Primavera

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As magnólias brancas florescem nesse momento, nossas conversas francas me rodeiam a todo o tempo, minhas trancas internas são quebradas pela sua compreensão ao extremo, e quando estou perto de você sinto meu coração derretendo.

Rosas vermelhas preenchem o belo jardim diurno, enquanto belas violetas ocupam o terrário noturno, observo todas elas no trajeto confusa, da mudança de flores difusa.

Sento me ao vento dos dentes de leão, suas partes, tão pequenas, parecem flutuar sem direção, quando eu sei, na verdade, que vão parar onde menos esperarão, uma forma de justificar, essa profunda reflexão.

Veja me como uma orquídea disfarçada de cacto, pois se quer por mim ser amado, terá que primeiro aguentar ser perfurado, já que nem só de flores um amor é formado, ao contrário, ele deve ser diariamente regado.

O marrom sedimentado me atinge em alegria, fui plantada em um pote, meu dono entra em epifania, tamanha a minha beleza, mas descubro que estou sozinha, pois só quer me mostrar e sei que se vivesse menos, mês que vem me trocaria.

O metal prateado gira em confusão, cortam me raízes sem necessitação, quando querem, nem pedem minha opinião, só me tomam e me tratam como uma experimentação, observam o quanto ganham com a minha desmatação.

Estava parada no chão, mas mesmo assim eu cresceria, no entanto, antes de desabrochar, descobri que alguém gostaria, de minha desgraça causar, me pôs na sombra, e dia a dia, sorriu enquanto me viu murchar.

A água da chuva desce por fora, fissuras no asfalto, a semente implora, ela quer ir pro alto, podendo ser morta, enxerga o maltrato, a árvore entorta, tentando ao seu ver se afastar, da ganância que a corta, pois parecem nem se perguntar se a planta se importa.

A cor de brasa se esconde em meu interior, as minhas folhas delicadas que se mexem com a ventania, a boa aparência que demonstro em meu exterior, que se invada a sua alegria, ao me tratar como o que sou, uma vida como você, que precisa viver aonde for.





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Nota do Autor

O que acharam?
Esse poema começou de uma forma e terminou de outra. Não foi intencional, a princípio, mas talvez eu deva considerar, já que é a primavera que a vida tende a mudar, para garantir que no próximo inverno, não venha a congelar.

Obrigada (o) por lerem, votarem, comentarem e recomendarem.

Se gosta de poemas pais trágicos, só precisa esperar, pois em pouco tempo a minha inspiração para eles vai finalmente voltar.

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