Capítulo Vinte e Sete

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Acordei ao ouvir o som de vozes estridentes ecoar pelo local. Murmurei algo para que calassem a maldita boca, me revirando entre os lençóis ao me cobrir até a cabeça e tampar os ouvidos com o travesseiro.

O som parou por alguns segundos, mas logo retornou. Mais alto que antes. Bufei, irritada. Ninguém merece isso, ainda mais após a noite anterior ter sido tão...

Tentei me mover novamente, mas algo me puxou para mais perto, o que jogou uma onda de curiosidade sobre mim como um balde de água fria.

Me atrevi a abrir os olhos ao sentir um leve roçar de algo entre as minhas pernas. No segundo seguinte estava mais que desperta.

A minha cabeça chiava como uma televisão velha e uma dor aguda se fez presente no centro de minha testa, a qual logo ameaçava a me pôr para dormir de novo. Pior que um soco no estômago era aquela sensação de pesar 100Kg a mais da noite pro dia. Me sentia tão, tão cansada que era como se uma multidão tivesse passado por cima de mim diversas vezes.

Quando minha visão focou, tirei as cobertas que me aqueciam, mas não tanto quanto um peitoral exposto em minhas costas, que irradiava mais calor que o próprio sol.

Reprimo um grunhido ao me deparar com uma cena um tanto quanto inusitada:

Braços ao redor do meu corpo. Lábios em meu pescoço. Quadris contra quadris. Mãos fortes explorando o desconhecido por debaixo de minha blusa. Dedos impertinentes que se acomodavam preguiçosamente no limiar de minha calcinha.

Arregalei os olhos, prendendo a respiração.

Santo Livro, que não seja o que estou pensando - que não seja quem eu espero que seja.

Olhei para baixo. Vestidos. Estávamos vestidos. Aquilo era um bom sinal, mas ainda assim... Porra, eu tava na cama dele. Com ele, uma voz sussurrava.

E eu não precisava ver o seu rosto escondido no mar de meus cabelos para ter a certeza exata de quem se tratava.

Engulo o seco.

Merda merda merda merda merda.

Peguei no braço de Jasper, para tentar sair sem chamar muita atenção. O barulho fora do quarto ainda estava rolando pelo corredor. Não sabia o que tinha acontecido, mas precisava sair daqui antes que ele acordasse.

Toco a sua mão, que estava posicionada de uma forma territorial em uma região bem íntima e o vejo se remexer em minhas costas. Prestes a acordar.

Não tive tempo de raciocinar direito, uma dor lancinante se alastrava pela extensão de minha cabeça aos poucos e não me deixava pensar com clareza, só evidenciava o alarme que soava pela minha mente em tons gritantes: precisava sair imediatamente dali.

Não saberia como iniciar uma conversar caso ele acordasse e...

Não não não não.

Respirei fundo uma vez e em um ato rápido, tirei o seu braço de cima de mim e me lancei para fora daquela cama enorme, caindo como um gato. Sem fazer barulho algum.

Fiquei de pé, encarando o seu rosto, que parecia estar em um sono profundo e eu permiti que as lembranças da noite anterior lavassem a minha memória nebulosa.

- E o que você fará, Aja?

Ele havia perguntado com uma voz tão sedutora que me derreteria ali mesmo se assim fosse a sua vontade.

- Irei devorá-lo.

E aquela havia sido a minha resposta e talvez explicasse um pouco do motivo de eu acordar aqui... ao seu lado. Quase nua.

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