Hotel Room

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— Dois quartos, por gentileza. — Amanda sussurrou com dificuldade, se sentindo constrangida por estar formando uma poça d'água na recepção do hotel.

— Temos apenas um quarto disponível, senhorita. — A mulher que pouco parecia passar do quarenta lhe informou com uma expressão neutra. Seu batom vermelho perfeitamente aplicado aos lábios carnudos lhe chamou atenção por um momento, o que a distraiu.

— Desculpe?

— Temos apenas um quarto disponível, estamos com uma demanda alta nessa época, senhorita.

Harry apareceu ao lado de Amanda com um boné, seu rosto estava parcialmente coberto pelo cachecol úmido. Girava as chaves do carro nos dedos e tremeu quando o ar frio da recepção entrou em contato com seu corpo molhado. Amanda tremia violentamente, seus lábios estavam roxos e a poça em seus pés era alta.

— Conseguiu? — Perguntou baixo, tentando não chamar atenção da recepcionista.

— Tem apenas um quarto, Harry.

O barulho estrondoso do trovão lá fora fez a garota dar um pulo, seus dedos praticamente congelados friccionavam-se em busca de calor. Harry a encarou e, por um momento, se arrependeu profundamente de sua ideia insolente.

— Boa noite, nós vamos ficar com o quarto. — Virou-se para a recepcionista, que assentiu. — Por gentileza.

— Apenas essa noite? — Perguntou, e o menino prontamente assentiu. — Preciso da identidade de vocês.

Harry tremeu. Sacou do bolso sua carteira e apresentou sua identificação, rezando para que a mulher não dissesse nada e muito menos o reconhecesse. Amanda caminhou até lá e, sem dizer nada, pegou a carteira azul de sua bolsa e colocou sua identificação na bancada, que foi recolhida pela mulher.

Enquanto ela cadastrava-os no sistema, Harry encarou a Analista preocupado, que agora já guardava a carteira na bolsa com dificuldade. Segurou em seus ombros e ela levantou a cabeça para o encarar, ainda um pouco confusa.

— Você está bem, Mandy?

E ela estava, estava ótima. Na praia, quando sua respiração voltara a calmaria e já molhara o casaco de Harry o suficiente, ela sorriu e retirou os sapatos. Sentiu a areia fofa passar dentre seus dedos, o cheiro do oceano acalmar sua alma, a brisa cortante que faziam seus cabelos esvoaçarem. Ela correu pela areia, caindo duas ou três vezes e sorrindo em todas elas.

Amanda pegou duas conchas grandes e a colocou em sua bolsa, bem como se deitou na areia e observou as estrelas, que cintilavam no céu. Helena dizia que seria uma bela e tímida estrela no céu, cativante e surpreendente. Harry se juntou a menina e mergulharam num silêncio confortável, pelo menos até as primeiras gotas de chuva atingirem seus rostos.

Apesar de terem corrido para o carro, a distância foi suficiente para que ficassem encharcados. Harry se desculpou inúmeras vezes, mesmo Amanda dizendo que estava tudo bem e ele não precisava se preocupar com isso, afinal, ela estava feliz, muito feliz.

A chuva foi se tornando cada vez mais forte, a ponto de Harry não conseguir mais ter visão da estrada e dirigir já se tornava perigoso. Dormir no carro não era uma opção viável, e a sugestão tímida que escapou dos lábios dele eclodiram nos ouvidos de Amanda, que apenas aceitou.

Não tinha muito o que fazer, talvez fosse a melhor opção.

E lá estavam eles: com a chave do quarto do hotel em mãos, caminhavam para o elevador em silêncio. Quando entraram, Amanda encostou no espelho e suspirou pesadamente, Harry conseguia ouvir seus dentes rangerem.

— Deveria ter sido mais cuidadoso. Me desculpe, Mandy. Esqueci que toda vez que nos encontramos acaba chovendo. — Soou envergonhado.

— Não se desculpe, Harry. Está tudo bem, honestamente, estou mais feliz que nunca. — Sorriu.

On Rainy Days [H.S] [PT/BR]Onde histórias criam vida. Descubra agora