Capítulo Quatro

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Minha cabeça formigava, parecia uma TV prestes a explodir em mil pedaços. Antes de abrir os olhos sentia estar deitada em uma superfície gélida e oca, mas minha cabeça tinha algo confortável como um travesseiro.

Massageei as minhas têmporas, mesmo que sentisse minhas mãos mais pesadas do que deveriam estar e soltei um gemido, me sentindo fraca.
Meu corpo inteiro ainda reagia de maneira lenta, totalmente dormente.

Minha garganta estava seca como se tivesse passado a noite gritando, mas ficaria bem. Morrer desidratada não era uma opção para mim. Nunca foi.

Seja lá onde estava, se movia. Uma espécie de veículo que ainda não notei de qual se tratava.

As lembranças recentes me engoliram, como uma onda se desfazendo quando se chocava contra alguma rocha gigante. Soltei um outro gemido baixinho, ficando a par de tudo antes de ser apagada como um animal, com aqueles dardos idiotas.

Ouço um barulho de uma porta se abrindo e logo passos ecoaram pelo ambiente fechado.

- Vejo que acordou.

Grunhi ao ouvir seu tom de voz, podia até imaginar o sorriso quadrado que esboçava em seu rosto.

Desejei cuspir em sua cara, para demonstrar o quão irritada estava, mas não era o momento certo. Mais tarde. Guardaria forças para mais tarde.

- Pode abrir os olhos, por favor? - sua voz estava mais perto, como se estivesse sentado ao meu lado.

Quase soltei uma gargalhada com sua aproximação. Ele acha que está seguro ao meu lado? Que idiota.

De olhos abertos, encarei o teto enquanto minha visão tentava focar em alguma coisa. Por um momento pensei que ainda estivessem fechados, mas percebi que o problema era que realmente estava escuro, contudo dava para enxergar, na medida do possível.

Então, um nome veio em minha mente como um choque de realidade.

Arregalei os olhos no mesmo instante e tentei me levantar, mas ao que parece meu corpo cedeu antes mesmo de que eu conseguisse.

- Miles...

Minha voz saiu como nada menos que um sussurro dolorido.

- Calma. Vou ajudar você a se sentar - quando sinto o seu toque, me esquivo e o encaro, esperando que ele sentisse que se cometesse qualquer deslize, eu iria atacá-lo.

- Não. Toque. Em. Mim. - sibilei e ele leva suas mãos para o alto da cabeça, concordando levemente.

Depois de muito esforço, encostei as
costas na superfície metálica e ergui os olhos para fitar o garoto ao meu lado. Ele era o único capaz de me dar alguma resposta, me manteria quieta para obter o que queria. Por enquanto.

- Onde ele está? O que fizeram com ele? - perguntei, tentando manter a calma enquanto meu corpo se abastecia da raiva pelo modo em que o vi desesperado da última vez, nos braços de um desconhecido.

Roucker trajava roupas pretas com um emblema esquisito estampado em seu ombro direito e manteve uma curta distância entre nós, quando fez menção de se aproximar neguei com a cabeça e ele soltou um suspiro frustrado.

- Ele está bem - respondeu.

- Não acredito em você. Preciso vê-lo - digo, sentindo minhas unhas entrarem em contato com minha pele para bloquear a vontade que tinha de esganá-lo.

Ele assentiu brevemente, me encarando como se eu fosse uma criança perdida e bom... ele não estava errado totalmente.

- Prometo que depois você irá vê-lo, mas agora não - disse calmamente e eu levantei a mão para lhe dar um tapa, mas ela não chegou até ele, parando a centímetros de seu rosto.

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