Quando Amanda abriu os olhos naquela manhã fria, percebeu que seria um dia ruim.
Despertar não era a pior parte, mas sim levantar: arrastou-se para fora da cama com dificuldade, tropeçando numa camiseta no chão e se xingando mentalmente. Não podia culpar Fluffy, afinal, era apenas um mísero hamster que dormia tranquilamente em sua gaiola, coberto pela serragem.
Era, de fato, um dia ruim.
Não apenas por seu cabelo estar totalmente desalinhado, sua calça favorita estar molhada ou uma garoa fina estar caindo lá fora, mas sim pelo conjunto. Decidiu prender os cabelos no típico rabo de cavalo, rezando para que não enchessem seu saco no trabalho e voltou para o quarto, deixando a toalha sob a cadeira e procurando algo confortável para vestir.
Optou por uma calça preta, uma blusa vermelha e um casaco. Que mal havia? Estava fadada a passar oito horas e meia sentada numa cadeira assinando conhecimentos de embarque, emitindo documentos e advertindo clientes, dizendo diversas e diversas vezes que não podia simplesmente fazer o navio ir mais rápido.
Já vestida, desejou a Fluffy um bom dia e saiu do quarto batendo a porta com força, indo em direção a cozinha. Não era uma fã de café, mas tomava todas as manhãs com dois cubos de açúcar. Foi um ritual que adotou pelas manhãs em busca de algo que fosse aumentar seu ânimo, mesmo que no começo fizesse algumas caretas, acabou se acostumando.
Se não tomasse seu precioso – e ruim – café de manhã, ficava irritada pelo resto do dia.
Verificou as notícias, mas estava mais concentrada em repassar mentalmente tudo que precisava fazer no escritório, afinal, era sexta-feira, e não estava afim de ficar até mais tarde.
Planos para uma sexta? Claramente não.
Jogou seu celular na bolsa marrom, bem como sua necessaire roxa e calçou os sapatos, pegando o guarda-chuva perto da porta e finalmente saindo de casa, marchando para mais um dia. O escritório não ficava longe, por isso, numa caminhada de apenas dez minutos já estaria pronta para começar oficialmente o dia.
Mas era um dia ruim.
Na caótica cidade de Londres, onde tudo é para agora, com ruas cheias, escritórios lotados e uma diversidade cultural imensa, Amanda construiu seu lar. Nascida em Oxford, saiu cedo de casa para morar com sua única tia que realmente se importava com ela: Helena.
Na caótica cidade de Londres, num cruzamento a míseros dois minutos de seu trabalho, um carro passou em alta velocidade em uma poça d'água, a deixando completamente molhada.
Era um dia horrível.
Xingou mentalmente a pessoa, que sequer buzinou lhe pedindo desculpas! Respirou fundo, contou até cinco, amaldiçoando até a terceira geração do infeliz que conseguiu acabar com seu dia – e suas roupas – sem pestanejar.
Valeria a pena voltar para casa? Mas estava tão perto do trabalho... preferiu ir, afinal, o casaco foi o mais ferido pela água, e o poncho preto, que mantinha guardado na última gaveta de sua mesa, poderia ser a solução para que não ficasse tremendo de frio pelo resto do dia.
Foi o que pensou.
Adentrou no prédio e apertou diversas vezes o botão para o sétimo andar, mas, dessa vez, o elevador demorou mais do que de costume. Tremendo, agradeceu mentalmente quando ele apareceu, e pôde se enfiar no canto do elevador e ali ficar.
Mas, antes do elevador subir, a porta abriu novamente.
— Mas que porra... — sussurrou quase inaudível, se arrependendo rapidamente quando percebeu que era Ramon.

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On Rainy Days [H.S] [PT/BR]
FanfictionAmanda não acreditava em destinos: a mística na palavra para vender romances clichês e alimentar esperanças nas pessoas não combinava com a menina. Harry, no entanto, acreditava fielmente em destinos, e principalmente que ele lhe reservava um amor p...