Capítulo 6

913 68 49
                                    


O círculo estava em polvorosa. O fato de Draco ter feito a limpa em boa parte do dinheiro dos cofres das familias só não era mais odiado do que Hermione ter ganhado a primeira prova.

Narcisa já tinha escutado tudo quanto é tipo de reclamação sobre si e foi obrigada a soltar uma nota - nem tão simpática - mandando que se conformassem. Ela já havia perquerido ao marido sobre quais eram as intenções do filho trazendo sobre si tanta luz, mas, ele apenas disse que era um jogo solo do garoto e que não se intrometeria desde que não trouxesse problemas ao sobrenome da família.

Ela também tentou pescar algo com o filho, mas, ele foi tão evasivo quanto com todos os outros. Ele não lhe daria informações mais detalhadas, então se viu obrigada a observá-lo mais de perto e a supor suas verdadeiras intenções. Ser mãe de Draco Malfoy, em relação a seus segredos, não significava nada.

Não era lógico, não tinha nada de especial na sangue-ruim que o fizesse considerar ajudá-la. Também era irregular seu súbito interesse em estar em todas as festividades, tão receptivo a conversar com os membros do círculo. Mais ainda com aqueles que tinham traído a ordem diretamente.

Narcisa sabia que ele estava perscrutando algo. Que estava aproveitando seu tempo da melhor maneira possivel até que pudesse ter contato com Granger sem levantar suspeitas. Ela havia visto a troca de olhares entre os dois enquanto ela estava sendo levada de volta a sua cela.

Ela havia visto seu filho levantar aflito e se afastar quando o tempo estava findando. Ela vislumbrou o modo como ele encarava a garota na noite em que Cedric Diggory foi trazido ao salão oval e depois tendo que acompanhar todas as horas de tortura. Vislumbrou pena – misericórdia até - em seus olhos no primeiro dia de festa.

Existia um plano perigoso na cabeça dele e que estava atingindo mais do que sua racionalidade, embora, ele ainda não tivesse se dado conta, pelo menos é o que ela, como mãe, conseguia discernir já que os sentimentos de Draco estavam mais exteriorizados do que em todos esses anos de servidão - e ele já fora obrigado a acompanhar a execução de diversos companheiros por puro capricho do Lorde – apenas esperava que ele fosse capaz de enxergar o mesmo logo e voltar a impassibilidade antes que fosse tarde. Antes de mais alguém que não fosse tão sutil quanto ela também reparasse que ele estava se deixando levar por alguma humanidade.

O mestre havia demorado mais do que alguns dias para trazer de volta a prisioneira a presença de todos, em contrapartida, havia solicitado a presença de Lucius e Snape todos os dias, e, ela sabia que era para jogar com as paranoias do marido com o fim de que ele abrisse a boca.

Como não sabia de nada, não foi efetivo.

Soube que seria essa noite, pois novamente foi convocada a preparar as vestes para a ocasião. Resolveu jogar com a cartela de cores e escolheu cinza. Nada mais em ouro e sim em prata. Inovou colocando uma tiara geometrica que fariam que os cabelos castanhos da meio-sangue se destacassem.

No salão oval, observou o porte que a garota havia adquirido. Na primeira noite era um objeto, com todo o preto e rosa, praticamente o céu noturno. Na segunda, uma princesa pura e injustiçada que se assemelhava a uma estrela. E hoje, era a propria lua. Fria e imponente, como se em menos de um mês houvesse passado por um curso intensivo de etiqueta e se habituado aquela atmosfera.

- Sua pequena vitória lhe fez bem, srta. Granger.

Ela ergueu o queixo, orgulhosa.

- Nem sabe o quanto, Lorde.

Desta vez havia escolhido palavras mais educadas, ao menos.

- Uma pena que tenha feito metade de Gringotes pertencer ao cofre particular de meu herdeiro. Meus comensais serão obrigados a apostar em você se quiserem recuperar algum investimento. - Ela olhou Draco. Gelo puro. - Espero que tenha conseguido descansar para sua próxima prova.

O Ciclo - DramioneOnde histórias criam vida. Descubra agora