Fuga

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Cerca de duas semanas depois sendo mantida no castelo, eu já havia aprendido todos caminhos daquele labirinto, inclusive sabia qual era o portão de saída. Estranho ou não, eu havia ficado amiga de Vivian, Jules foi mandado para o Reino Unido devido a tentativa de abuso e eu não voltaria a vê-lo tão cedo, espero que nunca mais.

Andrew visitava meus sonhos de vez em quando, mas não dizia nada, ficava me observando, sequer aparecia, mas eu sabia que ele estava lá, eu o sentia perto, mas não tinha coragem de o enfrentar, eu não queria o enfrentar, não tinha forças para isso. Ele estava me esperando.

Porém, depois de duas semanas, sonhei que estava no meu quarto, sozinha, admirando o teto, quando de repente um avião de papel entrou pela janela, batendo perto da escrivaninha. Peguei o papel e olhei pela janela.

Ninguém.

O abri.

"É hoje. Se prepare. Use botas de salto baixo".

Uma letra que já vi em certos momentos no laboratório do meu pai.

Era a letra de Andrew. Mas o que aquilo significava?

Não o havia sentido como as outras vezes e por mais que evitasse vê-lo, eu já estava mais ciente que em algum momento precisava ouvir o que ele tinha a dizer. Se iria me enganar ou finalmente dizer a verdade.

Levantei e segui minha rotina normalmente, a mudança de horário dos vampiros havia desregulado meu sono. Passava o dia inteiro dormindo e durante a noite acompanhava a rainha em cada canto que ela ia. Nesses momentos eu me sentia um fantasma completamente invisível, ninguém parecia me ver. Exceto Andrew, que dificilmente tirava os olhos de mim.

Eu não fazia ideia do que pensar.

Tomei um banho e mesmo sem entender aquele bilhete, segui sua orientação e coloquei as botas de salto baixo e segui para a sala do trono, sempre acompanhada por um homem de preto.

Eles evitavam que eu conseguisse fugir.

O dia – ou melhor, noite – seguiu normalmente, com apenas um fato inusitado: não havia visto Andrew em nenhum momento.

Aquilo de certa forma era estranho, pois ele sempre dava um jeito de estar por perto, mesmo que eu não quisesse falar com ele.

Faltava apenas alguns minutos para o sol nascer quando percebi uma movimentação estranha do lado de fora da minha janela. Estava pronta para colocar um pijama e ignorar todos os futuros bilhetes que pudessem aparecer nos meus sonhos quando ouvi um rugido.

Rapidamente corri até a janela e imaginei que já estava dormindo sem perceber, o que meus olhos viram parecia digno de um filme. Eu estava sonhando, certeza.

Um grupo de mais ou menos 7 homens-lobos estavam atacando os homens de preto, tentando passar. Os pêlos cinza e branco de Derek se destacavam em meio a outros mais escuros.

Ele estava lá para me salvar.

Os vampiros não podiam sair na luz do sol, por isso esperaram a noite inteira antes de atacar. O bilhete de Andrew havia me alertado.

Andrew sabia.

Mas como?

Corri para a porta do quarto, buscando encontrar a saída, mas tudo que achei foi um vampiro bloqueando a passagem. Ele percebeu que eu queria fugir e provavelmente sabia do que acontecia lá em baixo e tinha ordens de não me deixar sozinha.

Tinha ordens para me matar.

- Você não vai a lugar algum, humana. – ele disse, me empurrando para dentro do quarto.

As Chaves do DestinoOnde histórias criam vida. Descubra agora