Capítulo Um

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Atualmente

AJA


ÀS VEZES FICO ME PERGUNTANDO como a vida de alguém pode mudar totalmente do dia pra noite? Na verdade, como o mundo podia se transformar em um completo caos em poucas horas e, assim, virar tudo de cabeça para baixo? Como uma montanha-russa em que traz consigo uma avalanche de problemas exorbitantes.

A vida de alguns já era bem injusta e depois só piorou quando uma Rebelião se instalou, não só em uma nação, mas em todos os Quatro Reinos. Guarda Natural, como é chamada. Comandada por pessoas que antes ninguém nunca ouvira falar, contudo, hoje em dia tem uma influência muito grande na sociedade em que vivemos. Famosos por serem procurados pelo Reis e nunca encontrarem um vestígio sequer de qualquer membro que seja. O mais engraçado é que eles estão por todos os lugares, ganhando aliados dia após dia. Não sabia ao certo se era uma falha dos que estavam no poder ou se simplesmente a Guarda Natural é muito boa no que faz. Bom, as duas opções ainda estavam em um grande conflito em minha cabeça.

Desde o momento em que a Guarda Natural passou a ter voz e ganhar aliados fiéis a sua causa de tirar o Reis tiranos do poder, os Reis se aliaram, passando a fazer um verdadeiro inferno na Terra. Com medo das crianças, da tão proclamada Nova Geração pudessem se juntar aos rebeldes que distribuíam o caos pelo mundo, resolveram criar uma Prisão para realocá-los e, assim, ter sob controle os jovens que em suas veias correm poderes natos.

Mas algo me dizia que a razão da famosa Prisão Elementarius ter sido criada não foi somente pelos Reis acharem que a Nova Geração poderia continuar a dar forças aos seus inimigos.

Os Três Reinos foram bem espertos quando resolveram criá-la, tem anúncios por todos os lados mostrando o quão são felizes lá dentro e incitando os pais a entregarem os seus filhos por vontade própria, sem relutâncias ou motivos para duvidarem do quanto são bem tratados lá dentro, vivendo sob supervisão 24h por dia, com deveres a serem feitos e atividades para entregar. Podia até ser o melhor lugar do mundo para se ir, mas nada me tira da cabeça que ainda assim é uma prisão. Uma prisão que é considerada altamente vigiada, onde ninguém, jamais, havia escapado de lá dentro ou que ao menos tentassem.

Respiro fundo, passando a mão no rosto e trazendo o mapa que mantinha desde o dia em que parti, aberto em meu colo.

Fugi de casa quando descobri que pessoas haviam feito a cabeça da minha mãe para me colocar na Prisão Elementarius, ainda não entendia o porquê dela ter concordado com isso, sabendo que eu nunca iria. Desejaria a morte se fosse a única alternativa.

No momento em que cogitei minhas opções, fui embora, reunindo todo o dinheiro que tinha, algumas mudas de roupas e comidas práticas dentro de uma grande mochila. Bom, pelo menos deixei uma carta expressando o tamanho da minha indignação por ela ter feito isso com a própria filha, com a sua única família.

Bufei.

Ok, nossa relação nunca foi muito boa, mas isso não justifica o fato dela querer me prender pelo resto da minha vida em um lugar no qual não teria o mínimo de privacidade ou, pior ainda, liberdade.

Como ela pôde?

Pesquisei antes de sair de casa algum local seguro, em que eu tinha a certeza de que nunca me achariam. Viveria sozinha, trabalharia e sobreviveria com tudo que havia direito.

Para a minha sorte, estava perto. Em algumas semanas já estaria alojada em uma região longe das cidades, mas que daria para ir até ela, andando. Estava animada, por mais que isso significasse jogar tudo o que havia vivido no lixo. Teria que recomeçar do zero pelo meu próprio bem.

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