Reminiscência

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A cada dia me convenço,

Que estou muito melhor sem você.

Me pego tomando decisões,

Que eu não sei qual delas escolher.

Eu sobrevivo porque você sobreviveu.

Será que você também tinha

Pessoas como essas minhas por você?

Tudo se torna mais claro que

Estou feliz de você ter ido embora.

Assim pude conhecer um lado meu

que jamais imaginei ter dentro de mim.

Até mesmo assim você é a melhor

Pessoa desse mundo, Pai.

Espero que sinta minha falta também.

Estou indo a sala onde a Liz me mandou com a sacola do João Daniel e o salgado. Eu havia errado o quarto antes e tive até vergonha, fui desatento.

Espero que ela ao menos desse jeito não se "cachasse" que nem da outra vez. Olho pra sacola e volto a caminhar.

Quartos a frente eu consegui encontra-la. Ao entrar ela colocou o celular em minúscula mesa de cabeceira. Balanço a sacola já com um sorriso amigável a ela.Ela sorri de volta já se animando.

-Olha só quem está aqui- Ela fala já abrindo os braços pra pegar a sacola.

Eu até pensei se eu ia trolar ela, mas antes disso ela já tomou a sacola da minha mão. Ela checa o conteúdo da sacola.

- Como é que a senhorita está?- Perguntei só pra saber se ela ainda tava com dor. Eu deveria ter tomado mais cuidado durante aquele embate.

Ela senta-se melhor na cama.

-Eu estou bem e você? -ela me olha preocupada.

Por que? Porquê você sempre tá tentando cuidar de mim assim?

- Eu estou bem, como você pode ver- Mostro os curativos feitos pelas enfermeiras puxando minha camiseta. Não fiquei me mostrando até porquê eu tenho vergonha de mostrar como a minha aparência está. Eu estou magro, fraco, debilitado.

Eu ia comentar as feridas que infeccionaram mas decidi deixar de lado. Ela já se preocupa muito comigo.Ela mudou muito também após a nossa antiga missão. Ela costumava ser mais fechada e insensível. De alguma forma bruta quando se trata a dos outros. No hospital eu vi uma faceta que eu não assimilaria a ela, ve-la todos os dias lá perguntando e cuidando de mim. Eu só quero protegê-la, assim como ela fez por mim naquele momento.Olho para ela mais uma vez para ver se ela ta bem de verdade.

Era sobre a Liz dizer assim

-Sim realmente estás bem -ela fica meio triste - o senhor Veríssimo deveria contratar estas enfermeiras para a Ordem - ela desvia o olhar. Seria isso ciúmes? Ai que fofa.

- É tenho que admitir- eu tiro os copinhos de plástico da outra sacola e entrego a ela.

-Obrigada - Ela diz aceitando o copo. Ela já não tem o sorriso no rosto. Ao pegar no copo ela se vira para a frente.Eu tomo um também junto dela.

Eu tento não me lembrar dos gaudérios mas eu falhei. Por um minuto pensei que tanto o César quanto o Gregório devem estar em um momento difícil. Eu deveria ver de fazer alguma coisa.

- Ao menos salvamos dois.

Eu profiro alto pra tentar me consolar um pouco.

Ao menos dessa vez eu teria a chance de salvar alguém.

O segredo entre nósOnde histórias criam vida. Descubra agora