Capítulo 17

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Beijá-la havia sido o maior erro que ele cometera em sua vida.

Não só por estarem com muitos olhos curiosos ao redor, mas por saber que com aquilo havia cedido ao que sempre teve dificuldade em conter. Sua vontade de descobrir Hermione Granger e o que ela escondia por trás de toda sua personalidade. Um passo adiante para o precipício que eram seus sentimentos por ela.

Fora mais um instinto por ela ter finalmente se subordinado a todos seus argumentos, quando ele mesmo já achava que era perda de tempo. Um desejo repentino, por vê-la assumir a posição que ele ansiosamente esperava que ela assumisse desde que haviam feito aquele acordo. Ao lado dele e com ele até o fim.

Estava fora de cogitação naquele momento que depois de tantos dias em silêncio absoluto e em total rendição a sua derrota que ela se reavivasse tão intensamente e exuberante perante ele. Que ela lhe aceitasse e passasse por cima de todo seu orgulho, que agora conhecia tão bem os meandros e que estava ferido. Rasgado por comensais que como cães atacaram sua mente.

Ele tivera muito trabalho em esconder ao longo dos anos que sempre sentira atração por ela na mesma proporção do ódio. Sempre sentira a necessidade de vê-la ruir em decisões ruins do mesmo modo que gostaria de vê-la debaixo de si e gemendo seu nome. Ele sempre a quisera: morta ou viva, e agora que estava aprendendo a conviver com a vivacidade dela tinha medo de nunca mais odiá-la ao ponto de conseguir matá-la.

Sempre houvera o fogo do ódio entre os dois, um fogo verde-sonserino, que se alimentava do orgulho, da humilhação e do desprezo, porém, como ele viveria com o novo fogo que surgia entre eles? Tão vermelho quanto grifinório, já que agora tinham a cumplicidade, confiança e até lealdade para mantê-lo?

Contudo, não teve tempo de ponderar as consequências de seu ato ou colocar seus sentimentos no lugar, vez que os acontecimentos tomaram rumos imprevisíveis com a visita de uma convidada não esperada: Nagini, da Albânia.

Primeiro porque a mulher era sinônimo de quedas. Segundo que ela, dessa vez, especialmente parecia compelida a fazer com que ele chegasse à ruína. Muito poder, muita influência e muita sagacidade em uma só pessoa era lidar com inimigo a altura, a diferença era que a mulher tinha os bons olhos do Mestre sobre si.

Obviamente que a predileção não incomodava só a Draco, muitos outros comensais apreciariam ver o corpo dela exposto em algum lugar de destaque nos limites do Império, mas como tudo em seu mundo era velado, assim como ele, mantinham toda a compostura diante da mulher.

Draco sabia que era arriscado tratar com indiferença as visitas dela ao Império, principalmente dada a proximidade desta com seu pai e o quanto ele era manipulável por ela, entretanto, embora não fosse de seu interesse foi obrigado a chamar atenção sobre si quando não compareceu para recebe-la já que estava ocupado demais checando as novas informações que Hermione havia lhe dado na noite anterior.

Notícias sobre Arthur, Minerva e ela como mentores e cabeças da Ordem. Como haviam chegado ao consenso de como fariam para nunca terem sobre si todas as responsabilidades e porque Harry não era apto para ocupar alguma dessas posições, pois era inconstante.

Claro que ela havia abdicado de toda sua resistência e receio para dar-lhe aquelas informações que poderiam fazer com que toda ordem caísse. Ele havia visto como ela demorara para juntar as partes, porém também viu que ela preferia se algum mal ocorresse que fosse ele, do que alguém de dentro. Seria mais honroso, embora ela não tenha usado essas palavras em nenhum momento

Com tudo que tinha e que havia certificado, poderia entregar a Voldemort a cabeça de Potter se desejasse.

Não o faria, embora pudesse utilizar se sua língua não estivesse muito bem presa dentro da boca, quando a voz estridente da mulher solicitou uma punição por não a ter recepcionado.

O Ciclo - DramioneOnde histórias criam vida. Descubra agora