Confinamento

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Esperamos, estagnados em nossas casas, á espera de uma luz.

Nos contentamos, embriagados em nossas próprias necessidades, com a morte que não se reduz.

Doamos, culpados em nossas mentes, por não termos ajudado antes.

Quando na verdade, nos satisfazemos ao saber que alguém precisa de que sejamos clementes.

Por que dizer que devemos ficar em casa, nesses tempos de pandemia?

Enquanto aquele que não tem, na rua se refugia.

Esquecidos pela sociedade, que se diz igualitária, no entanto, os que sofrem, não dispõem ao menos de uma mísera sandália.

Nós, reclamamos dos efeitos na economia, eles, só podem esperar a morte causada pela epidemia.

As classes se revelaram com mais força atualmente, sob a ameaça de uma morte lenta e agonizante.

Os ricos, se isolam em seus palácios, indolentes.

Já os pobres, esperam o álcool em gel chegar até eles, resilientes.

A esperança é a última que morre, mas o comportamento diante dessas mortes revela a nossa pouca sorte.

As máscaras, que servem para nos proteger, também impedem manifestantes de falar.

O distanciamento que nos salva é razão que para o povo as greves tente evitar.

O confinamento em células de medo, receosos que a morte venha lhes visitar, mas após uma baixa, ignorantes, voltam a se juntar.

A ilusão de distância nos percorre, que achamos que à nós não chegará, mas lágrimas derramam por não terem feito nada para evitar.

Os numerosos corpos sem ar se misturam á terra fria, como simples poços putrefatos situados metros adentro.

Os seus familiares, desconsolados, temem se juntar a eles sem se despedir dos que ficarão, com a morte os ameaçando por fora e o desespero os corroendo por dentro.

Com o pesado preço a se pagar, é prudente que se faça perguntar. São às lágrimas pelos cadáveres etiquetados que irão á economia melhorar?

Mas a resposta para a pergunta não parece importar. Pois, para os tão sofridos pelos que se foram, “mortos”, parece ser apenas um plural, então não vale a pena considerar.

Seus parentes não são mais pessoas, o certo é simplesmente enumerar, as almas que já se foram e às que ainda estão á esperar.

A praga que se espalha sobre a insensatez e irresponsabilidade, encontra na pobreza dos centros um lugar para se aconchegar.

Se limitam a ter alguém a quem culpar, mas nada fazem, por aqueles que estão a sufocar.

De qualquer forma, se alguém discordar, diga-me o que fizeram para evitar.

Se não querem os números preencher, por que ainda reclamar, e não fazer nada para mudar?

A pena que sinto não é pelos que morreram. Mas sim por aqueles que viveram e não aprenderam com seus erros.

O desprezo que sinto não é pelos que contaminaram, mas sim para aqueles que os liberaram.

Encerro abruptamente as palavras que estava a escrever, por que sinto minha respiração falhar, pois pelo descuido de alguém, a doença está agora a me matar.

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⏰ Última atualização: Sep 24, 2020 ⏰

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