Capítulo Vinte e Quatro

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Abri a porta do quarto, me sentindo totalmente revigorada, após uma boa ducha de água gelada.

E enquanto vestia as minhas roupas, refletia o quanto achava tudo ainda muito estranho, nem eu mesma acreditava que havia voltado e muitas outras pessoas também não. Todos me encaravam como se fosse um milagre que eu ainda estivesse naquele lugar. Não entendia muito bem o porquê disso, mas também não questionei, contava que depois de alguns dias eles voltariam ao normal.

O quarto estava vazio, a cama de Bryn se encontrava arrumada, onde ela normalmente estaria esparramada. Na verdade, as duas estavam em seu perfeito estado, a não ser por um pequeno caderninho que se encontrava exatamente no centro de meu travesseiro.

Arregalei os olhos, lembrando-me dele instantaneamente.

Deixei os coturnos de lado, indo em direção aquela miniatura de caderno.

Eu o peguei em minhas mãos, concluindo que, de fato, era o bloco de notas o qual usei no dia em que espionei o prédio dos adolescentes, junto com Roucker.

- Você me paga, Roucker... - sussurro para mim mesma, aliviada por ninguém ter o visto antes.

Abri aquele pequeno bloco de notas e dele caiu uma folhinha no chão. Me agachei. Era um bilhete dele.

"Durante o tempo em que você estava fora, investiguei por conta própria o máximo que pude e tudo que descobri coloquei aqui, com informações detalhadas. Se aproveite de todas elas. Use-as com sabedoria.

Roucker."

Nada mais que isso. Um recado feito às pressas, percebo.

Dei uma rápida folheada nas páginas e notei que realmente haviam muitas novas informações para serem digeridas. Parei em uma folha em que havia um desenho, o qual retratava exatamente o prédio dos adolescentes em quatro dimensões, parecia até que poderia sair daquela folha, o que me fez pensar que a minha tentativa de desenhá-lo não se passou de lixo em comparação àquilo.

Passei os dedos sobre a folha, sentindo os pequenos relevos fortes sobre os meus dedos, onde ele havia pincelado cada parte daquele papel, antes em branco.

- Babaca exibido...

Eu ainda estava encarando o desenho, como se ele pudesse falar comigo. Melhor, como se ele tivesse escondendo muito mais coisas por debaixo de seus traços fortes e precisos. Roucker teria o desenhado somente para se gabar de suas incríveis habilidades artísticas? Ou ele queria me dizer algo através dele?

Fui tirada de meus pensamentos profundos por uma porta batendo forte contra a parede. Joguei o bloco de notas pra debaixo da cama de qualquer jeito e me levantei a tempo de ver um Benjamin pulante e Jackson com um sorriso largo no rosto.

- Sentimos a sua falta! - disseram em uníssono, como duas crianças que acabaram de agradecer por receber o seu doce favorito.

Benjamin, em especial, batia palmas e pulava em seu canto, parecia se conter o máximo possível para não pular em meu pescoço, aparentando ser um carro de corrida que esperava ansiosamente o apito soar para correr desenfreadamente pelo perímetro.

Eu ri de nervoso, pensando se eles não teriam visto o meu ato brusco de tentar esconder o pequeno caderno.

- Vem aqui... - abri os braços, o sinal verde que ele precisava.

Benjamin cheirava a nozes de inverno e sabonete quando o seu corpo veio de encontro ao meu, inquieto. Totalmente inquieto. E estranho o bastante para que eu ficasse um pouco preocupada.

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