Pai Abutre- Minha familia (p.2)

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---------- continuação----------------------------
Escuto um tiroteio vindo das minhas costas, todos estavam gritando por causa do monstro de  músculos pretos ali atrás, porém meu foco era limpar a área e quando eu escutei um grito vindo do inimigo e ele aparecendo na porta da frente pra mim, foi que nem cortar um bife. Foi tão fácil, mirei no desgraçado.Ele atirou na criatura três vezes, não sei se acertou, mas o meu tiro o matou em pouco tempo nem viu da onde o tiro veio. Senti até satisfação de ver o corpo dele se chocando com o chão.
Escutei o Ivan soltar alguns xingamentos, atirar duas vezes,e escutei o trinco de sua arma indicando que sua arma estava sem balas. A adrenalina me consumiu, se eu não fizesse algo mais pessoas da minha gangue iriam morrer. O Getúlio e o Marcelo morreram e eu como chefe dessa gangue,amigo de longa data, eu me vingarei, me lembro do Christopher, aquele homem viril e forte que enfrentei em um braço de ferro. Eu os vingarei!
Ninguém mexe com a minha família e sai impune.
Então me viro com minha raiva de frente a essa criatura, coloco ela em minha mira e estabilizo ela por um tempo. Eu encarava ela frente a frente pra mata-la, essa besta nem se deu o trabalho de me olhar, então eu A FAREI OLHAR PARA MIM!
Ele da um rugido assombrante e de relance vejo que o Marcelo se levanta, porém eu não perdi meu foco. Não posso perder meu foco, não posso, eu não vou!
Atirei no olho do desgraçado, o mundo a minha volta estava desfocado, eu já não enxergava nada alem daquela besta de símbolo na cabeça, nada importava mais a não ser derrotar aquele bicho desgraçado.
Um  outro pedaço do seu crânio caiu em um outro tiro, acertou ele no pescoço.
Eu estava dando uma risada, ele olhou pra mim, "putinho", e eu só conseguia dar risada dele.
Eu ja desprezava aquela criatura, o olhar dela enfurecido só deu mais gasolina a minha vingança pelos meus. Olhei para ao lado de onde eu vi a imagem do Marcelo se levantar e vi uma cena bem chocante, vi o Marcelo mordendo o Murilo e o Murilo apontando sua arma na nuca do Marcelo.
— O que…— Eu escutei o barulho do gatilho atravessar a sala como se apenas tivesse aquela arma.
Os dois caíram no chão e eu voltei a olhar pro bicho e ele parecia me desprezar agora.
Eu vou destruir ele ! Eu vou matar ele!
E por um tempo aquela minha intuição aconteceu, podia sentir que o mal que previ antes estava a minha frente. Ele se arrumou para vir me atacar.
Eu senti a morte correr por todos os fios e veias do meu corpo, aquilo me deu até mais empolgação.
Eu só o chamei pra pancada.
Antes que aquele bicho viesse de uma vez, eu vi o Ivan passar por baixo da escada, passar pelo Arthur e olhar la pra cima. Ele gritou:
— Gregório?!— escuto que o povo la de cima está gritando algumas coisas que eu não havia percebido.
Eis que me toquei que meu filho estava nas escadas mirando no desgraçado também.
E então o bicho recebe mais um tiro que arranca o resto da metade do osso que tinha dele, o barulho da besta sofrendo me fez voltar a despreza-lo.
Ele  finalmente corre pra cima de mim agora descontrolado e pula em cima de mim.
O pego com os meus reflexos sem muita dificuldade, o seguro e dou meu melhor soco.
Pude ouvir o maldito grunido da besta, isso que eu quero ouvir! Morre desgraçada!
A tal tenta me agarrar mais uma vez já desvio me preparando para ataca-la mais uma vez, e no meio do ato sinto que algo me perfura o estômago.
Foi em menos de um segundo, aquilo foi em câmera lenta, eu vi o sorriso na cara do dito cujo, essa coisa estava se divertindo com minha surpresa
Cuspo um pouco de sangue e solto um grunido em reclamação. Eu fico meio fora de área até que escuto o Ivan gritar meu nome desesperado e eu seguro o bicho, dessa vez  com mais força, eu JAMAIS VOU DEIXAR QUE ELE MACHUQUE A TODOS QUE EU CULTIVEI!
De repente escuto meu filho gritar " PAI!" e atirar na direção do bicho cortando um de seus braços.
A besta ficou mais uma vez descontrolada, estava até confiante sobre aquela besta até que escuto de la de cima:
— JOUI!
— ALGUÉM VAI LA AJUDAR O JOUI!
E em menos de segundos minha visão escurece e eu vejo apenas um símbolo estranho. O mesmo da cabeça do bicho.
Meus braços se mexem inconscientemente e vejo que estou mirando para atirar.
Eu fico desesperado pela minha falta de controle sobre meu corpo, aquilo era bruxaria!
Eu não consigo ver nada e parece que o som está abafado também nada que eu possa reconhecer. Meus dedos puxam o gatilho e escuto o barulho de algum corpo caindo no chão.E mesmo no escuro escuto o Arthur gritar:
— IVAN!!!
Eu. Atirei. No.Ivan. Eu atirei em alguém.
Achei que nunca mais cometeria tal crime.
Eu estou sendo controlado, não consigo impedir. Eu me assusto de pensar isso, eu forço meu braço para evitar que chegue a minha cabeça, mas essa coisa parecia que estava segurando meu braço e forçando a isso.
Escuto os passos pesados do bicho saindo de perto de mim. E de repente escuto um tiro bem perto de mim e do bicho. O Bicho solta mais um grunido e por um tempo minha visão pisca, a audição volta e vejo uma figura conhecida, era o Gregório. Ele estava vivo! Acordado!
Sinto meu braço ser forçado a largar a arma, eu sou muito forte mas parece que os ferimentos me pegaram de jeito e eu tava mais fraco, sou imobilizado em questão de segundos, eu que escuto em meu ouvido esquerdo em meio a aquele símbolo.
— QUE MERDA VOCÊ TA FAZENDO ?! VOCÊ IA ATIRAR NO ARTHUR!
A  voz do Gregório me fez me enfurecer  de tal forma que eu lutei contra o controle desse bicho.
Sinto que meu corpo estava a se mover mais uma vez sem o meu controle, eu lutei, até que eu acordei por completo e soltei um grito digno daquela besta.
Eu estou puto! Como essa criatura ousa  me fazer atirar no meu próprio filho?!
Vi o Ivan no chão caído. Eu grito mais uma vez em reprovação. DESSA VEZ EU VOU MATAR ESSA CRIATURA.
Vejo que a criatura esta para acertar aquelas garras no Arthur, então eu empurro com toda força o Gregório de cima de mim e corro em direção ao Arthur.
Sinto meu estômago sangrar e o ombro doer, mas aquilo não iria me impedir de matar aquele desgraçado.
Minha corrida estava ficando lenta e eis que vejo ela acertar a cara do meu filho  em câmera lenta e fazer três rasgões enchendo a cara dele de sangue, ele começou a se contorcer no chão e eu fiquei muito mais puto, acelerei o passo, mas meu corpo ja não respondia, ele estava se desligando, até que  escuto um tiro que acertou o resto da cara dele em cheio o fazendo soltar mais um barulho e a criatura cai no chão morta.
O impulso da corrida me possibilitou chutar a coisa para longe do meu filho e vou em direção ao Arthur. Eu praticamente ja estava me arrastando, o meu corpo estava enfraquecendo mais e mais. o
O corte em minha barriga fazia uma trilha de sangue.Ele se contorcia de dor com a mão ao rosto, eu entrei em choque e gritei:
— ALGUÉM AJUDA MEU FILHO!— E ao soltar esse exclamo eu vomitei mais sangue.
Do lado do Arthur estava uma poça do sangue vomitado meu. Me agachei ficando mais rente ao chão. Minha visão estava turva, meus braços mal se aguentavam.
Escuto o Cesar gritar e descer as escadas correndo.
Seus passos rápidos e sem uma ordem ficaram marcados na minha memória.
Minha visão embaça ainda mais e eu me deito ao lado do meu filho. Começo a acalmar ele lentamente, a ajuda chegaria logo, eu creio:
— MINHA CARA ARDE ! TA ARDENDO! DÓI!— Eu o sentia se mexer e respirar desconpassado.
Aquilo partiu meu coração.
— Calma filho a ajuda ta chegando, a ajuda ta chegando, se acalma, se você se debater tudo pode piorar. Fica quietinho. Vai passar.
Vejo que ele vai se acalmando ao escutar minha voz, ele me procura com os braços enquanto mantinha a mão no rosto.
Pego uma das mãos de ele, com muito custo e tiro se seu rosto.O olho dele está completo de sangue, eu tento focar minha visão e vejo o estrago.
Ele não abre seus olhos.
— Pai? Pai! —Ele quase bebia o próprio sangue de tanto que havia em sua cara.
Sinto que meu corpo estava cendendo, eu quero passar esse momento com meu filho.Me levanto e me sento ao lado dele.
— Segura a mão do pai, a ajuda ta chegando filho.
Escuto a respiração do Gregório se sentar ao lado de mim eufórico, não conseguia olhar para sua cara, mas acho que não era uma boa.
— Brulio você ta bem? E o Arthur?!
Eis que o Cesar chega até nós com uma blusa e tampa a cara do Arthur.
— Pai tá tudo vermelho, eu não consigo abrir meus olhos.
— Não abra assim vai infeccionar  o olho.
Eu boto a mão no meu rosto, o sangramento volta a  atacar, na verdade eu esqueci da dor e o Cesar também me deita e tenta parar meu sangramento desesperado.  Ele e o Gregório estavam falando entre si como iriam salvar nós dois. Eu até dei uma risada. Vejo no olhar de ambos que estão desesperados, não sabiam ao certo o que fazer mas estavam tentando.
— Gregorio, cuida do Arthur pra mim, Papai te ama filho.
Segurei a mão do meu filho.
— Aguenta firme ! Aguentem firme os dois! A Liz ja ta chegando— Escuto do Cesar.
Gregório esta ajudando a estancar o sangue de vejo que ele quase surta com o que eu disse. Sinto meus olhos pesarem. Eu já não enxergava nada, não conseguia mais me mover.
— EI COMO ASSIM?! ELE É SUA OBRIGAÇÃO! NÃO SE ATREVA! NÃO! BRULIO!— Vejo o Gregório gritar comigo, os sons estavam ficando mais estranhos.
Meus olhos piscaram e por um segundo escutei o Arthur parar de respirar e se debater.Eu ja me senti triste, não acredito que nós iriamos juntos dessa, tentei mexer um pouco nele e ele começou a gemer de dor mais uma vez, respirando com dificuldade, ele estava cansado que nem o pai.
Nesse momento toda a minha vida passou diante dos meus olhos, eu comecei a dar risada, aquele choro me lembrou de quando ele nasceu, chorou, chorou e chorou e logo depois ele se acalmou nos braço dela. Ele nunca foi uma criança corajosa e muito menos eu deixei de amar ele por isso.
É uma ironia eu um chefe de gangue querer mudar de vida e ter medo do que meus atos trariam a ele.
O mundo lá fora não teria dó do Arthur, eles quebrariam seu filho pedaço por pedaço.
Naquele momento, escutando ele chorar nunca me foi tão calmante, até relaxei naquele chão gelado.
Eu tinha a certeza que meu Arthur sobreviveria, ele tem um coração fortalecido. Eu posso até não ter sido o melhor pai pra ele, mas eu fui um pai que preparou ele pra vida. Eu dei uma última suspirada bem devagar e então eu  escuto uma voz que não escutava a anos:
— Amor, ta na hora de ir, o seu filho acabou de fazer panquecas, ele quer muito que o pai dele prove.
Quando olho para o lado vejo a silhueta dela me chamando. Ela estava bonita, usava um vestido azul da mesma cor de seus olhos, percebi sua tatuagem, em seu braço esquerdo, revelando que ela era dos Gaudérios. Seus cabelos esvoaçavam em uma brisa mistériosa.
— Amor anda logo! Vai esfriar!— Ela bateu o pé.
Eu me levanto e vou ao seu encontro, ela me da a mão e em um instante eu estava em casa mais uma vez.
Ele… ele está vivo!
Corro até o meu pequeno e dou um abraço girando ele no ar. Não me importei dele estar dos pés a cabeça coberto de farinha.Vejo que ele derrubou algo no chão, era um Cartão.
Pego o cartão com o pequeno ainda no meu colo e leio:
" Hoje Papai você volta pra casa, o Arthur vai se atrasar um pouco, mas se essa festa é pra você o melhor papai do mundo".
Eu dei uma risadinha e abracei meu filhotinho.
Minha mulher vem ao nosso encontro e nos abraça.
— Seja bem vindo! Agora a gente pode viver juntos! Finalmente esse dia chegou, eu estava te esperando.
Dei um beijo nela e assim eu me toquei.
Olhei em volta e voltei pra ela:
— Eu morri ?
— Sim, querido.
Eu fiquei boquiaberto e meio desesperado. O Arthur vai ficar bem?!
Soltei o pequeno e fiquei agitado mas ela segurou minha mão.
— Ele conseguiu ser resgatado, ele vai viver, não tem o que se preocupar. Não é a hora dele, meu bem.
Respirei fundo aliviado. Ela me abraçou. Eu mal acreditava que eu ja havia partido mais uma vez.
Olho para o meu outro filho e quase choro.
Eu sei que é hora do Arthur seguir mas aquela despedida não me foi agradável.
Então do nada o Arthur surge ali na cozinha. Ele parecia estar vestindo roupas de hospital, pela sua nuca dava pra ver que ele estava enfaixado.
— Pai? Mãe?— Ele se virou entrou em choque em ver o seu irmão. Ele quase caiu pra trás. Vi ele silabar "Hen-ri-que".
— E bom te ver mais uma vez filho, ao menos agora eu posso falar de uma forma mais apropriada— Eu disse com um sorriso.
— Pai você ta bem?!— Vejo que seu rosto esta enfaixado. Isso traria uma ótima cicatriz. Isso quer dizer que ele foi levado ao hospital. Eu devo agradecer por tudo.
— Eu estou bem. Eu quero que saia daqui! Ainda não é a sua hora! Nós vemos em seus sonhos, filho.
Todos nós começamos a acenar pro Arthur. O baixinho falou:
— Até seus sonhos, Arthur!
— Hora?—Vejo ele ser puxado para fora da casa e desaparecer dali.
Olho pros meus outros dois amores e falo:
— Vamos ver se meu filhotão cozinhou bem hein!

HAPPY END.
Notas da autora: Eu tentei mesmo salvar o nosso paizão, mas na hora de sair os dados eles tavam contra a minha vontade. ;-;
Pra esses tipos de capítulos que a gente alterar muito a linha temporal ( no caso a fic em si) a gente rola um dado pra ver se tem sucesso. Pro nosso paizão não deu certo. Então espero que não me matem e torçam por tudo de bom.

O segredo entre nósOnde histórias criam vida. Descubra agora