Capítulo Dez

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O barulho estridente de uma sirene soou no meio da noite e eu resmunguei, tampando os ouvidos com o travesseiro e rolando para o outro lado, enquanto me cobria até o topo da cabeça com o edredom.

A porta foi aberta segundos depois, mas não a ouvi se fechando, logo Bryn pulou em cima da minha cama, me sacudindo como um saco de batatas.

- O que foi? - minha voz saiu abafada, ainda de olhos fechados.

- Se levanta, agora! Veste algo. Rápido!

Ela tirou as cobertas de cima de mim, jogando-as no chão e só aí me atrevi a abrir um dos meus olhos, por notar o seu tom urgente e ofegante.

- O que está acontecendo?

Olhei ao redor, coçando os olhos, notando que o quarto estava em uma coloração vermelha e não inteiramente um breu.

- Se vista logo, Aja! - Ela me apressou, jogando o macacão na minha direção.

Em instantes, eu estava vestida, somente com uma manga do macacão enfiada em meu braço e a blusa branca inteiramente para fora. Diria desajeitada? Bom, isso era um mero eufemismo para descrever como minha aparência se encontrava agora.

De pé ao seu lado, desisti de amarrar os cadarços, por tamanha pressão que a garota me colocava, para ir mais rápido.

Que raios! Eu estava sendo rápida! Nunca vesti uma roupa em menos de cinco segundos!

Por mais que o som estivesse rolando pelos corredores e o quarto em um tom vermelho escarlate, olhei pela janela e podia perceber nitidamente que lá fora ainda se encontrava completamente escuro, apenas iluminado pela lua e as estrelas no céu.

Que horas seriam? Duas? Três da manhã?

Bryn saiu pela porta e eu a segui, parando ao seu lado, em frente ao nosso quarto. Ela estava tensa e rígida, como se estivesse esperando a morte chegar a qualquer momento.

Outras garotas faziam o mesmo, algumas vestidas apenas com a blusa branca e descalças, outras com seus macacões do avesso, mas todas de pé em frente a seus respectivos quartos, de cabeça erguida, mas com olhos amedrontados e uma expressão séria em seus rostos sonolentos e amassados.

- O que está acontecendo? - perguntei de novo, entre sussurros.

- Quebra do protocolo...

Ela me respondeu em um fio de voz, ao mesmo tempo que o alarme parou de soar e as luzes brancas deram lugar em vez das vermelhas, deixando o corredor bem perceptível e o som de passos se aproximando gradativamente, ecoava por todo o perímetro de onde estávamos.

Quebra de protocolo?

Todas as garotas que estavam cochichando baixinho se calaram em uníssono, e podia jurar que até pararam de respirar quando a figura do Coronel apareceu no alto do corredor com o seu impecável traje militar e ao seu lado Amberly, apenas vestida com um roupão de seda rosa, que protegia o seu flanco.

Pelo visto não fomos as únicas que despertamos às pressas.

Engoli o seco, entendendo que realmente a morte para alguém, hoje, havia chegado e em grande estilo.

Por que eles estavam aqui? O que seria essa quebra de protocolo?

Minha cabeça tentava encaixar as peças do quebra-cabeça, mas ainda faltavam muitas delas para que tudo fizesse sentido para mim.

O Coronel pigarreou e todas bateram continência, levando dois dedos a sua testa, sincronizadas. Mordi o lábio inferior, mas tratei de fazer o mesmo, deixando que os músculos ficassem rígidos quando ele deu passos para frente, se aproximando de onde eu estava.

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