Capítulo 19

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mais um pra compensar a demora

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— Camila!

Ela acabara de se sentar no set para esperar a filmagem começar quando Taylor, a irmã de Lauren, chamou-a pelo nome e veio se sentar ao seu lado.

— Bom ver você de novo — Camila disse, com sinceridade.  Tinha passado um dia tão bom com a irmã de Lauren uma semana antes.

— Também estou feliz — Taylor respondeu, os olhos zombeteiros brilhando. — Estou morrendo de curiosidade para saber as novidades sobre a pessoa que você não queria dar esperança, mas continua transando. Ela continua se esforçando para ganhar seu coração? Ou já desistiu?

Antes que Camila pudesse responder ou cobrir a boca de Taylor, Lauren estava parada na frente delas, parecendo ter ouvido cada palavra que a irmã dissera.

— Ei, Taytay, fico feliz por ter dado uma passada por aqui — ela disse, enquanto dava um abraço apertado em Taylor. Mas manteve os olhos verdes em Camila o tempo todo, recusando-se a deixá-la afastar o olhar.

— Eu também — Taylor concordou, sorrindo de alegria para a irmã, deixando evidente o quanto a adorava.

Camila quase ficou cega diante da beleza compartilhada pelas irmãs Jauregui. Se não fosse pela ternura nos olhos e pelos sorrisos que se espalhavam com naturalidade nos lábios, os Jaureguis poderiam ser um clã ameaçador, com certeza.

Sofia chegou para dizer oi a Taylor, e o foco de Lauren recaiu ainda mais sobre Camila. Ela tentou lhe dar um olhar que dizia Explicarei o que Taylor acabou de dizer, ok? Por favor, podemos deixar isso para quando estivermos sozinhas? No entanto, ela conseguia ver a frustração nos olhos de Lauren, a mesma tristeza que havia na primeira noite delas juntas, quando a prendera na cama pela manhã e se recusou a deixá-la partir, o mesmo esgotamento da paciência que sentira na festa de Natal quando lhe dera o quebra-cabeça de Alcatraz.

Meu Deus, só a lembrança daquele ato de amor que compartilharam já deixava suas entranhas retorcendo de calor. Poderia jurar cem vezes que não estava fugindo para que Lauren a perseguisse, mas o corpo dela toda vez contestava aquela mentira.

— Camila. — A voz baixa e rouca lhe arranhou os nervos à flor da pele. — Aqueles arquivos que pedi estão no meu escritório.

— Ótimo — ela conseguiu dizer com uma voz que esperava ter soado tranquila. — Vou pegá-los para você...

Agora.

Não havia arquivo nenhum. E mesmo se houvesse Camila com certeza poderia ter esperado para pegá-los até que ela e Sofia terminassem de gravar a próxima cena. Mas algo lhe dizia que ou seguia Lauren até o escritório, ou arriscaria que, mais tarde, ela fizesse algo que deixaria todos nos set de orelha em pé e queixo caído.

Dava para ver que a atriz não estava a fim de esperar muito pela decisão, então disse às irmãs delas que voltariam logo. Seguiram para o escritório de Lauren. Podia sentir os olhos verdes queimando sobre ela, cada parte sensível de seu corpo já estava reagindo ao calor daquele olhar, não precisou ser tocada.

Ela mal pisara no escritório quando ouviu a porta ser fechada, e trancada, atrás delas.

— Lauren. — Ela se virou devagar para encará-la. — Taylor nunca teria dito aquilo se soubesse que você a pessoa com quem...

Lauren esperou, uma sobrancelha erguida... e o estômago de Camila revirou ao admitir que, não importava o que dissesse, só iria magoá-la ainda mais. Não poderia dizer que estavam apenas dormindo juntas, pois não podia negar que aquilo que compartilharam fora muito mais do que isso. Embora estivesse tentando ao máximo se convencer do contrário.

— Não sei qual o nome disso que estamos fazendo — ela continuou, baixinho. — Na verdade, tentei encontrá-la hoje de manhã no seu escritório para que pudéssemos conversar. — Deus, ela odiava admitir, mas a atriz precisava saber. — Não sei como lidar com a velocidade com que as coisas estão acontecendo entre nós. Mesmo que todo dia eu diga a mim mesma que é a última vez, as coisas ficam cada vez...

— Tire a roupa.

A palavra piores, ou melhores, foi interrompida na ponta da língua pela ordem brusca da Jauregui.

Dia após dia ela a vira dominando o elenco e a equipe do set. Não importava o quanto fosse acolhedora, Lauren sempre tinha total controle sobre tudo o que estava à sua volta. Com ela, no entanto, sempre fora gentil. Até mesmo naquela manhã na cama, quando tinha sido cuidadosa o bastante para não penetrá-la com muita força nem muito fundo, para não machucá-la.

Até agora.

Tire a roupa.

Camila sabia que deveria estar irritada com ela por lhe dar aquela ordem. Sem falar na frustração por Lauren sempre encontrar formas de evitar que tomasse as providências para terminar o caso entre as duas.

Ela deveria estar se sentindo qualquer outra coisa, exceto acolhida e liberta e sentia um desejo, com desespero apenas pelo tom de posse na voz rouca. E pelo fato de Lauren ter certeza de que ela não só obedeceria a seu comando sensual, mas também adoraria cada segundo.

De fato, ela tinha tanta certeza que não esperou a latina começar a tirar a roupa antes de começar a despir-se. Infelizmente Lauren estava certa sobre ela, porque o desejo inevitável crescia mais e mais ao observá-la abaixar os ombros para tirar a jaqueta e, em seguida, desabotoar a camisa xadrez, um botão de cada vez.

Ela mal podia engolir quando Lauren alcançou o zíper da calça, mas, de alguma forma, conseguiu dizer, com um lamento na voz:

— Logo vão estar procurando você no set.

— Então vamos ter que fazer isso rapidinho, não é?

Os saltos dela desapareceram em um minuto, depois a calça, até estar vestindo apenas a boxer, que não ajudava em nada a esconder sua ereção.

— Nossas irmãs vão se perguntar por que nossas roupas estão amassadas — a diretora sussurrou, ao ir em direção a outra.

Lauren tinha razão. Se não iria ter forças para sair do escritório dela, precisava tirar o terninho, e depressa. Com o desejo mantendo as rédeas tão curtas a ponto não conseguir arrancá-lo dali nem se fizesse um esforço sobre-humano, Camila tocou no blazer com os dedos trêmulos. Mas Lauren já estava bem perto, escorregando os dedos em seus cabelos e beijando-a.

As mãos saíram da jaqueta para os ombros de Lauren. No momento exato em que deveria estar dizendo não e afastá-la, tudo o que conseguia fazer era dizer sim, sim e sim, vez após outra, em sua cabeça, enquanto a puxava para mais perto. E então as mãos de Lauren lhe arrancaram o blazer e começaram a desabotoar a blusa e abrir o zíper da saia com a mesma destreza e eficiência com que tirara a própria roupa.

Quando parou na frente da maior sem nada além dos sapatos de saltos e outro conjunto de lingerie que havia lhe dado, a respiração de Lauren saiu do peito em um golpe quente.

— Gostaria de poder passar as próximas dez horas apreciando você — sussurrou com a voz completamente sexy ao colocar os lábios e os dentes sobre o tendão entre o pescoço e o ombro. — Mas, já que só temos dez minutos...

Antes que Camila pudesse se dar conta da intenção dela, Lauren colocou-a sobre a mesa do escritório em um piscar de olhos, e os quadris dela fizeram com que uma pilha de papéis e um grampeador se espalhassem pelo chão.

— Nunca desejei alguém tanto quanto lhe desejo. Está me fazendo passar dos limites, quebrar as próprias regras para ter você. Preciso de você, Camila, com tanto desespero que isso está acabando comigo.

Quando estava assim, com Lauren lhe acariciando a pele e queimando-a com seu calor, quando tudo o que sentia era o quanto ela a desejava, Camila não conseguia esconder nada. Além disso, estava tão perturbada quanto a atriz, pois o que a levava a ficar com Lauren sempre e sempre era mais do que sexo.

Era a vontade de estar perto.

De ser acolhida.

De ter intimidade.

De ser desejada.

Eram todas as coisas que seus pais compartilharam, e que destruíram sua mãe depois da morte do pai. Assim como era impossível se afastar do desejo dela, também não havia como negar o próprio desejo.

— Também preciso de você.

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