Who

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— Amor, não esqueça de usar os cremes. Eu já vou voltar a gravar, te mando mensagem quando estiver indo pra casa. — Harry disse, sorrindo bobo ao ouvir a voz manhosa da namorada lhe desejando um bom dia.

Porque apesar de ser madrugada, ele era um filho da noite e vinha trocando os horários com certa frequência.

E como sempre, ela foi a primeira a desligar o celular e o homem jogou o aparelho no bolso, se espreguiçando no sofá e levantando logo, voltando ao trabalho e sentando-se na mesa de som. As faixas estavam quase prontas, mas uma delas precisava de um toque, algo faltava e ele não se sentia de fato satisfeito. Pouco passava das quatro da manhã, mas parecia eufórico por algum motivo.

Se pudesse, ficaria no Hawaii para sempre, as duas semanas passaram tão rápido que mal se deram conta: o casal se divertiu entre comer comidas típicas, caminhar na praia de noite e construir memórias juntos. Amanda nunca tinha tomado tanto sol na vida, e isso resultou em algumas pequenas queimaduras em sua pele, mas sequer estava triste por isso.

Porque experimentou frutas novas, construiu um belo castelo de areia e dormiu abraçada com Harry sob a luz da lua. Porque colecionaram conchas, fizeram massagens juntos e correram pela areia, tiraram cochilos juntos no sofá e tomaram banho juntos. Porque era com ele, e ela não poderia estar mais feliz, mesmo quando ele a acordava abrindo as cortinas e já estendendo suas roupas de banho para a menina.

E enquanto Harry movia os dedos pela mesa de som e franzia o cenho tentando encontrar o erro, a menina secretamente chorava embaixo das cobertas enquanto lia alguns comentários sobre sua aparência. Apesar de nunca ter tido interesse em redes sociais, após as notícias sobre ela terem saído na mídia criou contas secretas: sem nomes, com todos os dados alterados, mas que ela pudesse chegar ali.

Lidar com comentários maldosos não era a coisa mais fácil do mundo, e a cada dia aprendia isso: mesmo que fingisse, que tentasse esquecer e principalmente organizar seus sentimentos, tudo caía aos pedaços, e ela se enfiava novamente na posição de ler todas aqueles palavras rudes em relação a ela, sua aparência e as poucas informações que tinham.

Tudo bem, sabia que não era grande coisa e sua aparência mediana não podia ser comparada ao histórico de seu namorado, mas ninguém conseguia acreditar que ele de fato era apaixonado por ela; em ressalva, pouquíssimas pessoas lhe defendiam. Harry era feliz com ela, não? Pelo menos era o que achava, e o que ele dizia.

Mas ninguém parecia interessado no amor, apenas nas aparências.

E ela chorou suficiente para que sua cabeça doesse e o rosto ficasse inchado, mas não demorou a cair no sono com o celular ainda em suas mãos, enroladas em cobertas fofas e sentindo o cheiro de Harry no travesseiro ao lado. Mas quando acordou, pouco passava das onze, e ele ainda não estavam em casa.

Se arrastou para fora da cama com o celular em mãos e fez seu caminho até o banheiro enquanto entrava nas mensagens de Harry e via se tinha algo, mas nenhum sinal dele. Ele não costumava ficar tanto tempo sem lhe mandar algo, e seu primeiro instinto foi lhe mandar uma mensagem:

[Amanda]: Amor, está tudo bem?

Harry de fato leu, mas não respondeu. Se contentou a bloquear a tela do celular e voltar sua atenção a Brandon, que tremia como uma vara verde à sua frente. E ele de fato deveria estar em casa dormindo, mas passara as duas últimas horas tentando convencer o paparazzi a contar quem o subornou para divulgar as fotos.

— Me ajude a te ajudar, Brandon. Nós fizemos um trato, o dinheiro que paguei a vocês não foi suficiente? Ou foi outra pessoa?! — Disse enfurecido, tentando se segurar para não voar nele.

— Não é tão simples assim, Styles. De fato foi um ótimo dinheiro, mas pagaram por mais, eu não podia negar. Por que não tenta arrancar a informação de quem escreveu o artigo? — Tentou jogar a culpa a outra pessoa, mas isso só o deixou mais irritado.

— Mas que porra! Não é como se eu não tivesse feito isso, eu tentei de tudo! — Suspirou, tentando se acalmar — Brandon, eu não vou envolver seu nome nisso, mas preciso saber quem foi.

— Não vai conseguir ter essa informação de mim, Harry. Estou lidando com meu trabalho aqui, é arriscado demais. — O ruivo encarava obsessivamente a porta como se quisesse escapar.

Harry não era idiota, conhecia Brandon de vista há tempos. Paparazzi do The Sun, conhecia diversos do ramo e sempre dava um jeito de ocultar as informações quando se tratava de suborno. E não era de agora, já que ainda na época da OneDirection começara a perseguir os meninos.

E o moreno pagou um valor alto, alto suficiente para que deixar com uma pulga atrás da orelha sobre quem havia feito aquilo, quem havia exposto sua namorada: quem diabos queria lhe prejudicar tanto a ponto de gastar tanto dinheiro com diversos paparazzis? Soava absurdo, e só o deixava mais irritado.

Mas Harry estava cansado, com sono e com vontade de abraçar Amanda e se desculpar por tudo aquilo mais uma vez, precisava acabar com isso logo.

— Você realmente não vai abrir a boca? — Grunhiu, e o ruivo se mantinha irredutível.

— Não, Styles. Posso ir? — Foi irônico, já fazendo menção de se levantar.

— Eu vou descobrir, Brandon. Você não vai sair impune disso. Considere um aviso, não uma ameaça. — Debochou, se levantando e saindo da pequena sala enquanto batia a porta com força.

E naquele momento, Brandon percebeu que conseguir fotos de Harry na saída do estúdio foram um erro. Seus dedos correram pela tela do celular e logo avisou para o mandante o que havia ocorrido, pensando que seria liberado e excluído de qualquer eventual problema.

Harry não ia sossegar, pelo menos não tão cedo. Ele fez seu caminho até a casa de Amanda rápido e batucou os dedos no volante o caminho inteiro, se sentindo relativamente mais relaxado quando pulou para fora do automóvel e praticamente correu até a recepção do apartamento.

Não precisava mais se identificar para entrar, e agradeceu silenciosamente quando o elevador chegou rápido — e vazio —, se certificou de fingir um sorriso e acalmar os ânimos de fato quando chegou ao andar, caminhando até a porta do apartamento tranquilamente.

Com duas batidas, entrou. Seus olhos correram pelo apartamento bonito e enxuto, os cabelos inconfundíveis e pijamas rosa estavam na varanda em meio as plantas, apesar do frio.

— Use ao menos um casaco, amor. — Disse, chamando a atenção da garota.

Tudo parecia certo, até ele se aproximar um pouco mais após tirar os sapatos e perceber como os olhos delas estavam inchados e a ponta do nariz levemente avermelhada. E como vinha se tornando uma ótima atriz, ela apenas sorriu enquanto segurava uma xícara de chá. Mas não conseguia escapar, não do olhar atento dele.

Em silêncio, ele se aproximou um pouco e a puxou para um abraço repentino, abraço no qual Amanda retribuiu sem pestanejar. E enquanto abraçava-o pela cintura, sentia seu calor e segurava algumas lágrimas, mal sabia que ele já não se importava com isso, chorando baixo e se martirizando por tudo que fez à ela.

E doía tanto assim porque ele a amava demais, talvez mais do que um dia achou ser possível amar alguém.

E por amá-la tanto, temia que ela fosse lhe deixar por isso.

On Rainy Days [H.S] [PT/BR]Onde histórias criam vida. Descubra agora