São Francisco, 2010.

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POV Addison

São Francisco, 2010.

Ontem havia sido um dia incrível, o qual eu iria guardar em minha memória para sempre. Junto com as fotografias que tirei. Meu aniversário de 18 anos passei ao lado de Amélia, começamos na praia, tomando alguns drinks e nos afogamos naquele imenso mar. Rimos tanto que nossa barriga chegou a doer. Depois voltamos para casa e tomamos um rápido banho, e nossa próxima parada foi uma casa de jogos eletrônicos. Nos divertimos tanto que eu cheguei a pedir para que aquele dia não acabasse, mas infelizmente acabou e então começou uma outra fase em minha vida. Meus pais não tiveram muito estudo, se conheceram na adolescência e acabaram tendo uma gravidez indesejada, eu. Logo meu pai, Antonio, passou a trabalhar em um mercado perto de casa e abandou a escola. Minha mãe seguiu estudando até eu nascer, e depois disso se dedicou a mim junto de meu pai.

Mesmo tão novos e imaturos, conseguiram me criar com todo amor e carinho que eu podia querer. Meu pai mesmo com seu jeito turrão e bravo, me amava mais que qualquer pessoa nesse mundo, e minha mãe, Bárbara, cuidava de mim com todo seu coração, colocando minhas dores acima das suas. Como dois amantes de festas e bebidas, meus pais decidiram abrir um bar, onde pudessem se divertir e ao mesmo tempo ganhar dinheiro. O que deu certo, minha mãe era tão boa com as contas, sempre foi ela que comandou o dinheiro de nossa família. E papai era bom com decoração, e conhecia bem as bebidas. Foi ele que escolheu cada cor daquele estabelecimento. Nosso bar logo cresceu, muitos homens e mulheres passaram a frequentar o lugar, recomendando para amigos. Mamãe adorava dançar, e era muito boa nisso. Parecia ter nuvens nos pés, e foi então que colocou uma barra vertical e passou a dançar ali. Papai não gostava muito daquilo, mas aceitava pois sabia que era o que ela amava. Passou a admirar dona Bárbara dançando na noite, e espantando todos os "urubus" de perto dela.

Logo outros homens e mulheres buscaram o palco, mas em troca de dinheiro. Alguns procuraram meu pai para pedir que dançassem ali, fazendo um acordo que 10% de tudo o que ganhassem seria da casa. Meu pai no começo não gostou, a ideia do bar na era essa, mas minha mãe sabia muito bem dobrar seu Antônio e assim fez. The pleasure passou a ter dançarinos no palco, que tinham bastante talento. Meus pais ampliaram o local, criando um segundo andar, fazendo quartos ali. Alguns dos dançarinos dormiam com clientes em troca de dinheiro, e eu não julgava. Quem era eu para fazer tal coisa?

Quando completei meus 18 anos passei a trabalhar no negócio da família, eu ficava no bar, junto de Gustavo fazendo drinks. Logo depois passei a servir, e então comecei a dançar. Assim como minha mãe, eu tinha jeito para tal coisa, a mesma havia me ensinado muito. O dinheiro foi ficando mais curto, papai havia feito um investimento horrível, sem ouvir minha mãe e fomos ficando sem dinheiro. Até mesmo para manter o bar. Eu queria arrumar um emprego, mas nunca conseguia. Queriam alguém experiente e eu era apenas uma garota nova cheia de sonhos e ilusões. Em uma noite pedi para mamãe que me deixasse dançar também ali, podendo assim ajudar com algum trocado. No começo ela foi contra, mas depois eu consegui dobrar também ela. Eu dançava escondida de papai, sempre as quintas, porque era o único dia que papai estava fora dali. Mas naquela quinta, ele resolveu aparecer por lá, e me pegou dançando no colo de uma mulher morena, muito linda por sinal.

- ADDISON ADRIANE. - Ao ouvir a voz grave de meu pai sai mais que depressa do colo da minha cliente, buscando me tampar com as mãos, já que tudo o que eu vestia eram meias rastões, saltos e um body preto com pedraria.

- Pai... por favor. Eu posso explicar. - Eu tremia enquanto abraçava meus próprios braços. O bravo senhor Antônio nunca havia sido agressivo comigo, ou com mamãe. Mas eu estava com medo, não sabia o que ele podia fazer ao ver sua menina assim, nessas roupas, se esfregando em uma estranha.

Borrowed love (Em revisão)Onde histórias criam vida. Descubra agora