A sua morte será lembrada, pela lenda da sua história

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Caráter é aquilo que você é no escuro, quando não existe ninguém olhando. Porém, sempre tem alguém a olhar as nossas ações. A olhar as nossas escolhas. Porque afinal, a nossa vida é observada por tantos pares de olhos diferentes, uns conhecidos outros que nunca foram vistos, não podemos fugir à atenção de pessoas. As pessoas ao nosso redor se interessam mais pela nossa vivência do que a deles próprios. Esta é a nossa sociedade infelizmente. Você se torna o centro das atenções por razões idiotas. Por escolhas diferentes. Por sair do padrão. Por ser diferente. 

Ou podem ser como eu, uma pessoa que não é muito importante para a sociedade, que tenta o seu melhor, mas que mesmo assim não é o suficiente para salvar as pessoas que ama. Eu odeio isso. Não poder fazer nada enquanto pessoas que amo sofrem consequências horríveis por escolhas por vezes erradas. Especialmente quando estão a ser observados por olhares alheios e conversadores. Mas não podemos fazer nada certo? É olhar através do silêncio e apenas isso. 

Estamos, neste momento, todos no exterior do carro preto, parados à frente da grande mansão dos horrores, onde tudo começou a ser estranho, onde o meu mundo caiu. Parece que tudo nos leva a esta mansão! Não me admira, tantas pistas que encontramos em cada sala do lado de dentro do salão. Eu parcialmente me sinto nervoso, especialmente por conta de Thiago e o que ele fez a Liz quando os dois estavam sozinhos. Mas como disse anteriormente, nunca estamos sozinhos, existe alguém que observa mais distante. No caso deles, fui eu a observar. 

Não consigo tirar os olhos amargos cheios de raiva de Thiago da minha mente, nunca o tinha visto assim. Mas o que mais me custou, foi ver Liz, triste ao lado do Thiago a tentar entender o que se passava. Eu não consigo me sentir bem com esta situação. Confesso que um sentimento de remorso surgiu em mim em relação a Thiago. 

O único som presente no nosso ambiente eram as folhas dos ramos a balançar por conta da brisa fresca da Primavera. O resto, era o silêncio total. 

-Vem ao meu lado. Vamos analisar os documentos, para te animar? O que achas? - pergunta César a Liz que está cabisbaixa. 

-É uma ótima ideia! - ela abre um sorriso simples, mas que poderia iluminar o dia de qualquer um. Que poderia iluminar o meu dia. Eu me sento ao seu lado. Se é isso que a vai alegrar irei dar o meu melhor para ler os documentos todos. 

-Pode me dar um documento também, vamos analisar os três! - digo sorrindo para ela 

-Se eu puder ajudar também - fala Joui, que está sentado no banco ao lado do de condutor onde está Thiago com as mãos a tremer no volante de ferro tingido a negro. Olho para a maleta da Liz que está aberta em seu colo, retiro um documento e entrego para as mãos de Joui. 

-Claro aqui! - digo feliz por ele também nos ajudar com as teorias. 

Começo a ler um documento um pouco perturbador, decidi trocar para analisar melhor as anatomias das criaturas que lutamos na mansão. A folha estava queimada na parte inferior esquerda, onde parecia ter uma assinatura ou uma espécie de carimbo avermelhado e na parte de cima, tem lodo negro seco, o resto da folha estava impecável. Rabiscada com um rascunho de um animal semelhante a um rato enorme com o símbolo espiral cravado na sua parte frontal. Pelo o que a Liz me explicou dessa criatura, pude entender que foi anatómicamente modificada, fazendo o seu tamanho aumentar e as suas hormonas tóxicas ficarem mais perigosas, capazes de perfurar com mais facilidade a pele humana. É incrível pensar que alguém pensou sobre isto, sobre desenvolver estas capacidades para tal criatura, mas depois recordo que, essas pessoas usam a sua genialidade para alterar a membrana e trazer o horror ao nosso mundo. Continuo bem interessado, gostaria de aprender mais sobre o paranormal, não quero ser um completo inútil para eles. Não os quero desiludir. 

O segredo entre nósOnde histórias criam vida. Descubra agora