Prólogo

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Ela estava em sua cabana afastada da cidade no meio da floresta preparando suas poções matinais quando ouviu uma batida na porta.

O lugar era fétido. Continha teias de aranhas espalhadas por vários cantos do aposento, prateleiras cheias de vidros de diversos tamanhos preenchidos com líquidos de várias cores, mas o que chamava atenção era a pequena cela e a pessoa presa por correntes. Pessoa não. Vampiro, mais especificamente. O homem de meia idade com cabelos grisalhos estava desacordado após passar por mais um processo de extração de sangue. Sangue usado para tais poções. Sangue de parente de fada.

- Quem ousa me interromper? – ela disse indo abrir a porta.

- Perdão, senhora. – disse o ser que entrou, a olhando atentamente, era um homem alto e magro com olhos castanhos e quase calvo, o líder dos Nosferatu e seu braço direito. – Tenho notícias fresquinhas.

- Se for outra fofoca boba vocês ficarão sem comida. – ela disse e voltou a fazer suas poções. Seu cabelo negro a dava um ar de superioridade e uma beleza surreal, além de seus muitos anos de experiência com vários tipos de vampiros e poções – que usava também para benefício próprio - continha uma inteligência que a deixava sempre um passo à frente dos vampiros que alimentava.

- Ficamos sabendo que humanos descobriram nossa existência. – disse o homem. – A senhora disse que queria saber quando acontecesse.

            Aparentemente ela levou um tempo para processar a informação, pois parou imediatamente o que estava fazendo e ficou imóvel pelo pareceu uma eternidade – mas foram apenas 30 segundos.

- Encontre –os e me leve até eles. – ela disse e observou enquanto o homem saía do cômodo.

            Ela andou até o homem de meia idade que estava preso e começou a rir. Ele acordou parecendo tonto e confuso, quando se deu conta de onde estava começou a lutar contra as algemas, sem sucesso.

- Não se preocupe – ela disse – Logo você não será mais necessário e eu terei todos os parentes de fada que mereço. Me tornarei a pessoa mais poderosa do mundo e todo o mundo vampiro se jogará aos meus pés implorando misericórdia.

- Você não sairá bem dessa. – ele respondeu com a voz fraca.

- Tudo que eu preciso é de um humano que descobriu a existência dos vampiros sem o intuito de buscar as Chaves do Destino para então o obrigar a fazer o que eu quiser. – ela riu – E aparentemente, isso eu acabei de conseguir.

            A mulher virou as costas para seu prisioneiro e saiu do cômodo dando de cara com uma de suas vampiras.

- Aonde pensa que vai? – perguntou.

- Perdão, senhora – a mulher de cabelos claros e magra respondeu. – Estava indo alimentar o prisioneiro, ou ele irá morrer.

- Não me importo com a vida dele. – ela disse – Sua sorte é que estou de bom humor. Faça o que quiser. – com isso, saiu.

            Desde que manipulara os vampiros do clã Nosferatu para trabalhar para ela em troca de um sangue mais saciável e melhor, a Feiticeira se sentia mais poderosa, afinal tinha clã inteiro para ela, mas queria mais, queria todo o poder supremo para si, pois assim controlaria o mundo e todos se curvariam aos seus pés.

            Ainda pequena foi ensinada a se esconder para não se machucar, pois fazia parte de uma rara família de feiticeiros que usam sangue de parentes de fada para fazer magia, ouviu lendas sobre as Chaves do Destino e todos os passos a seguir para encontra –las, o único porém é que apenas um humano pode fazer isso. Um humano que descobriu a existência dos vampiros sem a intenção de iniciar essa busca. Seu momento chegou. Ela partiria em busca desse humano e o obrigaria a fazer o que ela quer, assim ela conseguiria o que sempre quis. Ser a pessoa mais poderosa do mundo.

            O clã Nosferatu não era o mais inteligente, mas era o mais manipulável e fofoqueiro. Boatos se espalhavam com facilidade e entre o mundo vampiro não era diferente, sendo assim foi fácil os domar, tudo que ela precisou foi de uma poção feita com sangue especial – de parente de fada – e mais umas misturas, foi neste momento que ela começou a sequestrar parentes de fada e os manter presos até tirar todo o sangue deles para suas poções e alimentar seus vampiros de estimação.

            Ela sabia que a tarefa não seria nada fácil. Obrigar um humano a trabalhar para ela seria quase impossível, mas ela sabia que conseguiria, custe o que custar.

O mesmo vampiro magro apareceu novamente enquanto a mulher estava penteando seu cabelo.

- Encontramos. – ele disse.

Ela parou o que estava fazendo e riu novamente.

- Me leve até eles. – ela disse.

- Está certa disso, senhora? – ele perguntou – A viagem é longa e pode haver imprevistos e fracassos.

- Eu conseguirei o que levei anos esperando. – ela respondeu com a voz sombria – Irei conseguir nem que seja a última coisa que eu faça ou não me chamo Feiticeira Morgana.

As Chaves do DestinoOnde histórias criam vida. Descubra agora