Capítulo 19

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»Capítulo 19

 — Você tá melhor?

 Beatrice perguntava.

 — Tô sim, obrigado pelo abraço.

 — Não precisa agradecer.

 Ela deu um sorriso tímido. 

 Fiquei olhando para ela por uns instantes, eu só imaginava que eu estava com a pior cara possível e que não valia a pena para Beatrice estar comigo naquele momento.

 — Acho que já vou dormir. — Bia dizia. — Hoje foi um dia cansativo.

 Beatrice parecia realmente cansada, tanto é que ela apoiou a cabeça no meu ombro e dormiu (achei fofo).

 Deitei Beatrice no sofá, coloquei um travesseiro bem macio debaixo da cabeça dela e a cobri com um cobertor, na tentativa de deixá-la o mais confortável possível, até dei um beijinho na testa dela (nossa, tô me sentindo como um pai).

 Depois disso, fui tomar meus remédios, eu não queria demorar muito para dormir, queria que amanhã chegasse logo, eu estava bem ansioso. Não demorou mais que 30 minutos para eu cair no sono.

 Tive um sonho meio estranho, ele começava comigo criança correndo até os braços de minha avó materna, mas quando eu cheguei até ela, ela sumia e isso acontecia com todos os meus avós e no final, eu acabava sozinho no meu quarto da casa dos meus pais.

 Acordei com sentimento ruim, que eu não consigo explicar como era, só sei dizer que era horrível.

 Queria contar para Beatrice, mas ela ainda estava dormindo, foi aí que lembrei que tinha uma consulta com o psicólogo e outra com a psicoterapeuta, então eu poderia contar a eles.

 Ainda era 7:00, então decidi não acordar Beatrice, ela parecia estar bem confortável.

 Me arrumei, tomei uma xícara de café e fui para a consulta.

 Fiquei umas duas horas fora de casa, esse tempo foi bom para eu poder voltar ao meu normal.

 Quando cheguei em casa, me impressionei com o estado em que ela estava.

 — Meu deus! Foi você que fez tudo isso?

 A casa estava toda limpa e organizada, nem parecia a mesma casa de antes.

 — Onde você estava?

 Beatrice dizia parecendo estar com raiva.

 — Ah, eu tinha duas consultas hoje. Quando saí de casa, você estava dormindo, aí eu achei melhor não te acordar. E também, achei que até eu voltar você ainda ia estar dormindo, parecia que o seu sono estava bom.

 — Ah, realmente, eu dormi muito bem, tanto é que tive energia de sobra para poder fazer o café da manhã e arrumar a casa toda. Mas, você poderia ter deixado algum bilhete dizendo para onde ia.

 — Eu esqueci de fazer isso, me desculpa.

 — Ah, tudo bem. — Ela deu um sorriso. — Bom, vamos tomar café?

 — Vamos!

 Beatrice tinha assado um saco de pão de queijo congelado, que estava guardado no meu freezer há uns meses, e também tinha passado um café que estava divino (chega dava um alívio quando eu tomava um gole).

 Ficamos comendo, conversando e dando risada, até que o celular dela toca. 

 — É a banda!

 Beatrice dizia.

 Eu estava ansioso para saber se eu havia passado no teste ou não.

 Ela ficou por mais alguns minutos falando na ligação. Quando finalmente terminou, ela não escondeu uma expressão de tristeza.

 — Então... Você não passou, o Lewis acabou passando. Eles disseram que você foi muito bem, mas que ainda tem algumas coisas para melhorar.

 Mais um fracasso para a lista de fracassos do Adam. Que beleza.

 Não consegui esconder que fiquei triste com isso, mas ao mesmo tempo eu tentava demonstrar que fiquei feliz por pelo menos ter tentado.

 — Desculpa se não ajudei muito.

 Beatrice dizia.

 — Como assim não ajudou muito? Beatrice você mudou minha vida.

 — Mudei?

 — Claro! A gente praticamente se conheceu a menos de um mês, e você já se tornou a minha primeira amiga, me fez contar todos os meus problemas pra você, tá morando comigo, fez eu participar de um teste pra vocalista de uma banda, que eu nunca teria coragem para fazer se não fosse por você, você já presenciou uns surtos meus e além de tudo, tirou meu bv.

 — Nossa, eu fiz bastante coisa mesmo, acho que sou muito apressada, mas espera, eu tirei mesmo seu bv?

  Acho que falei de mais.

 — Sim, eu achei que tinha te falado.

 — Eu acredito que você falou, mas eu acabei achando que era brincadeira sua.

 — Por que eu brincaria com isso?

 — Ah, eu não faço a mínima ideia. Mas, agora eu sei que realmente tirei seu bv.

 Fiquei meio envergonhado com isso, acabei ficando com a cara vermelha.

 — Que fofinho!

 Beatrice dizia.

 Ela apertou minhas bochechas com tanta força, que parecia que ia arrancar um pedaço delas. Isso só me fez ficar mais vermelho.

 — Você fica fofo, quando fica com a cara vermelha.

 — Eu fico parecendo uma pimenta.

 — Mas, fica fofo. Bom, vamos continuar comendo?

  Assenti, porque eu ainda estava morrendo de fome (e porque aquele estava muito bom).

 Quando a gente terminou de comer, o celular de Beatrice tocou novamente, mas dessa vez ela não disse quem era e eu também não consegui ouvir a voz da outra pessoa, só consegui ouvir Beatrice falando "Nossa!", "Sério?", "Com certeza eu vou!".

 Quando a ligação terminou, Beatrice parecia estar muito animada.

 — Você ficou sabendo?

 Ela dizia.

 — Sabendo de que?

 —  Do encontro amanhã.

 — Encontro? Encontro de quem?

 — Do encontro da nossa sala do terceiro colegial.

 Essa foi uma das maiores bobeiras que eu já ouvi.

 — Um encontro da sala? Mas, só fazem uns 3 anos que a gente saiu da escola.

 — É realmente, mas mesmo assim já faz um tempo e eu aposto que todo mundo vai estar diferente, já que a maioria se mudou pra capital, que nem a gente. Uma colega minha falou que vai ser na nossa cidade, mais especificamente, na nossa escola. 

 —  Bom, eu tenho que ir?

 — Ah, eu queria que você fosse comigo, não quero ir sozinha.

 Eu estava em dúvida se eu iria para esse evento desnecessário ou não, se eu for, tenho algumas chances de ver meus pais, se eu não for, é praticamente certeza que eu não vou ver eles.

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