Roucker estava ao meu lado, nos guiando pelos vastos corredores como se conhecesse todos eles e até mesmo o que havia detrás de cada porta.Eu, por outro lado, ficava em silêncio, com as mãos atrás das costas, olhando os arredores, em uma tentativa de fazer um mapa mental daquele lugar. Afinal, se eu planejava escapar dali, precisaria conhecer o perímetro até mesmo de olhos vendados.
Por enquanto nada de guardas, apenas nós dois.
Roucker se virou para mim e fez um gesto para que fizéssemos o mínimo de barulho possível a partir dali. Assenti. Ele se encostou na parede e eu fiz o mesmo ao seu lado, enquanto o encarava.
Me concentrei para tentar ouvir se alguém se aproximava, mas não conseguia sentir nada além da água do meu corpo e do dele. Não havia ninguém.
Ameacei dar um outro passo, para não perdemos muito mais tempo, mas Roucker pegou em meu pulso, fazendo com que voltasse para o meu lugar ao me lançar um olhar de repreensão.
Ele levantou dois dedos e apontou para mim e ele, depois meneou seu queixo na direção do corredor que deveríamos avançar, então ergueu outros cinco dedos de sua outra mão.
Mordi o lábio, entendendo a mensagem.
Haviam dois guardas, um domador de água e outro de ar, como nós e à cinco metros de distância, por isso que não conseguia sentir a presença de alguém. Com certeza o domador da água condensava o líquido do seu corpo de uma maneira quase imperceptível e ele não fazia isso somente com o dele, mas também com o domador do ar, que tinha o trabalho de camuflar suas respirações, de modo que ninguém saberia que estavam ali, apenas quando os vissem e talvez... talvez fosse tarde demais.
O encarei, indagando uma pergunta silenciosa de como iríamos passar por eles, mas ele apenas me lança um sorriso divertido. Então respirou fundo e colocou uma expressão séria em seu rosto, que poderia deixar qualquer um com o pé atrás antes de sequer desejá-lo um "bom dia".
Roucker deu um passo para frente, ficando no campo de visão dos guardas.
Arregalei os olhos, o achando muito louco por fazer isso, mas fiquei quieta, acreditando que ele tivesse algum plano.
- Ora, ora se não são os irmãos Bugs... A patrulha está boa? - ouço a voz grave de Roucker soar, enquanto se aproximava dos guardas e saindo totalmente do meu campo de visão.
- O que você quer, Roucker? - uma voz feminina o responde, de maneira grosseira e ele soltou uma risadinha debochada.
- Vamos, não seja assim, Natasha. Somos amigos, não somos?
Ela não o respondeu, mas tive impressão de ter ouvido um palavrão sair de sua boca.
- Péssimo dia para vir testar nossa paciência, Roucker. Nos diga logo o que veio fazer aqui - uma outra voz entrou em cena, desta vez masculina.
- Está bem... - seu tom ficou grave, como um verdadeiro comandante ao dizer a sua próxima ordem. - Se lembram de que estão me devendo um favorzinho?
Segurei o ímpeto de sorrir, então é assim que ele pretende nos fazer entrar? Barganhando?
Bom.
- Claro - respondeu o outro, contragosto.
- Eu tenho uma coisinha para vocês fazerem e que deve ser mantido em absoluto segredo, hum? - ouvi uma leve pontinha de ameaça no final.
- Apenas vá direto ao ponto - esbravejou a garota e ele deu uma risadinha, sabendo que isso iria irritá-la mais ainda.
- Quero que vocês nos deixem entrar, toda vez que quisermos. Sem fazer perguntas e que nos informe caso venha outros guardas ou que suas rondas chegaram ao fim - falou ele.
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Prisão Elementarius
FantasyQuando o Livro da Criação é despertado novamente, depois de milênios adormecido, a sua fúria é implacável ao se deparar com o mundo se afundando em trevas ao ser governado pelos Três Reinos. Com isso, ele acaba destruindo a ordem natural da vida que...