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O penteado era desconfortável, mas a garota sabia que aquilo seria desfeito logo. Sabia que iria voltar para seus aposentos logo e toda aquela arrumação iria cair em alguns segundos. Pelo menos, assim desejava e ansiava.

Seu vestido parecia igualmente desconfortável, mas ela tinha que segurar. Era a primeira vez que ia conhecer um príncipe e todo àquele baile e suspense era apenas para a ocasião única.

Marinette tinha oito anos quando fora prometida em casamento à Luka Couffaine, que beirava seus dez e era o príncipe de um reino próximo. Um acordo que só seria selado quando a menina completasse seus belos dezoito e chegasse a maioridade.

Estava em um local mais alto que toda a festa, em pé, junto de seus pais. Olhou para a multidão; a nobreza era tão esnobe que chegava a ser frustrante. Marinette fora criada por um rei muito gentil, uma rainha que fora camponesa e pais que se casaram por amor.

— Psiu, Mari! — alguém chamou sua atenção e ela olhou para seu lado esquerdo, procurando quem havia a chamado. — Já achou ele?

Adrien era filho do comandante da guarda real, Gabriel Agreste, e da costureira e estilista, Emilie. Tinha os cabelos loiros bagunçados, os olhos verdes atentos, um dos dentes faltando e acabara de completar nove anos. Era fofo e tinha uma estatura baixa para a sua idade.

— Ainda não. — ela voltou a olhar para a multidão, se certificando, e então voltou para o amigo. — Adrien, estou com medo.

— Fica tranquila, Princesa! — ele sorriu e assumiu a posição em que os guardas normalmente ficavam. — Eu irei proteger você!

O jeito do loiro a fizera rir e sentir a coragem brotar em si. Adrien era seu melhor amigo desde que se conhecera por gente. Era quem a protegia e sonhava em ser guarda real, como seu pai.

Era ele quem não a tratava como "princesa", mas sim como sua melhor amiga. O garoto conseguia ver um lado da azulada que quase ninguém via.

— A Rainha Anarka Couffaine, o Príncipe Luka e a Princesa Juleka, do Reino Hardrock! — ouviu-se de algum lugar depois que a música parou, e a garota voltou sua atenção para a multidão, que abria caminho.

Os olhos azulados pousaram, de imediato, no garoto com os cabelos pretos que vinha ao lado direito da mãe. Estava vestido com o típico terno da realeza, dos quais os príncipes utilizam em eventos importantes. Era preto, com detalhes em dourado e azul.

A princesa usava um longo vestido preto, repleto de detalhes roxo e dourado. A rainha, vinha de preto, vermelho e dourado. Era claro as cores da bandeira do reino: preto e dourado.

— Marin! — ouviu o amigo a chamar de novo, e ela inclinou levemente a cabeça para o lado, mostrando estar atenta. — Como ele é? Não consigo ver!

Ela avaliou o príncipe. Parecia alto e as mãos estavam unidas atrás de seu corpo, caminhando com sutileza até a família real do Reino Gotlib. O garoto não desgrudava os olhos da princesa, parecendo, igualmente, avaliá-la.

— Normal. — respondeu para o loiro, que ainda tentava ver a família Couffaine. — Ele é... estranho.

— Estranho como? Se algo acontecer com você, espero que ele saiba que eu irei bater nele! — ele murmurou, mas a garota não teve chance de responder já que, por se tratar de uma família real, tiveram que descer do lugar alto que estavam e os cumprimentarem.

Marinette ficou na frente de Luka, que a olhava de uma forma séria, igual à ela. Nenhum dos dois parecia ter interesse no outro, mesmo sabendo do casamento.

Os seis fizeram suas devidas, e profundas, referências. Pela a primeira vez, a princesa não queria se casar com um garoto como aquele.

— É uma honra receber-vos! — o rei disse, alegre, começando uma conversa com a rainha do outro reino, que sorria e mostrava interesse na conversa. 

Enquanto aquilo acontecia, Luka e Marinette apenas se encaravam. Ele era bonito. Mas, ainda assim, parecia estranho.

— É bom, finalmente, conhecê-la. — ele disse. Parecia cedo demais para tentar dizer algo, já que ela ainda estava tentando mudar o jeito que pensara nele.

— De fato. — o respondeu, friamente, continuando a encarar o príncipe.

Àquela havia sido a primeira conversa dos dois: fria como a neve. Marinette não sentiu vontade de continuar a conversa, já que Luka parecia estranho demais para tentar algo. Ela queria falar com Adrien.

Quando, finalmente, conseguiu sair da visão de seus pais e do lado do príncipe, foi ao encontro de Adrien, que estava conversando com Nino, o filho de outro guarda.

— Vossa Alteza. — o moreno disse, se curvando para ela, que sorriu para o mesmo.

— Adrien, podemos conversar? — perguntou, educadamente, e o garoto assentiu.

Marinette segurou no pulso do loiro e o puxou até estarem no jardim, longe da festa, onde pode respirar profundamente, como se recuperasse o ar que perdera durante toda a noite. Ela se sentou na grama, espalhando a saia rosa para todos os lados e o amigo se sentou ao seu lado.

— O que houve? — ele perguntou, gentilmente.

— Ele é... estranho. — ela repetiu, estremecendo-se de repulsa. — Não quero me casar com quem acabei de conhecer!

— Vocês vão se casar hoje? — o garoto perguntou, assustado.

— Não! — ela respondeu, rapidamente. Marinette sempre pensara e agira como se fosse dois anos mais velha; era inteligente para a sua idade. — Ele é tão estranho!

— Você não vai se casar agora. — o loiro murmurou e abraçou os ombros da princesa. — Ele ainda vai poder brincar de esconde-esconde com a gente, não é?

— Acho que ele não pensa como nós. — respondeu, mostrando a língua para ele. — Gosto mais quando é apenas eu, você, Nino e, às vezes, Alya.

— Você é a minha melhor amiga, Marinette. — o loiro disse, baixinho. — E é a minha princesa. Não vou deixar que nada de mal te aconteça.

— Você é baixo demais para me proteger! — brincou e socou o braço do garoto, que soltou uma exclamação. Ela ficou em pé e estendeu a mão para o Agreste. — Vamos. Temos que voltar.

O loiro revirou os olhos, mas aceitou a ajuda para se levantar. Marinette passou a mão na saia rosa, tentando desamassar o vestido e tirar qualquer vestígio de grama.

— Mari, um dia eu vou ser seu guarda-real. — ele murmurou, andando na frente dela e de costas, a fim de que pudesse a olhar. — Se alguém poderá te defender, será eu!

— Sonhar não custa nada. — ela brincou, levantando os ombros e rindo, ainda andando rumo a festa, ouvindo o garoto dizer que aquilo ia acontecer.

— Podemos brincar de esconde-esconde. — ele sugeriu quando chegaram no salão. — Vamos achar Nino e Alya.

A garota concordou e ele segurou a mão da princesa, a puxando pelo meio de todos que estavam por lá. Começaram a procurar os outros dois amigos e assim que acharam Alya, a princesa segurou na mão dela, a puxando para começarem a procurar o outro garoto.

Aos oito anos, Marinette era nova demais para saber o que era amor. Quando não se tem muita consciência do que é, nós, realmente, não sabemos onde estamos nos metendo.

destiny | [AU] AdrinetteOnde histórias criam vida. Descubra agora