Daniel
Acordei bem cedo naquele sábado, eu já tinha um destino. Iria até o centro da cidade, aonde acontecia a feira livre, eu pretendia ver meus pais, nem que se fosse de longe. Pois provavelmente eu não teria coragem de falar com eles, não depois que eu disse ao meu pai da última vez que ó vi.
Estava tudo como antes, e por incrível que pareça eu sentia falta daquele lugar. De longe avistei a barraca dos meus pais, mas a única que estava trabalhando era minha mãe. O que era estranho, pois senhor Rui Massao nunca faltava ao trabalho.
Puxei o boné que estava usando, tentando assim esconder meu rosto, então me aproximei. Talvez minha mãe não me reconhecesse, eu havia mudado bastante nesses últimos dez anos. Ela estava ocupada atendendo uns clientes, vendendo seus incríveis pastéis. Fiquei ali á observando, e vendo que ela havia envelhecido, alguns cabelos brancos havia aparecido em seu cabelos castanho e ela tinha uma expressão cansada. Tive que me segurar para não ir correndo lhe abraçar, e ver novamente aquele seu olhar carinhoso sobre mim.
_ Por favor...,eu quero um dos seus famosos pastéis de palmito! _ Eu digo chamando sua atenção, e tentando mudar minha voz para que ela não me reconheça.
_ Aqui está!... esse era um dos preferidos do meu filho! _ Ela diz voltando a fritar seus pastéis.
Dou a primeira mordida, e tenho vontade de chorar. O sabor continuava o mesmo, aquele sabor que lembrava minha infância. Mau consigo engulir aquele primeiro pedaço, pois um nó havia se formado em minha garganta. Por várias vezes desejei estar comendo os pastéis da minha mãe, no período que morei na rua e não tinha nenhum pão amanhecido para comer.
_ Algum problema meu filho?...o meu pastel de palmito não tem....o mesmo gosto que tinha a dez anos atrás? _ Minha mãe questiona me fazendo á encarar surpreso.
_ Daniel!... você realmente achou, que eu não iria te reconhecer ?... uma mãe é capaz de encontrar seu filho, mesmo depois de décadas longe! _ Ela afirma chorando. Então mais que depressa dou a volta na barraca, e abraço minha mãe também chorando.
_ Meu filho!!... você voltou! _ Minha mãe segura meu rosto , como se quisesse ter certeza que eu estava ali.
_ Eu voltei!...e ti peço perdão por toda minha ingratidão! _ Peço a abraçando.
_ Eu já te perdoei a muito tempo, meu querido! _ Ela diz para meu alívio.
Ficamos mais alguns minutos ali apenas matando a saudade um do outro. Depois minha mãe decidiu desmontar a barraca, pois queria conversar comigo, mesmo eu dizendo que não queria atrabalhar seu serviço. Mas devo confessar, que queria muito passar mais algum tempo ao lado dela, e matar a saudade.
_ Então você perdeu tudo? _ Minha mãe questiona, depois de eu contar tudo que havia acontecido comigo.
_ Perdi! ....a senhora não sabe como me arrependo por ter ido embora!...a fama o dinheiro pode até ser bom!....mas eu nunca me senti tão sozinho na vida, como nesses anos!...eu devia ter escutado o meu pai! _ Admito.
_ Mas o que importa é que você está de volta, Daniel!
_ Mãe, aonde está meu pai? .... ele nunca falha ou trabalho? _ Pergunto vendo ela desviar seus olhos, e um grande medo surgiu dentro de mim.
_ Seu pai não está mais trabalhando na feira, dês que teve um AVC a dois anos atrás!
_ Como assim?...e como ele está agora?
_ Ele está bem, meu filho!... apesar de ter ficado com algumas sequelas!...mas o médico recomendou que ele apenas trabalhasse em serviços leves... então agora seu pai está ajudando dona Letícia, mulher do diretor Munhoz na florecultura!..., agora Rui virou especialista em bonsai! _ Minha mãe diz com um sorriso no rosto.
_ Foi o diretor Munhoz que arrumou este trabalho para ele? _ Pergunto .
_ Não, fui a filha dele! Rebeca..., Depois que você foi embora, ela se tornou grande amiga de Denise..., sempre vinha nos visitar, mesmo depois que se casou. E quando Rui ficou doente,ela nos ajudou muito..., Depois conseguiu convencer seu pai a trabalhar com sua mãe, já que o teimoso ainda queria continuar com seu serviço na feira! _ Eu realmente fiquei surpreso com aquilo.
Não imaginava que depois tudo que eu fiz, Rebeca ainda continuo se importando com minha família. Do qual eu nem cheguei a apresenta - lá, pois tinha vergonha da minha origem. Então ela fez tudo para ajudá-los, enquanto eu estava lá usufluindo da riqueza que conquistei graças às músicas que eu fiz com seus poemas.
Conversei com minha mãe por mais alguns tempo, e ela me contou que Denise estava terminando a faculdade de administração, e que trabalhava como recepcionista no mesmo hospital que Cíntia era enfermeira. E saber que a piralha da minha irmã conseguiu ter um futuro melhor que o meu, me deixou muito feliz. Depois disso resolvi ir embora, minha mãe insistiu para que eu fosse para casa,parar rever Denise e meu pai. Mas eu achei melhor esperar um pouco, a verdade é que eu tinha medo de como seria a reação dos dois. Ela respeitou minha decisão, dês que eu voltasse durante a semana na feira para vê- lá.
Caminhei por algumas quadras, e então parei em frente a florecultura da mãe de Rebeca. Eu queria ver meu pai nem que fosse de longe, por apenas alguns segundos. Entrei no local, então uma garota veio perguntar o que eu desejava, disse que estava apenas dando uma olhada, então ela disse para que eu ficasse a vontade e me deixou sozinho. Andei um pouco dentro da loja, até ver num canto mais afastado, senhor Rui Massao.
Ele também tinha envelhecido, e agora usava óculos, seus cabelos antes negros agora estavam grisalhos. E para minha surpresa, ele estava acompanhado de Felipe, que se mostrava muito atento, enquanto meu pai cuidava de um bonsai. Me recordei quando eu era criança e ele fazia o mesmo comigo, quando eu achava que meu pai era o melhor homem do mundo.
_ Daniel!.._ Escuto alguém me chamar, me viro e vejo Rebeca me encarando. Ela está com uma jardineira suja de terra, indicando assim que ela também estava ajudando meu pai.
_ Você veio falar com seu pai? _ Ela pergunta, olhando para aonde está meu pai e Felipe rindo, como eu nunca tinha visto antes.
_ Não!...eu só queria, vê- ló por alguns segundos! _ Digo e saiu sem esperar que ela fale mais alguma coisa. Mas para minha surpresa Rebeca vem atrás de mim.
_ Até quando você vai continuar adiando essa conversa, Daniel? _ Rebeca me segura pelo braço, e sentir seu toque em mim trás sensações boas. Acho que ela sentiu o mesmo pois, se afasta de repente.
_ O Senhor Rui, senti sua falta!... não há um dia sequer, que ele não fale sobre você! _ Rebeca afirma.
_ Eu não sei se devo aparecer assim de repente!....eu disse coisas horríveis para ele!.
_ Um pai é capaz de perdoar qualquer coisa!... agora que sou mãe, eu entendo isso!...., Vá até lá e converse com seu pai! _ Ela diz, e por um minuto eu vejo aquela garota de nariz empinado que vivia tentando ajudar a todos, que via o melhor das pessoas.
Apenas assenti, á seguindo de volta para dentro da floricultura. Para alguns passos distante da onde está meu pai. Vejo Rebeca ir até ele e dizer alguma coisa, então meu pai me olho, e vem se aproximando devagar. Então percebo que ele está com um pouco de dificuldade para andar.
_ Daniel!!!_ Meu pai diz tocando meu rosto, depois ele me abraça e começa a chorar. E em toda minha vida eu nunca tinha visto, senhor Rui Massao chorando.
Ó abraço de volta também emocionado, e prometendo a mim mesmo que faria de tudo, para recuperar o tempo perdido ao lado do meu pai!
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Mil Palavras ao Vento!
Roman d'amour"Dizem que águas passadas não movem moinhos" Mas não foi bem isso que aconteceu com Rebeca Munhoz. Já que seu passado voltou como um furacão caindo sobre sua vida. A última pessoa que Rebeca imaginava reencontrar era Daniel Massao, sua paixão adol...