, é isso que ela faz todas as vezes que me tiram da sala e me mandam pra cá. Qual o problema de dormir na sala de aula?

Max abre a porta e eu olho pra ele esperando que me diga a turma que ficou.

- mas você é lerdo né, que turma ficou? - pergunto e ele abre um sorriso.

- 308.

- aí, eu não acredito! Vou ter uma conversinha com esse diretor agora - digo passando por ele, mas ele segura meu braço.

- pra que ir conversar com ele? Ele disse que é a única turma que tinha vaga de manhã, Anne - Max me olha.

- Deus, Dai-me paciência - Digo olhando pra cima - vamos que falta dois minutos pro sinal bater - viro de costas e começo a andar até nosso corredor.

Entramos na sala atraindo olhares de algumas pessoas e eu me sento no mesmo lugar de ontem. Alex já havia chegado. Max senta do meu lado, mas na outra fileira.

- se deu bem, Anne - Alex sussurra no meu ouvido.

- vai pra merda, Aléxia - ela ri.

Um professor entra na sala e se apresenta pra turma, não dou muita bola já que ele é o mesmo professor chato/legal de matemática do ano passado. Ele é legal porque sabe explicar a matéria, mas eu nunca entendo por ser de humanas.

Mais duas aulas e o sinal bate indicando a hora do intervalo. Pego um pacote de salgadinho e saio com Alex que vai comprar algo na cantina. Fico ali com ela até Arthur aparecer.

- Oi, princesa - ele fala dando um selinho nela - Oi, Anne - ele sorri.

- Oi, Arthur! quer? - digo estendendo o salgadinho pra ele.

- valeu, vão ficar pro treino hoje? - ele pergunta abraçando Alex de lado.

- vou, também tenho treino, e você Anne? 

- sei lá, por mim eu vou pra casa dormir, mas se quiserem que eu fique, eu fico - digo e o moço da cantina berra chamando o próximo da fila.

Saio da fila com Arthur e ficamos em um canto esperando a Cinderela aparecer com minha comida que é dela. 

- opa, sai daqui que é meu - ela fala desviando o lanche para o lado oposto.

- meu lanche, é meu lanche, e seu lanche, é nosso lanche. Passa esse negócio pra cá - dou uma mordida no lanche fervendo de quente - filha da fruta, queimei minha língua!

- bem feito - Alex fala e Arthur apenas ri.

Ficamos ali até o intervalo acabar e eu e Alex voltamos pra nossa sala.


Na Casa Ao Lado [Concluído]Onde histórias criam vida. Descubra agora