Capítulo Oito

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Percebia que de vez em quando Roucker me encarava, como se analisasse se eu estava realmente me divertindo com os seus amigos ou apenas fingindo, para aparentar ser alguém normal.

Confesso que até eu me perguntava o que, de fato, se passava na minha cabeça agora.

- Quando você derrubou Grant no chão, podia jurar que por um momento uma tigresa tomou conta do seu corpo. Foi ágil, destemida. Analisou a presa e no momento certo deu um impulso, derrubando ele como se não fosse nada menos que um filhotinho de cervo e quando deu um soco naquele rosto de merda, então... Foi aí que ganhou meu coração. Neste exato momento.

Deixei que um sorriso tomasse conta de meus lábios ao terminar de escutar Beck falar, gesticulando os braços exasperadamente no ar e por último dando um suspiro, como se realmente estivesse perdidamente apaixonado por mim.

Todos riram de sua encenação melodramática.

- Não sabia que Grant tinha uma lista vasta de inimigos querendo vê-lo cair.

Endireitei o corpo na cadeira que um dos garotos havia me oferecido. Roucker, Dean, Kalel e Max estavam sentados na grama, ouvindo atentamente a narração de Beck.

- Como todos os vermelhos. - Allie cantarola ao meu lado.

- É porque você não viu a cabeçada que ela me deu. Por muito pouco não quebrei o nariz - Roucker me encara, com um olhar divertido em seu rosto.

- Desde o início brava? - O rosto de Beck se iluminou.

Dou de ombros quando Roucker assentiu com um sorriso beirando em seus lábios.

- Você nem imagina...

E quando seu olhar penetrante se encontrou com o meu, com aquele tom verde safira iluminado e contrastando com a luz do sol em seu rosto bronzeado, sentia como se pudesse perder o chão caso eu não estivesse sentada em uma cadeira e, a sua voz soou tão... diferente que tive que me deter ali, fitando os seus olhos que mais se pareciam como duas pedras preciosas, que qualquer garimpeiro se matariam para tê-las.

Na verdade, algo me prendeu no brilho que cintilava em suas íris, de modo que deixou todo o meu corpo imóvel, incapacitada de fazer qualquer outra coisa que não fosse encará-lo de volta.

O mundo pareceu parar e por mais que estivéssemos a alguns metros longe um do outro, conseguia sentir o seu toque quente acariciando a minha pele, como havia feito minutos atrás e uma onda de arrepios subir pela minha espinha, deixando-me com uma estranha sensação desconhecida, até então, por mim.

Os outros continuaram a falar, mas já não podia ouvir mais nada, apenas as batidas do meu coração acelerando gradativamente enquanto uma brisa passava e junto a ela o cheiro de grama molhada, que me fez querer inalar profundamente ao tentar imaginar como deveria ser o seu cheiro.

Uma mão fria toca em meu ombro, fazendo com que eu saía do meu devaneio e, finalmente, olhasse para algo sem ser o Roucker.

Engoli o seco ao me deparar com aquele sorriso viperino em seus lábios. Quase que de imediatamente o pessoal se ajeita em suas poses, ficando mais rígidos e menos descontraídos.

Amberly.

- O que está fazendo aqui fora, docinho?

Quase vi sua língua bifurcada, enquanto destilava o seu veneno ao falar.

Suas unhas apertam mais o meu ombro, o que me faz arquear as costas um pouco para frente, incomodada.

- Ah, não sei, várias coisas. Mas acho
que estávamos conversando ou arquitetando um plano para sair deste lugar ou vendo quanto tempo demoraria para alguém, como você, vir até mim...

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