Capítulo 2

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"Você sabe... um coração
pode ser partido,
mas continua batendo,
do mesmo jeito."

Tomates Verdes Fritos - Fannie Flagg

Não sei que horas o sono me tomou, mas no céu já despontava os primeiros raios de claridade em meio a escuridão noturna

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Não sei que horas o sono me tomou, mas no céu já despontava os primeiros raios de claridade em meio a escuridão noturna. Acordo com o som da risada de mamadi no primeiro andar, provavelmente de suas conversas matinais antes de meu baldi sair para o trabalho. Ainda de pijama me arrasto para tomar o chai e começar meu dia.

Comemos o pani puri que sobrou da janta, Kabir e baldi falando sobre uma reunião importante, marcada de última hora em outra cidade, com uma empresa americana, enquanto mamadi apenas escuta. Ela não tem autorização para se intrometer publicamente nos assuntos de negócios da empresa, mas já ouvi, incontáveis vezes, baldi pedindo sua opinião sobre um negócio a ser fechado, ou até mesmo sobre o designer de uma joia, quando estavam sozinhos. Ela é uma mulher forte, com opinião, e deu sorte de se casar com um homem que respeita isso.

ㅡ Que horas irá visitar Saniya, Kali? ㅡ sua voz me puxa de volta para a realidade.

ㅡ Após o almoço, mami. ㅡ sorrio sem mostrar os dentes.

ㅡ Ótimo, então vá estudar enquanto preparamos o almoço.

Chukriá. ㅡ agradeço por ser liberada da tarefa de ajudar na cozinha e saio da mesa.

Temos duas funcionárias na casa, mas mamadi faz questão de ajudar todos os dias no preparo de nosso alimento. Ela diz que uma casa deve ter o tempero de uma mãe, não de empregados.

Sento-me no chão da sala com meus livros e cadernos, e ligo o notebook. Sinto Kabir se acomodando no sofá, atrás de mim, enquanto espera baldi ir trocar suas roupas por um terno.

ㅡ Você está estranha. ㅡ sua voz é baixa, mas consigo ouvir perfeitamente o tom de preocupação nela.

Nahin, estou bem. ㅡ não me viro ao responder.

Meu primo se ajoelha ao meu lado e fecha o notebook com força.

ㅡ O que está acontecendo, Kali? Eu te conheço desde que deu seu primeiro choro em vida, não venha me dizer que não existem sombras te atormentando por trás desses seus olhos tristonhos. ㅡ sua voz ríspida deixa-me a beira do choro.

ㅡ Eu não posso contar agora. ㅡ sussurro com dificuldade.

ㅡ Hoje eu viajo para Nova Déli, junto com baldi, meu retorno é em dois dias. ㅡ ele abranda o tom ㅡ Espero que já possa me contar então.

Tik.

Atcha. Até mais. ㅡ diz beijando minha testa.

Assim que ele passa pela porta eu corro para o quarto e deixo as barreiras emocionais se destroçarem dentro de mim. Eu preciso contar a toda a minha família, mas não sei como. Como dizer as pessoas que te deram tudo, a vida inteira, que você as desonrou? Que deixou os prazeres carnais falarem mais alto que seu espírito?

Nosso Último Verão Onde histórias criam vida. Descubra agora