Crash

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Apesar de ninguém dizer em voz alta, todos tinham medo de Amanda Huber, Analista de Exportação Sênior. Nada passava despercebido por suas análises documentais, seus processos estavam sempre em dia e Amber confiava nela de olhos fechados.

Era a mais experiente, e às vezes ficava assustada sobre como a garota de cabelos curtos e olhos medrosos se tornou a mulher forte á sua frente. No primeiro semestre da faculdade se candidatou a vaga de estágio numa das maiores empresas de agronegócio do mundo, renomada por suas exportações volumosas e processos intensos, com um capital exorbitante.

Apesar de fechada, sempre esteve ali para ajudar todos, desempenhando papéis de excelência e erradicando alguns problemas recorrentes que aconteciam no departamento, assistiu tantos irem embora e chegar... mas ela ficou, pois Amber enxergou um potencial imenso nela.

E lá estava a garota de franja e sorrisos tímidos comandando uma reunião com veemência para denunciar alguns pontos fracos que o time vinha sofrendo e apresentar melhorias em algumas planilhas e reforçar processos. Caminhava de um lado para o outro, trocando os slides com um pequeno controle em suas mãos e explicando com calma cada um deles.

Era exatamente isso que ela vinha fazendo: entupindo-se de trabalho, saindo do escritório por último e chegando primeiro, ficando de plantão durante os finais de semana e enlouquecendo. Apesar de achar que ninguém iria notar, todos estavam confusos com o repentino aumento de trabalho de Amanda.

Mas ela fazia o processo inteiro, atuando até mesmo nas cartas de crédito mais complexas e pegando involuntariamente algumas coisas para si. Amber carinhosamente sugeriu que ela tirasse alguns dias de folga para espairecer, mas ela se recusava.

Porque a saudade batia violentamente em seu peito e, se ficasse em seu apartamento, acabaria ligando para ele.

Harry visitou lugares, conheceu tantas pessoas e recebeu tanto amor... dormia poucas horas, ensaiava no quarto e até mesmo saiu para beber com seus colegas de banda, mesmo que acabasse chorando sozinho em seu quarto ao sentir que poderia perder Amanda quando chegasse em Londres, e a ideia lhe assombrava.

E ele estava exausto fisicamente, mas se forçava à fazer coisas em seu pouquíssimo tempo livre para não pensar tanto em Amanda, mesmo que conversassem vez ou outra e ela até lhe mandava fotos do seu hamster favorito, e até mesmo dele o garoto sentia falta. Mas nesses dois meses Amanda poderia ter percebido que ele não era o melhor partido do mundo.

E sabia que ela não cogitaria em o abandonar se estivesse certa disso.

Mas ele estava voltando para Londres, tão feliz, mas tão amedrontado. Seus olhos correram pelas nuvens fora da janela enquanto ouvia uma demo que estava produzindo, sentindo seu corpo tremer um pouco. Talvez dormir fosse a melhor opção, mas sua ansiedade não parecia feliz com isso e o deixava acordado.

Quando o avião aterrissou e foi instruído a tirar o cinto, pouco passava das onze da noite. Sua equipe fora dispensada, apesar dos protestos de seu manager mas ele estava pouco de lixando, queria ficar sozinho.

Pelo menos longe deles.

Harry se enfiou no cachecol vermelho e puxou a mala da esteira, saindo às pressas e indo em direção ao estacionamento, será que deveria esperar até o outro dia para ver Amanda? Ele não havia lhe avisado que já estava voltando, mas fazer surpresa não era o seu forte e ele já se sentia um pouco arrependido, desejava a ver tanto...

E assim que jogou as malas no banco de trás e sentou no banco, se viu num dilema.

Batucava os dedos no volante e encostou a cabeça no estofado, será que ela já estava dormindo? Oh sim, idiota, ligar era a melhor opção.

On Rainy Days [H.S] [PT/BR]Onde histórias criam vida. Descubra agora