Capítulo Cinco

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Não sabia exatamente em qual momento Bryn havia começado a cantar ou ao menos quando a sua euforia contagiante fez com que eu me juntasse a ela. Até mesmo Jasper arriscou algumas notas, mas na maioria das vezes ele só ria de como cantávamos desafinadas.

Quando dei por mim, a Ala F inteira se divertia em suas próprias celas, cantando e dançando. Fazíamos muito barulho enquanto alguns batucavam nas grades da cela, em um ritmo divertido.

- É isso aí, Aja! - gritou ela do outro lado quando comecei a dançar.

Um coral era ecoado pelas vozes dos que estavam presos ali. Não queríamos entrar no tom e se encaixar, apenas curtir aquele momento.

Com um sorriso no rosto, comecei a pensar a quanto tempo eu não fazia isso. Coisas simples como dançar e cantar. Mal me recordava da última vez. Depois que fugi, apenas minha sobrevivência e de Miles era o que realmente importava. Não me dei ao luxo de me divertir com o perigo nos rondando, mas agora que todo o leite já havia sido derramado, por que não?

Quando rodopiei, meus olhos se encontraram com os de Jasper que me observava com uma sobrancelha levemente arqueada, mas continha um sorriso discreto em seu rosto.

Passei a língua entre os lábios, um gesto que não passou despercebido por ele, que desceu as suas orbes negras para a minha boca, mas logo voltou a me encarar.

- O que foi? Você não sabe dançar? - perguntei em um tom provocativo.

Os outros continuavam a cantar e a dançar em suas próprias celas, enquanto me detive um pouco para conversar.

- Não seja boba, novata. Acha que eu... - desceu da sua tão amada beliche em um pulo e se aproximou. - Não sei dançar?

Encaro o seu peitoral bem marcado pela camisa branca que usava, em que os braços do macacão estavam amarrados em sua cintura, como os de Bryn, mas não tive muito tempo de imaginar o que ele escondia por detrás daquele tecido. Se bem que não era tão difícil assim de se ter alguma ideia. Puro músculos. Testosteronas no ápice.

Sua risada me fez erguer o queixo para encará-lo novamente.

- Então, o que está esperando? Me mostre do que é capaz - fiz um gesto com os braços, indicando que o "palco" era todo dele, mesmo que não estivéssemos em um.

Ele tirou os cabelos dos olhos, puxando-os para trás e deixando que ficassem de um jeito bem charmoso no topo de sua cabeça. Ri daquilo e ele me lançou um olhar divertido.

A música que todos cantavam era bem conhecida, de modo que ninguém guardou a voz. Bryn gritava, em vez de seguir a letra. Parecia entorpecida, mesmo que não tivesse ingerido nada alcoólico. A encarei, ela dançava de um modo que só ela conseguia entender, mas era bonito de se ver, pois tinha um gingado diferente. Sexy.

Me deixei levar pelo ritmo, agora, olhando para o homem a minha frente que me encarava como se eu o tivesse desafiado. Aos poucos ele se soltava, pegando a mesma vibe que a minha. Nossos movimentos se encaixavam em completa harmonia, parecia até ensaiado.

Ele me girou pela mão e pelo mínimo contato, senti a sua palma quente. Mais quente que a de Roucker, mas em uma temperatura que, pelo menor atrito, conseguiu incendiar o meu corpo inteiro.

Por um momento um flash de imaginação despertou, me fazendo delirar ao que meu subconsciente deixava que invadisse a minha mente. Pensei por um instante em suas mãos em meu corpo, passeando por todos os lugares, o explorando como um terreno desconhecido o qual ele almejasse saber cada canto escondido, deixando rastros de sua centelha de chamas enquanto tocava em minha pele. Me queimando por inteira, de dentro para fora.

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