Capítulo 07 - Isla

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13 DIAS DEPOIS

— Eu realmente adorei esse vestido, Jonny. Ao mesmo tempo que é super fácil de vender, tem uma essência de passarela e deixa o corpo ótimo! Sério, eu amei.

O vestido de malha 100% algodão com mangas bufantes e detalhes de ilhós nas mangas, em conjunto com a fenda ajustável do zíper lateral e tronco canelado é a peça perfeita para se sentir super confortável independentemente do tamanho e situação. Cada corpo feminino é único, e quase todos ficariam perfeitos com aquela modelagem. Nossa coleção estava seguindo aquela ideia, de que a moda não deve ser acessível apenas para quem mede, no mínimo, 1,70 de altura e pesa cerca de 51 kg, toda mulher tem o direito de se sentir bem com peças elaboradas, pensadas também para ela.

— Então, eu estava pensando em manter essa cor preta para a passarela, mas fazer um cinza para as vendas, o que acha? — O estilista perguntou, enquanto me observava por trás do espelho, admirando sua peça desenvolver vida depois de semanas apenas no papel. Aqueles últimos dias haviam sido cansativos, perdi as contas de quantas vezes Jonny e eu caímos no sono no meio da madrugada ou até mesmo em seu estúdio durante o dia devido às noites pessimamente dormidas.

— Eu acho que os dois vestidos vão ficar maravilhosos, seja na cor preta ou cinza. — Caminhei até o canto da sala, virando de costas para o estilista afim de tirar o vestido com todo o cuidado possível, ainda que já estivesse finalizado e sem qualquer alfinete ameaçando me furar. Tentei ignorar a presença de Jonny no mesmo recinto enquanto eu vestia minha calça skinny e blusa, colocando na minha cabeça que aquilo era extremamente profissional, afinal, quantas modelos nuas Jonny já viu? Além disso, eu nem estou nua, calcinha e sutiã são equivalentes a biquíni e não devem ser motivos de vergonha.

— Você quer ficar até mais tarde hoje? Posso pedir aquela comida japonesa que você adora. —Jonny voltou a se sentar em sua cadeira, já pegando o celular para acessar o aplicativo de entrega de comida.

— Na verdade, hoje eu não posso... — No momento em que disse aquilo, Jonny levantou seu olhar até encontrar os meus, totalmente curioso já que eu nunca dispenso uma oportunidade de trabalho. — Meus pais estão chegando de Los Angeles hoje, vou buscar eles no aeroporto.

Do lado de fora, alguns pingos de chuva sujavam a janela no escritório em que estávamos, assim como as nuvens pretas tornavam o ar mais denso e carregado. Por alguns instantes, minha preocupação alcançou um nível altíssimo, já que naquele momento meus pais sobrevoavam o território de avião e pousos com chuvas costumam ser perigosos e tensos.

— Então eu meio que preciso ir pegar um táxi... Garanto que minha mãe trouxe umas duas malas mesmo que só venha para passar a páscoa e mais alguns dias. Sabe, isso é mal de brasileiro! Uma vez eu fui para o Brasil, tem uma cidade que se chama Búzios, as praias são maravilhosas! Enfim, enquanto eu levei uma bolsa pequena com minhas coisas, os parentes da minha mãe lavaram quase que a casa inteira para passar o dia na praia. — Ri sozinha relembrando daquelas férias, pegando minha bolsa que estava jogada na cadeira logo em seguida.

— Não precisa pegar um táxi, eu te levo. — Abri minha boca para contestar, mas Jonny já estava em pé com a chave do carro em mãos. Não consegui evitar um sorriso bobo e suspiro baixo enquanto meu coração bateu descompassado, admirada por ele se voluntariar tão rápido para uma coisa que ele sequer precisa ter contato: minha família. — Sua família parece legal, não vamos deixar eles esperando no aeroporto, até porque parece que vai cair o mundo daqui a pouco e sei que você odeia estar no carro de estranhos, ainda mais quando chove porquê...

— ''Quem me garante que ele sabe dirigir direito?'' — Completei, lembrando daquela conversa que tivemos em uma das inúmeras madrugadas que passamos acordados e juntos em meu quarto. Jonny balançou a cabeça em positivo, sorrindo de lado antes que descêssemos as escadas para nos despedirmos da equipe de costureiros.

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