Capítulo 2

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Nicolae Narrando

Vejo ela indo em direção da minha estante de livros e encaro ela atentamente. Não gostei da forma como os meus irmãos a trataram, afinal das contas ela não merece ser tratada mal por algo que eu não queira, e que tão pouco ela parece querer também.

Vejo ela pegar em um livro que eu particularmente gosto.

- Esse é "Orgulho e Preconceito", de Jane Austen. – Ela se vira assustada.

- Oh meu deus, que falta de educação... desculpe ter mexido em suas coisas, eu... - Sorrio. – É que sempre quis ler, mas nunca tive oportunidade. – Franze o cenho. – Minha mãe diz que esse livro poderia fazer eu pensar de forma incorreta, algo do tipo.

- Pode ler, se quiser. – Ela sorri.

- Mesmo?? Nossa, Obrigada. – Aceno e sorrio por seu entusiasmo.

– Bom, acho que devíamos descer agora, quem sabe assim o Viktor, vai embora de uma vez.

- Porque não o chama de pai? – Arregalo os olhos com sua pergunta. – Pelo que ele contou a meus pais, vos salvou a vida, não seria de bom grado o chamar de pai? Ele parece vos amar. – O santo Viktor, já plantou seu teatro.

- É o hábito. – Disfarço.

- Ah sim.

- Vamos? – Ela concorda. Abro a porta e a mesma sai.

Descemos as escadas e vemos o Viktor já com as malas no andar de baixo.

- Querida Mary. – Vem de braços abertos para perto da mesma. – Espero que se sinta em casa. – Abraça-a.

- Vou tentar. – Ela sorri. Apesar de não querer esse casamento, não posso ser hipócrita ao ponto de não admitir que ela é realmente bela, seu cabelo ruivo e seus olhos é algo tão incomum, nunca vi algo parecido.

- Claro e serás muito bem acompanhada. Meus filhos não lhe faltarão ao respeito. – Eles já faltaram.

- Isso não estava em discussão. – Sorri falsamente.

Eles ficam conversando e eu vou até meus irmãos.

- Aquilo que fizeste foi inadmissível, Drogo! – Ele ri.

- Era só para chatear a peste. – Dá de ombros.

- Que seja. – Calo-me assim que vejo o Viktor se virar e pegar na mala.

- Adeus, meus amados filhos. – Vejo o Drogo se aguentar para não rir na cara do mesmo. Ele nem representar sabe.

- Finalmente, quanto tempo ele levará agora? Três meses? – Repreendo o Drogo com o olhar e ele só depois é que entende. – O que é? Assim posso trazer as minhas amigas aqui em casa. – Disfarça.

- Bom, já é tarde, devíamos todos ir dormir.

- Nicolae. – Escuto a voz dela atrás de mim e olho para ela. – Ainda, não sei onde vou dormir.

- Ah sim, ah... no quarto onde a babá da Lorie dormia, talvez...

- Mas, supostamente ela não deveria dormir contigo? – Peter pergunta.

- Conversamos e achamos melhor que não. – Explico. – Pelo menos enquanto o Viktor não estiver presente.

- Então a coitadinha, tem medo de ser comida? – Ela arregala os olhos.

- Não... eu só...

- Drogo, chega! – Ele ri.

- Era brincadeira. – Levanta as mãos em rendição. – Vou sair. – Pega o casaco do bengaleiro e vai até à porta desaparecendo na escuridão lá fora. Suspiro.

- Vem, Mary. Vou mostrar-te tua habitação. - Acena.

- Boa noite. – Diz para Lorie e Peter.

- Boa noite. – O Peter responde sorrindo. Lorie continua emburrada por eu ter uma "namorada".

Subimos as escadas e eu abro a porta do quarto onde ela irá dormir.

- Bom... é aqui, mas se quiseres eu posso ficar aqui, ficas no meu que é muito maior e...

- Está bom aqui para mim, obrigado. – Aceno.

- Bom, então é só estalares-te. – Acena. – A vou buscar as tuas coisas ao meu quarto então.

- Sim, claro. – Saio do quarto.

– Saio do quarto.

Mary Narrando 

Começo a olhar tudo o que está presente no quarto, desde um canto até a outro. Ando até à janela e olho para fora. A lua está linda, brilhante e cheia. Abro a mesma para me apoiar no parapeito e aprecio o jardim da mansão. É tudo tão bonito.

Escuto baterem à porta e abrirem no segundo a seguir.

- Está aqui. – Aceno. – Boa noite.

- Obrigada e boa noite para ti também, Nicolae. – Ele sorri e fecha a porta.

Volto a olhar pela janela e grito de susto, vendo uma coruja na minha janela. Uma linda coruja. Quando ia me preparar para mexer a porta se abre.

- Está tudo bem? Ouvi um grito. – Coço a testa.

- É que quando abri a janela vi uma...

- Uma...

- Uma aranha. – Sorrio. – É vi uma grande aranha, mas já atirei algo contra ela. - Optei por não contar que era uma coruja, ele me perdiria chamar de medrosa.

- Ah... ok... - Pega a maçaneta. – Então, boa noite. – Sorrio.

Volto para a janela e vejo a linda ave branca voltar.

- Me deste cá um susto. – Sorrio e toco sua cabeça. – Bom, talvez queiras entrar e dormir um pouco comigo? – Ouço ela piar e tomo aquilo como um sim. Pego ela em meu colo e coloco na cama, onde aproveito e dasarrumo. Deitando a pequena com asas lá. – Vou deixar a janela aberta, caso queiras sair depois. – Me deito ao seu lado e me cubro. 

Acordo com a luz da janela batendo no meu rosto. Parece que eu fiz bem em deixar a janela aberta, a pequena coruja já não se encontra onde a deixei. Me mexo na cama e ouço algo cair no chão. Assusto-me e apresso-me a ver o dono do barulho. Encaro o livro que conheço muito bem. É aquele livro que estava na estante do Nicolae ontem, mas... ele veio trazer ele quando? Não me lembro de ter-mo dado ontem.

Levanto-me, pegando e colocando o mesmo em cima do criado-mudo. Ando até à janela e fecho a mesma, me derijindo ao banheiro para tomar um bom banho.

Depois de ter tomado o meu banho, vestir-me e organizar o quarto, saio do mesmo e fico em dúvida do que fazer... eu não conheço ninguém aqui, e eles não parecem me aceitar... acho que vou sair e caçar um pouco. Ninguém precisará saber mesmo.

Então foi isso,  espero que tenham gostado.
Beijo 😘

Is it love? Nicolae Bartholy [CONCLUÍDA]Onde histórias criam vida. Descubra agora