Perdido

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Daniel.

Vi o olhar de desispero de Rebeca sobre mim, aquilo parecia mais um dijavu. Era como a dez anos atrás, quando eu cometi a idiotice de bater em Vitor e ser expulso do colégio. Quando eu disse aquelas palavras horríveis para ela. Mas agora eu não tinha culpa de nada, eu não tinha pegado aquele dinheiro. Porém alguém colocou aquele envelope na minha mochila, na intenção de me incriminar. Eu sabia muito bem quem era.

Na delegacia, me interrogaram por mais de horas. Me perguntando várias vezes se eu peguei o dinheiro, e minha resposta era a mesma, que eu era inocente. Mas eles não acreditaram em mim, quem acreditaria?.
Eu já estava condenado, mesmo sendo inocente. Me jogaram numa cela suja junto com outros presos mal encarados, que me olharam como se eu fosse um lixo. Na verdade eu estava me sentindo um lixo agora.

Me encolhi num canto e meu pensamento foi em Rebeca, queria saber como ela estava, se ela havia acredito que eu peguei aquele dinheiro. Estava indo tudo tão bem na nossa vida, mas parece que eu não nasci para ser feliz.

_ Daniel Massao..., você tem visita!_ Um polícia mau humorado diz abrindo a cela e me algemando. Ó sigo até um sala, ele tira minhas algemas e manda eu me sentar.

Então a porta se abre revelando Rebeca, que me encara com olhos enchados de tanto chorar,e uma expressão triste, que fez meu coração se despedaçar. Ela vem depressa ao meu encontro me abraçando, mas o policial faz com que nós afastemos e manda que nos sentassemos.

_ Eu não peguei aquele dinheiro!....eu posso ter feito muitas coisas erradas nesta vida, mas não sou um ladrão! _ Afirmo, segurando as mãos de Rebeca por cima da mesa.

_ Eu sei!...eu não duvidei disso um minuto sequer!... alguém fez isso para te increminar, mas eu já contratei um advogado, ele está lá, tentando conseguir um jeito de tirar você daqui! _ Ela diz com a voz embargada, e isso acaba comigo.

_ Não sei se ele vai conseguir isso!...fui pego em fragante! Quem fez isso comigo, armou muito bem!...,o delegado já me avisou que vou ser transferido para o presídio daqui a três dias, estou praticamente condenado....,e você sabe quem tem poder o suficiente para fazer isso comigo! _ Afirmo, não tirando da minha cabeça que aquilo era obra de Vitor.

_ Isso não vai acontecer!...eu vou fazer o que é possível para te tirar daqui!.

_ Eu quero que me prometa uma coisa, Rebeca!... que se por acaso,eu não sair dessa!... que você vai me esquecer, vai seguir em frente!... não quero que você fique esperando por mim...., que viva uma vida de uma mulher de um condenado! _ Peço isso á Rebeca, sentindo minha alma partir, por ver seus olhos triste sobre mim. Mas á amava tanto, que estava disposto a abrir mão desse amor para vê-la feliz.

_ Você não tem o direito de pedir isso para mim!....., Você não vai me afastar de você outro vez, Daniel Massao! _ Rebeca diz revoltada.

_ E ó melhor para você! _ Digo já não me segurando e chorando, e rezando para que ela aceitasse isso.

_ O tempo de vocês acabaram! _ O policial avisa já me arrastando da mesa. Olho para Rebeca mais uma vez, e vejo que ela está magoado pelo o que pedi á ela.

_ Isso é para você!... estava guardado para te dar a noite,mas infelizmente!...., talvez quando você ver o que tem aí dentro, possa mudar de idéia,... de querer mas uma vez me afastar de você! _ Rebeca diz, me entregando uma pequena caixa de presente, e depois indo embora.

Volta para aquela cela suja, me encolho novamente num canto. Pego o pequena caixa e a abro devagar, não consigo me segurar e choro desisperadamente chamando a atenção dos outros presos. Seguro com as mãos trêmulas o pequeno sapatinho de bebê nas mãos, e leio o que está escrito do lado de dentro da pequena caixa.

Parabéns, papai!
Eu irei chegar daqui a alguns meses!.

Era horrível imaginar que finalmente eu seria pai, e talvez não poderia estar por perto para viver essa experiência maravilhosa. Que se fosse condenado, perderia tudo de mais importante na vida do meu filho, e odiei Vitor por mais uma vez tirar de mim, tudo que eu mais amava!.

******

No dia seguinte tive a visita dos meus pais e Denise, tudo que eu menos queria era que eles me vissem naquela situação. Já havia dado tanto desgosto para meus pais, achei que nunca mais faria isso. E o que mais me doeu, foi ver a tristeza estampa no olhar dos dois, e Denise tentando ser forte naquele momento. E aquilo só me fazia ficar ainda mais revoltado com a pessoa que fez aquilo comigo. Pois enquanto estou aqui preso injustamente, aquele idiota deve estar comemorando sua vitória.

Nathan e Arthur também me fizeram uma visita, e assim como eu também tinham certeza que Vitor era responsável por eu estar preso. O difícil seria provar isso, ele era um político famoso, e eu era um simples zelador com todos os indícios de que cometi aquele roubo. Mas uma vez, Vitor ganhou á batalha. Ele mas uma vez acabou com minha vida, e me tirou a última chance de ser feliz.

Rebeca não apareceu durante aquele dia, talvez ela tenha seguida o que pedi e se afastado de mim. Mas eu queria pelo menos vê-la mais uma vez, poder me dispedir. Tocar sua barriga e sentir nem que seja por alguns segundos meu filho. Me perguntava como Felipe ficaria quanto eu não aparecesse mais, será que Rebeca diria a verdade. Não queria que ele pensasse mau de mim, achando eu era um ladrão.

Eu não tinha muito o que fazer, então deitei naquele colchão fino e sujo jogado no chão da cela. E fiquei pensando na família que eu quase tive, nós momentos maravilhosos que tivemos juntos. Como os cafés da manhã, quando eu fazia panquecas e  via Felipe sorrir e Rebeca me olhar com admiração.
Talvez tudo aquilo tenha sido um sonho, e que agora eu acordei e me deparei com minha realidade!

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