»Capítulo 17
Eu estava sentindo que ia desmaiar, eu me apoiava no microfone para tentar manter o equilíbrio, sentia que todo mundo do lado de fora daquela cabine estava dando risada de mim.
Fechei meus olhos, imaginei que estava sozinho em minha casa, assim como Beatrice havia me ensinado, assim, consegui manter a calma.
— Você está pronto? — O baixista perguntava.
Assenti com a cabeça.
O instrumental começou a tocar, continuei mantendo a calma, deixei minha voz fluir, eu sentia como se meu corpo estivesse flutuando e também (por algum milagre) senti uma pontada de confiança em mim.
Quando o instrumental da última música acabou, saí da cabine, senti um pouco de alívio, mas para compensar fiquei ainda mais ansioso.
— ADAM, VOCÊ FOI INCRÍVEL!
Era Beatrice, ela gritou tão alto que acabei me assustando e quase caí no chão, precisei me apoiar na parede.
Os outros participantes davam risada, os membros da banda ainda disfarçavam um pouco, eu me sentia um palhaço e Beatrice dava risada dela mesma, ela não parecia nem um pouco desconfortável.
— Nossa, dois ridículos. — Lewis dizia, ele não tinha dado nenhuma risada até então.
Fiquei um pouco bravo com o que ele disse, eu já estou acostumado com alguém me xingando, então isso é tolerável, mas xingar Beatrice não.
— Você é bem engraçado, sabia? — Beatrice dizia a Lewis.
Ele só olhou para ela com um olhar de nojo.
Tentei me acalmar, eu não queria fazer nada de errado com alguém, mais especificamente com o Lewis (embora ele merecesse, pelo menos um pouco, ele merece).
Sentamos no mesmo lugar de antes, Beatrice no meio, eu na esquerda dela e Lewis na direita dela.
Cruzei minhas pernas, apoiei um dos meus cotovelos em minha coxa e olhei para a cabine.
— Por que você está me encarando? — Lewis dizia em um tom irritado.
Achei que não fosse comigo, então só continuei olhando pra cabine.
— Eu estou falando com você mesmo! Cabeça de fósforo! — Ele começara a gritar.
Todo mundo começou a encarar Lewis.
— E aí, enferrujado, não vai parar de me encarar não?
Lewis levantou do sofá e veio em minha direção, ficando parado na minha frente (foi só aí que eu comecei a olhar pra ele), ele estava com fúria nos olhos.
— Para como isso aí! Seu cosplay de Xuxa! — Era Beatrice, ela estava em pé ao lado de Lewis.
— Parar? Você vai fazer o que se eu fizer isso?
Ele agarrou meu pulso com uma mão e apertou com todas as forças, ele tinha pego logo em um hematoma mais recente, por isso a dor foi bem intensa e comecei a gemer e chorar de dor assim que ele encostou em meu pulso.
Beatrice partiu pra cima de Lewis e o imobilizou (a cena foi incrível!).
— Me larga, gnomo! — Lewis resmungava.
— Pode soltá-lo, Beatrice. — O baixista da banda dizia. — Deixa que eu o levo para fora.
Beatrice solta Lewis e o baixista o leva pelo braço até a saída.
— Pô cara! Você parece um bebê chorão! Aposto que ele nem apertou tão forte assim. — Um dos participantes dizia.
— Está tudo bem, Adam? — Era o baixista, ele havia voltado. — Posso ver o pulso?
Levantei um pouco a manga do meu moletom, só até onde ele poderia ver só o pulso.
— Nossa! Isso está muito vermelho! Você quer ir ao hospital?
— Ah, acho que não precisa, logo isso melhora.
Beatrice me encarou com um olhar severo.
— Se você prefere assim... Bom, eu peço desculpa pelo Lewis, ele gosta muito de atenção.
— Ah, tudo bem, eu entendo.
— Mas e aí, o teste ainda está de pé? — Outro participante dizia.
— Claro! — Os guitarristas diziam juntos.
Depois disso, o baixista enfaixou meu pulso, me deu um lanche e um refrigerante. Me senti uma criança depois que se machuca, que para parar de chorar o pai tem que dar algum presente (não que essa sensação seja ruim, eu até gostei de sentir ela).
Assim que todos terminaram de se apresentar, o baterista anunciou:
— Todos vocês foram incríveis, mas como a gente só pode escolher um...
Ele ficou encarando todos os participantes por uns 2 minutos, foi bem desconfortável.
— Poxa, gente! Achava que vocês iriam fazer algum escândalo, mas tudo bem. Bom, como eu já disse, só podemos escolher um, esse um vai ser... Divulgado amanhã!
Todos reclamaram desta vez.
— Ah, pessoal! São só mais algumas horinhas! Todos vocês são ótimos, então é difícil decidir na hora.
— Isso mesmo! — Os outros membros da banda diziam ao mesmo tempo.
Após isso, eu e Beatrice fomos embora, entramos no carro dela e partirmos para casa.
— Hoje foi cansativo. — Eu dizia.
— Realmente, principalmente para você. O seu pulso ainda tá doendo?
— Não muito, já está melhor.
— Ele pegou em um hematoma, não foi?
— Foi... Como você percebeu?
— Eu acho que você não faria todo aquele escândalo só por ele ter pegado no seu pulso, afinal, ele nem é tão forte assim, então ele só poderia ter pego em algo que já estava machucado.
— É, bem... Meu pai já prensou esse meu pulso na porta e na janela do meu quarto... Isso aconteceu dois dias antes deles me expulsarem de casa, então é meio recente.
— Seus pais são uns lixos humanos! Nem pais eles são na verdade, eles são uns monstros! Isso sim!
Concordei com ela, mas acho que bem lá no fundo eu ainda os considero como meus pais, porém as pessoas poderiam ter me ajudado também.
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O Diário de Adam (Hiatus)
General Fiction"O Diário de Adam" mostrará a vida do jovem Adam, que até então, tinha uma vida pacata e solitária em seu apartamento. Desde criança, ele sofreu muito, os seus próprios pais o batiam e xingavam, os socos que seu pai lhe dava eram tão fortes, que c...