Capítulo 16 - Família real e família do coração

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"- Vá salvar sua neta".

As palavras de Meredith ainda ecoavam na cabeça de todos que estavam ali, principalmente na do rei, que a olhava estático, sem reação.

- Vá....salve a Zola, volte e nós vamos conversar - disse Meredith firme, olhando nos olhos do rei.

Ali ninguém mais estava preocupado com protocolos ou pronomes de tratamento. Meredith tinha o direito de se dirigir ao rei como bem entendesse. Por mais que ela soubesse que, independente de qualquer coisa, ele era a autoridade ali, Meredith estava com a alma despedaçada e com as emoções em frangalhos. Não havia espaço para formalidades.

Conduzido por Andrew, o rei saiu em direção à sala de procedimentos onde ficou durante algum tempo.

Com as forças ao limite, Meredith sentou-se e colocou a mão no rosto.

- Meredith...você não podia, não podia... - era Lexie balbuciando chorosa.

- Eu não ia deixar Zola morrer...não há segredo que valha a vida dela, Lexie - disse Meredith ainda com a mão no rosto.

- Eu sei...eu sei...mas é que...isso ainda vai trazer tanto sofrimento... - disse Lexie chorando de cabeça baixa.

- Nós já sofremos demais, Lexie. Duvido que vá trazer algo que não conseguiremos suportar. Além do mais...se o rei for um homem honrado, ele vai assumir toda a história.

Lexie abraçou a irmã. Irmã sim, não havia sangue real que pudesse dizer o contrário e alterar o que as duas sentiam uma pela outra. Elas eram irmãs sim, de coração, de alma...elas sempre fariam tudo uma pela outra. Há almas que se conectam por afinidade, por amor. E elas sabiam que era isso que as ligariam para todo e sempre.

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Algum tempo depois, o rei voltou, acompanhado de Andrew, que não dera nenhuma palavra ainda. Atônito ainda pela fala de Meredith, o rei sentou-se perto dela, de cabeça baixa. O silêncio se instalou na sala, ninguém parecia ter coragem de dizer algo.

Quebrando o silêncio, o rei disse:

- Eles vão fazer a transfusão do sangue nela agora.

- Deus...salve minha menina, por favor... - rezava Lexie fechando os olhos, com um pequeno terço nas mãos.

Sentindo-se na obrigação de falar algo, Meredith levantou-se resignada:

- Eu sei que devo explicações a você e ao Andrew, Majestade. Mas eu acredito que você mesmo deve saber boa parte da história. 

Meredith tirou um papel do bolso do vestido e o estendeu ao rei. 

O rei ergueu a cabeça olhando para Meredith, leu o papel e fechou os olhos, trêmulo. Sim, ele sabia parte da história. Ele só não acreditava ainda que tudo aquilo estava voltando, depois de anos...

Raspando a garganta, o rei começou, focando principalmente em Andrew, que o olhava atônito, pois seu filho não sabia de nada:

- Há alguns anos, quando você ainda era um pequeno garoto e Carina ainda não havia nascido, eu e sua mãe tivemos uma época difícil. Eu viajava muito, ficava fora por muito tempo e, por mais que ela entendesse minhas obrigações reais, ela achava que havia um exagero. E ela estava certa...eu viajava para sair da sensação de sufoco e de pressão...lidar com os conselheiros reais nunca foi tarefa fácil, eu me sentia encurralado e isso estava afetando meu casamento...então eu buscava fugas e eu passava cada vez menos tempo com vocês. Naquela época, sua mãe já apresentava sinais da doença cardíaca que ela tinha..ela passava mal, às vezes, e isso me preocupava. Nós estávamos discutindo muito, eu estava sem paciência com ela, com você, com tudo...

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