Capítulo 26

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»Capítulo 26

Chamei Beatrice mais umas 3 vezes, ela não respondia, parecia estar perdida nos próprios pensamentos, desligada do mundo.

- Beatrice! - Ela continuava sem responder.

Soprei no ouvido dela, acho que foi meio maldade da minha parte, mas era só para ver se ela respondia ou não.

- Ai! O que foi? - Beatrice dizia, enquanto passava uma mão pela orelha que eu havia soprado.

- Finalmente! Eu estou te chamando faz tempo! Parecia que você estava em estado vegetativo!

- Desculpa! É que eu fico assim as vezes, fico bem focada nos meus pensamentos.

- Entendo, mas no que você tanto pensava?

- É... Bem... - Ela estava ficando com as bochechas vermelhas. - Eu estou com um pouco de vergonha de falar...

Beatrice com vergonha? Eu achava que isso não era possível.

- Bom, se você não quiser falar, tudo bem. Eu vou entender.

- Sério?

- Claro! Eu vou ir tomar banho, já volto!

- Tá bom!

Ela dava um sorriso lindo (bem, todos os sorrisos dela são lindos).

Fui para o banheiro, tirei minha roupa, liguei o chuveiro e entrei. Deixei a água quente cair sobre mim, embora o vapor embasasse ainda mais minha visão, tomei coragem para encarar o meu corpo, bem, ele continuava feio, cheio de marcas roxas e cicatrizes, cicatrizes de queimaduras, cortes e outras coisas que eu nem me lembro.

Uma história sobre uma dessas cicatrizes me veio a cabeça: Quando eu tinha uns 16 anos, eu vivia ainda mais estressado e pressionado, pressão por já estar no segundo ano do ensino médio, e não souber o que iria fazer da vida (quer dizer, eu queria ser músico, mas meus pais não iriam aceitar isso e como estamos no Brasil, provavelmente eu não iria fazer sucesso e iria ganhar no máximo um salário mínimo.), mas acabava guardando todo esse estresse e pressão dentro de mim, então, eu queria aliviar tudo isso de alguma forma e só pensava em duas opções: Drogas lícitas ou ilícitas.

Bem, eu não conhecia nenhum traficante de drogas na região onde morava e nem podia comprar alguma bebida alcoólica ou cigarro, mas podia roubar.

No único mercado do bairro, ou melhor, mercadinho, só vendia bebida alcoólica em litro, então mesmo que eu quisesse roubar, não daria para esconder, porém, os cigarros ficavam bem expostos em prateleiras do lado de fora, sem proteção alguma (isso é legal?).

Indo direto ao ponto, em um certo dia eu decidi furtar um maço de Marlboro, então, fui no mercado e disfarçadamente, peguei o maço, escondi na cueca e saí correndo.
Quando já estava longe, peguei um cigarro, acendi, fumei por uns segundos, tive uma crise de tosse, vomitei meu café da manhã e na hora que eu ia largar o cigarro, acabei encostando a ponta acesa na minha barriga e assim, fiquei com uma cicatriz circular na barriga. (Eu escrevi tudo isso só pra falar que me queimei com um cigarro.)

Depois disso, eu nunca mais usei qualquer tipo de droga (a não ser café e os remédios que eu tomo.).

Enquanto isso...

Beatrice ainda queria tomar alguma atitude, mas o medo ainda a consumia. "E se ele me der um fora?", "Será que eu estou indo rápido demais?", "Ele gosta de mim mesmo?", eram algumas das coisas que passavam pela mente dela.

Por conta da gigante dúvida, Beatrice começara a chorar (o que era algo bem raro.), ela tentava se controlar, mas era tudo em vão, pensamentos ruins a dominavam. "Eu estou chorando por causa de macho, meu deus! Desde quando eu sou assim? Beatrice Vilela Trindade, se acalme e se recomponha!" Beatrice falava pra si mesma nos pensamentos, e ela realmente se acalmou, respirou fundo e parou de chorar, mas ainda sentia muito medo.

Confesso que chorei um pouco no banho, mas eu precisava me aliviar um pouco depois de tudo que aconteceu hoje (que droga! Tudo que eu falo remete a alguma malícia que só percebo depois!). De qualquer forma, depois que terminei o banho e troquei de roupa, voltei para a sala, Beatrice ainda continuava meio estranha, mas eu não queria incomoda-la com minhas perguntas.

Bom, não tenho muito mais o que dizer sobre hoje, nós apenas ficamos conversando até cairmos no sono.

Não aconteceu nada demais nos últimos dias, Beatrice continuava meio estranha, o apartamento dela finalmente foi arrumado, então ela voltou para lá ontem de noite, meu espelho novo chegou, eu estou tentando ensaiar mais e bem

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Não aconteceu nada demais nos últimos dias, Beatrice continuava meio estranha, o apartamento dela finalmente foi arrumado, então ela voltou para lá ontem de noite, meu espelho novo chegou, eu estou tentando ensaiar mais e bem... É só isso mesmo.

Desde manhã, algum vizinho tá tocando umas músicas tristes, acho que ele foi chifrado ou acabou levando um fora. Já tocou: Snuff - Slipknot, Lonely Day - System Of A Down, Sorrow - Bad Religion, I Miss You - Blink-182, Rap Do Solitário - MC Marcinho, Largado Às Traças - Zé Neto e Cristiano, e agora tá tocando Black - Pearl Jam. Eu só lembro dessas, mas acho que já deu para perceber que a pessoa é meio eclética.

Decidi sair do meu apartamento para ver quem é o corno. Bem, a única pessoa desse prédio que conheço e escuta rock/metal é a Beatrice, mas não podia ser ela, porque hoje é quinta, então é para ela estar no trabalho.

Fiquei olhando pelo olho mágico das portas dos apartamentos, até achar alguém que esteja com uma caixa de som ligada (acho que estou sendo meio stalker), me surpreendi quando vi o apartamento de Beatrice: Ela estava sentada no chão, com a maquiagem borrada e os olhos inchados, segurando uma garrafa de Velho Barreiro que estava pela metade e a caixinha de som estava ligada.

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