Reflexões Internas

Ausência

Não me recordo exatamente de quando ocorreu, mas tenho plena certeza de que aconteceu, as mensagens apagadas quando amanheceu, a sua ausência minha mente finalmente conheceu.

Como as flores que nunca nasceram, as pessoas que nunca surgiram, não digo que nunca sugeriram, que nossas conversas nunca existiram. Por que talvez eu nunca tenha realmente lhe conhecido.

Só enxerguei seu reflexo, ao contraditório espelho me apeguei, e agora, me diga afinal onde cheguei, quando percebi que minha própria reflexão por você nada mais era do que uma ilusão.

Os momentos de alegria, falsos instantes, os sentimentos inexistentes, mas ao mesmo tempo, uma singela nostalgia, de que nossas existências não estavam tão distantes.

Da realidade que nos acolhe, a mesma que nos escolhe, como os vasos a quebrar, a incerteza se iremos lembrar, de um do outro sem novamente rachar, ao entender que nunca pudemos juntos estar.

Se o tempo ao menos nos desse um instante, para ficarmos juntos como livros na estante, ainda seríamos separados, pelas mãos indigentes, egoístas e sedentas que o eu e você fiquem sem a gente.

A água na minha mente se turva, apaga, inconsistente, minhas memórias como uma curva sem direção, elas se estilhaçam ao impactarem um paredão, de medos e inseguranças, de arrependimentos e segredos.

Mas meu calor interior tenta ao menos agregar, as sensações que tínhamos ao nos tocar, o choque que sentíamos a nos beijar, as lágrimas que derramamos ao nos separar.

Antes, acho que não conseguiria, mas agora, eu vou perguntar. Foi o tempo que lhe fez me esquecer, ou minhas ações que lhe fizeram me deixar, consequências que ficaram.

Mesmo após tudo, que transcenderam até mesmo o entendimento, de que só queria que existisse para que fingisse me ver antes que a morte viesse me levar, e eu terminasse em me ausentar.

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