Desvio De Conduta

× CAPÍTULO DEZESSEIS

Seu corpo estava pesado, assim como sua respiração lenta. Ela se encontrava descansada sobre mim, dentro da banheira já um pouco mais fria e quase desprovida de qualquer espuma.

Eu poderia me acostumar com aquilo. Meu corpo e mente eram viciados em coisas boa, porém não tão boas assim. Coisas que os seduziam por tamanha beleza mas se mostravam terrivelmente destruidoras.
E eu estava com uma vida fácil. O dinheiro entrava como vento agora, com todas essas festas na qual frenquento e o fato de Silver ser médica me facilita muito ao esconder minhas saídas noturnas na qual volto de madrugada.
Contudo, mais do que me acostumar com o bom, me agradava o fato de a ter para mim todos os dias.
Me agradava as risadas, os banhos demorados, os cafés da manhã nos domingos, os dias de faxina e os dias em que apenas nos limitamos a alimentar nossos desejos sexuais e ficar na cama assistindo algo.

Eu poderia sinceramente me acostumar com aquilo e talvez pensar em algo bom. Algo que nos daria um futuro melhor. Juntos.

Mas aquele pensamento me preencheu até eu me levantar com uma Silver sonolenta pingando. Vê-la se embrulhar na toalha tirando o excesso de água e simplesmente se jogar nua na cama adormecendo de seguida.

Minutos depois, a música alta que ecoava pela rua, chegou aos meus ouvidos. Havia percorrido algum tempo até chegar na casa onde estava acontecendo a festa e pesquisei bem para não ser um lugar já frequentado, mesmo que eu corria o risco de não me lembrar já que muitas vezes eu já chegava chapado.

Entrei vendo o movimento e recebi alguns olhares desejosos e outros que sabiam o que eu fazia ali.

Meu primeiro cliente veio em menos de dez minutos, logo depois eu me permiti divertir.

Festas eram como recarregar as baterias, não que eu precisasse agora, mas parecia que ali eu não estava nesse mundo. Parecia que eu me recarregava num nível absurdo.
Então eu bebi a primeira cerveja e logo depois veio Jack Danniels, tequila e muito mais.

Em uma hora todo o meu stock havia se esgotado.
Peguei meu celular e disquei o número. Eu poderia conseguir mais.

— maninho...?— sua voz soou arrastada do outro lado da linha.

— preciso de mais.— falei de imediato.

— nem um boa noite?

Escutei alguns gemidos baixos.

— manda alguém trazer mais, Travis. Estou fazendo meu trabalho e tenho tempo. Consigo redobrar essa grana hoje, então faça!

— muito eficaz! Aliás, quê pressa é essa? Aproveita tudo o que perdeu esses..

Apenas tirei o celular da orelha o desligando. Fui a área em que improvisaram um bar e peguei alguma coisa colorida sem nem mesmo conferir. Apenas engoli sentindo o gosto amargo na boca.

Minha visão estava ligeiramente turva, mas eu pude bem apreciar o par de pernas que desfilavam em minha direção.
Um sorriso se abriu e mãos tocaram minha jaqueta.