O Ciclo - Dramione

Capítulo 11

No dia seguinte, Hermione se vestiu com as roupas que lhe foram destinadas. Não entendia o prazer que o ofídico sentia em vê-la naquelas vestimentas nobres, em tons neutros e coberta por joias. Talvez, a contradição o instigasse.

Hoje ela trajava lilás, um vestido nem tão ousado quanto primeiro nem tão pudico quanto o segundo. Também tinha um salto com tiras finas em seus pés. Seus cabelos estavam em cascata e seus lábios pintados delicadamente.

Nenhuma daquelas opções seria dela.

Poderia estar bela, mas não era ela.

Os comensais já estavam prontos para escolta-la e a passos lentos, ela chegou até o salão.

Lá estavam Voldemort, Belatrix e Draco em suas posições. Os demais do círculo observavam sua chegada ansiosos para captar suas reações quando a tortura de Neville começasse.

O herdeiro do império se aproximou para afrouxar as cordas que lhe prendiam os pulsos. Seu olhar era fixo, sem emoções. Se não estivessem próximos o bastante, talvez ela nunca repararia que palavras saíssem da boca dele.

"Ainda nessa madrugada".

Ela sabia ao que ele se referia. Mas por um momento, seu olhar decaiu. Estaria o amigo vivo quando tudo aquilo acabasse? E se colocassem veritassum e ele revelasse o que não poderia? Sabia que Draco era inteligente para não vincular seu nome, porém, ainda assim fraquejou. Neville tinha conhecimento sobre alguns planos da Ordem, embora não todos. E se contasse sobre Harry? Os Weasleys?

Também existiam mais pessoas que tinham tentado resgata-la e ela não havia se dignado a se importar com eles. Pessoas que tinham arriscado a vida por ela.

Sentiu Draco erguer seu rosto e foi obrigada a encarar seu azul. O mesmo de quando, pela primeira vez, ela viu algum vislumbre de sinceridade neles. Havia uma ordem para que ela se mantivesse firme. Mentalmente, ele devia estar a insultando de fraca e praguejando o momento em que firmaram um pacto.

Ela suspirou e assentiu brevemente quando ele, com uma delicadeza lapidada por todos os bons modos que uma família tradicional já parecia trazer no DNA, a encaminhou até sua posição. Você só tem a mim. E infelizmente, por tudo o que havia pensado e repensado nas últimas horas, era dele que tinha tido o mais próximo de complacência.

Assim que tudo começou, Hermione iniciou uma contagem para que tudo acabasse. Eram além de Neville, três homens e duas mulheres que estavam sendo submetidos a todos os procedimentos cruéis de Voldemort, que em dado momento, já transcendiam a busca de informações para se transformar em um espetáculo de barbárie.

Várias foram as situações que Hermione trincou os dentes. Apesar de já ter tido uma experiencia com os rebeldes que estavam com Cedric, não ficou mais fácil observar todo aquele sangue. Pelo contrário, se sentia enjoada. Seu cérebro vacilava e ela acreditava ter se levantado, corrido porta a fora, mas logo, voltava a si e estava novamente petrificada em sua cadeira.

No meio de algum de seus devaneios, seu olhar foi até Belatrix que se divertia com todo espancamento aos rebeldes. Sem as respostas de Neville, ela foi a primeira a se candidatar a chicoteá-lo, o que, com um prazer doentio fez 50 vezes. Depois, se focou no Lorde. Ele não tinha uma expressão definida, mas isso era uma característica que seu rosto deformado apresentava. Hermione julgava que não houvesse sequer um sentimento nele enquanto assistia toda aquela violência. Nem apreciação, nem pudor, uma indiferença psicopata, que fazia com que todos o temessem. O mais perto de qualquer emoção que não ambição era o ódio por Harry, que mais cedo ou mais tarde o destruiria.

Vislumbrou por último, Draco. Impassibilidade era diverso de indiferença psicopata, percebeu comparando Malfoy a Voldemort. Enquanto o primeiro, tinha domínio para não deixar que nenhuma emoção lhe escapasse por uma brecha na expressão, o segundo, não tinha essa preocupação já que os sentimentos eram inexistentes.