Capítulo 6

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OBS: As partes em negrito são as cenas do filme sendo filmadas.

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À medida que o filme ia sendo gravado, o ritmo ia aumentando, com isso passavam horas e horas no set. Sem cenas de ação para serem ensaiadas ou gravadas, não havia superprodução digital, figurinos mirabolantes ou maquiagem especial.

Mas havia emoção.

Tanto sentimento de Lauren e Sofia ao interpretar o papel de duas personagens que encontraram o amor e o perderam, e depois aprenderam a amar de novo, que só vê-las interpretar seus papéis na última semana deixava Camila exaurida e sem forças ao final de cada dia.

Como, ela se perguntava pela centésima vez, elas faziam aquilo?

Parte dela invejava a liberdade de gritar e rir, chorar e amar, tudo ao longo de um dia de trabalho. Depois de um dia exaustivo de gravações no set, Sofia sempre deixava de lado as emoções esmagadoras em minutos depois de o diretor dizer “Corta”, como se tudo tivesse sido apenas algo como uma sessão de terapia. Aquilo era fascinante.

Nas últimas semanas, Camila esteve focada em seu projeto secreto, como fuga das suas emoções e uma maneira de expressar tudo que estava borbulhando dentro de si. Sofi era a única que sabia da existência de um roteiro que Camila estava escrevendo, sobre a historia de uma escritora que um certo dia acordou e se viu vivendo dentro da narrativa em que estava escrevendo... inclusive se apaixonou pela mocinha que criara. 

Há meses ela tentava convencer a irmã a mandar o roteiro para algum de seus contatos. Porém, apesar de Camila saber que esse era o próximo passo lógico na carreira de alguém em Hollywood que adorava as histórias, mas não os holofotes, também sabia que seu roteiro ainda não estava pronto. Por incrível que pareça, foi depois de passar pelo roteiro de Lauren, indo e voltando com Sophia pelo menos uma dúzia de vezes, que Camila enfim percebeu onde estavam as falhas no próprio trabalho.

E sabia que as mudanças que estava fazendo eram boas. Muito boas mesmo. Ela tivera a sorte de aprender com Lauren o que era necessário para fazer um filme que fosse sensível e impactante de verdade.

Enquanto observava Lauren interpretar o papel de executiva absolutamente poderosa, mas perturbada e culpada, o coração dela se apertava no peito. Quando o filme fosse lançado nos cinemas o público veria cada uma das emoções nos olhos, na expressão da boca, nas sobrancelhas e nas linhas da testa dela. E saberia, sem dúvida nenhuma, que a garota na rua que ela derrubara e passara por cima a assombraria cada vez mais a cada dia que passasse.

Ela voltou à esquina da Union Square várias vezes, para procurá-la e esperá-la. Mais de uma ocasião, enquanto estava em pé no meio da multidão apressada, surgia uma ligação no seu celular: um irmão, uma irmã, a mãe. No entanto, ela nunca atendeu àquelas ligações.

Da mesma forma que aquela jovem nunca mais voltara ali.

Com o passar dos meses, o corpo daquela mulher continuava espetacular e imponente; seu rosto, lindo; a empresa, mais rentável do que nunca. Mas ela se sentia mais sozinha a cada dia, com encontros de uma noite só, e festas muito loucas com conhecidos e colegas que não significavam nada. Nas horas que sobravam entre as mulheres insignificantes e o trabalho, que parecia significar tão pouco quanto as mulheres, ela se afundava cada vez mais, correndo às cinco da manhã e nadando à meia-noite.

Ainda assim, não conseguia esquecer os olhos daquela garota. Ou o que ela gritara para ela antes de fugir. Até que, enfim, encontrou-a trabalhando em um café. Primeiro viu as mechas corde-rosa no cabelo dela, mais escuras do que estiveram meses antes, e então o rosto ainda mais lindo do que a executiva conseguia se lembrar.

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