»Capítulo 22
Olhei para trás e vi um casal. A mulher era ruiva, usava um coque como penteado, um batom vermelho escuro como maquiagem e tinha um olhar severo naturalmente. O homem também era ruivo, tinha uma barba circular, era careca, tinha uma estatura alta e um tipo físico mesomorfo.
Eram meus pais.
Fiquei encarando eles por alguns instantes. Eu estava com muito medo e ansiedade, não podia acreditar no que estava acontecendo. Senti minhas pernas fraquejarem e meu equilíbrio sendo perdido, acabei desmaiando.
No momento em que Adam desmaiou, seus pais foram até ele.
"Isso é culpa de vocês, seus lixos!" Beatrice dizia, ela estava bem irritada e não queria deixar ninguém chegar perto de Adam, mas acabou sedendo a proposta dos pais de levarem ele até a sua antiga casa.
Beatrice carregou Adam nos braços até o antigo quarto dele, onde o deitou na cama.
Ela e os pais ficaram ao redor dele, esperando-o retomar a consciência.
Quando acordei, eu estava deitado na cama de meu antigo quarto, tive que olhar bem ao redor dele para ter a certeza de que eu realmente estava lá. Meus pais e Beatrice também estavam lá, minha mãe estava sentada na cama, meu pai encostado do lado da porta e Beatrice em pé do lado esquerdo da cama.
— Finalmente você acordou, meu filho! — Minha mãe dizia em um tom de preocupação.
Senti aquela sensação de novo, mas dessa vez eu não pude controla-la e ela tomou o controle sob meu corpo, porém eu pude ver tudo que ela fazia.
— Nossa! Como você se preocupa com seu primogênito! — "Eu" dizia.
"Eu" dizia.
— Filho, eu e seu pai estamos muito arrependidos de tudo que fizermos com você, queremos te pedir desculpa por tudo, quero que você saiba que eu mudei e que agora estou fazendo terapia. — Minha mãe dizia.
— Oh! Olha só! Parece que a vadia está arrependida! Como você é boazinha! — A personalidade dizia em um tom de sarcasmo. Confesso que fiquei impressionado com o "vadia", porque eu nunca teria coragem de chamar alguém disso. Beatrice olhava fixamente para mim, ela parecia segurar a risada, minha mãe fazia uma cara que dizia "O que? Isso não é possível!" e meu pai fazia uma cara de cachorro abandonado. — Pobrezinha! Uma pena que o que fez não tem perdão, você manipulou um pobre patinho sem rumo na vida para torturar o próprio filho. Você não merece o filho que tem. Mas, vamos mudar de assunto, não vamos? — Ele começara a por uma mão no pescoço de minha mãe. — Que pescoço bonito você tem, ele parece tão frágil.
Ele colocou as duas mãos no pescoço dela e começou a enforcá-la, botando uma força surpreendente nas mãos, que nem eu sabia que tinha. Meu pai e Beatrice tentavam afastá-lo da minha mão, mas não conseguiam, eu ficava gritando em minha mente para ele sair, também em vão. Minha mãe já estava ficando arroxeada, e aquilo parecia satisfaze-lo (é estranho falar isso, já que nós compartilhamos o mesmo corpo), parecia que nada poderia impedi-lo de fazer o que estava pensando, o ódio que ele sentia no momento parecia dar mais força. Bia e meu pai continuavam tentando afastar ele, mas as tentativas continuavam sendo em vão, até que Beatrice deu uma cotovelada forte em meu nariz, fazendo com que "eu" largasse minha mãe, batesse a cabeça na janela e conseguisse o controle do meu corpo de volta.
As marcas das minhas mãos haviam ficado no pescoço "da minha vítima", eu queria pedir desculpas mas a voz não queria sair de jeito nenhum.
— Bonnie, você tá bem? — Meu pai dizia a minha mãe, enquanto a segurava nos braços. Ela ainda recuperava o fôlego e não conseguiu responder.
Ele a levou até a sala e chamou Beatrice para ir até lá.
— Eu já volto. — Bia dizia, enquanto passava a mão na minha cabeça. — Fica bem.
Eu queria pedir para ela ficar, mas minha voz ainda não saía.
Quando todos eles já estavam na sala, resolvi fazer algo que era um antigo hábito meu: Fugir de casa. Eu havia crescido um pouco, porém continuava magro, o que ajudou bastante na hora de sair pela janela. Minha casa não tinha nenhuma grade ou cerca, por isso escapar de lá era uma tarefa fácil, já que minha janela dava direto para a rua deserta de carros.
Quando eu não ia para a LAN house ou para a loja de discos, eu ia para um pequeno morro onde tinha muitas árvores frutíferas e foi para lá que fui.
Já no pequeno pomar, vi que tinha um pé de tangerina que estava dando frutos, aproveitei e subi nele. Fiquei durante uma meia hora enchendo a barriga de tangerina, esse tempo foi bom para pensar em tudo o que "eu" havia feito, foi tão bom que não que eu não queria mais sair de lá.
Depois de mais uns 30 minutos, vi Beatrice se aproximando, ela parecia estar me procurando. Como não queria que me achassem, tentei me esconder nas folhas da árvores. Aparentemente o plano havia dado certo, porque Beatrice passou direto por mim, porém ela voltou e ficou parada na frente da árvore, fiquei imóvel, talvez assim ela desistisse de tentar encontrar alguém ali (falando assim, parece que ela é algum tipo de predador pra mim).
— O que é, o que é? Um pontinho laranja em uma tangerineira? É uma tangerina? Não! É o Adam!
Parece que fui descoberto, minha estratégia foi falha.
Olhei para fora da árvore, Beatrice continuava parada lá.
— Desce daí, Adam! Seus pais querem falar com você.
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O Diário de Adam (Hiatus)
General Fiction"O Diário de Adam" mostrará a vida do jovem Adam, que até então, tinha uma vida pacata e solitária em seu apartamento. Desde criança, ele sofreu muito, os seus próprios pais o batiam e xingavam, os socos que seu pai lhe dava eram tão fortes, que c...