O acordo

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Rebeca

"De um olhar distante, dentre tantos outros...
A vida escreve traços do meu destino!

Deste mesmo olhar , agora tão próximo, faz surgir de repente dentro de mim, um sentimento tão estranho e profundo....

Será mágico! Feiticeiro!
Ou apenas um olhar verdadeiro..."

Saio a procura de Vitor pelos corredores do colégio, mas invés de encontrá-lo acabo dando de cara com meu pai. E ó conhecendo bem, sei que ele não estava nada contente, já que me olhava com as sombrancelha franzidas. E tenho a confirmação disso quando vejo Vitor sair da diretoria, e vir na minha direção.

_ Obrigada por contar pra ele! _ Sou irônica .

_ Ele precisava saber dessa sua loucura!  _ Vitor afirma.

_ É claro que precisava!... Mas eu iria contar para ele, em casa! Aonde eu poderia conversar com meu pai...e não com o diretor Munhoz.

_ Você devia saber das consequências dos seus atos, quando resolveu se meter com aquela bandinha de bardeneiros! _ Diz Vitor, depois vira as costas para mim e vai embora.

Então sem outro alternativa sigo meu pai até sua sala, sento na cadeira a sua frente e me preparo para a grande bronca que está por vir. Enfrentar meu pai é uma coisa difícil, agora enfrentar o diretor Munhoz e bem mais complicado.

_ Então, estou esperando uma explicação! _ Meu pai diz me encarando.

_ Eu achei... que seria interessante participar do festival! _ Digo, mas acho que não foi bastante convincente.

_ Mas com aqueles garotos? ... você poderia muito bem, cantar sozinha....ou com a Cíntia!

_ O senhor sabe que eu não gosto de cantar em público..., E então achei que cantar com a banda seria mais fácil, o foco não ficaria em mim... achei que o senhor iria gostar de me ver cantando no festival! _ Afirmo, tentando comover meu pai.

_ É claro que eu ficarei feliz de ver você cantando! ....mas o que realmente me preocupa, e ver você andando com aqueles três..., Eles são indiciplinados
, não levam nada a sério e vivem colando e se consiguirem terminar o ensino médio, será um grande milagre.

_ Pai, eu não me infuencio assim tão facilmente! _ Comento.

_ Será que não? _ Ele diz dando um sorriso sarcástico.

_ Tudo bem! As vezes por Cíntia, mas ela é minha amiga!...mas pensando bem, eu talvez possa infienciar aqueles três..., Tentar fazê-los estudar...., Posso dizer que aqueles que tiverem muitas notas vermelhas não iram participar do festival!

_   Se você conseguir isso será um verdadeiro milagre!... Seria um paraíso não ter mais aqueles três aqui o ano que vem! _ Meu pai diz pensando no assunto. _ Tudo bem Rebeca!... Você pode fazer parte dessa banda,... mas me prometa que não vai entrar na deles... e vai tentar fazer aqueles três tomarem um pouco de juizo!

_ Prometido, senhor Munhoz!  _ Digo apertando a mão do meu pai e arrancando um sorriso dele.

Quando retorno para minha sala, a aula de história já está pela metade. Vejo Cíntia me olhar com um ar preocupada, mas eu á tranquilizo com sorriso. Eu poderia muito ter desistido dessa idéia maluca de ser integrante da banda DNA, mas sei que Cíntia ficaria decepcionada. E ver aquela garota triste está fora de cogitação, ela é minha única amiga e como se fosse minha irmã, então faço tudo por ela. Até ter que suportar Daniel Massao por dois longos meses.

*****

No final da aula vejo Vitor me esperando perto do portão, mas não vou até ele como de costume, passo direto indo aonde está meu irmão. Estou com tanto ódio de Vitor que se for falar com ele agora, provavelmente dario um soco naqueles seus olhos azuis.

_ Léo, pode dizer para mamãe que não irei ajudá-la hoje na florecultura....,tenho um trabalho com Cíntia. _ Na verdade era um encontro com a banda, mais eu preferia dar a notícia de que vou cantar no festival pessoalmente para minha mãe.

_ É claro maninha! .... é aliás, fiquei sabendo da sua primeira rebeldia adolescente...., sabia que os grandes gênios também tinha seus atos rebeldes!... adorei isso mana! Principalmente pela cara de enterro de Vitor! _ Léo diz olhando para Vitor. Meu irmão nunca gostou do meu namoro com ele, a razão disso ele nunca quis me dizer.

_ Tudo bem maninho!... agora preciso ir _ Me despeço dele, assim que Cíntia me chama.

Ela estava me esperando junto com meninos da banda, o irmão de Arthur nos daria uma carona até sua casa, aonde eles sempre ensaivam. Me senti estranha estando ali, como se aquela não fosse eu mesma. Devo concordar com Léo, eu realmente me sentia cometendo meu primeiro ato de rebeldia adolescente.

_ Fiquem a vontade meninas!..., aqui é o cantinho da banda DNA! _ Arthur diz assim que entramos numa pequena dependência nos fundos de sua casa.

O lugar era interessante, todo cheio de pôster de bandas famosas dos anos 80, e também fotos dos três de festivais dos anos passados. Até  que o lugar era bem interessante, bem diferente do que eu imaginava.

_ Será que eu posso fazer uma pergunta a vocês? _  Cíntia pergunta quebrando o silêncio, enquanto se sentava ao lado de Nathan num velho sofá.

_ Pergunte o que você quiser gatinha!... Hoje, somos inteiramente de vocês! _ Nathan afirma me fazendo revirar os olhos.

_ Por que vocês escolheram esse nome para banda..., DNA! E algo referente a origem, como a criação do ser humano! _ Cíntia pergunta ,e vejo a cara de quem não estava entendendo nada dos três.

_ Não!.... É só inicial dos nossos nomes! ... Daniel, Nathan e Arthur! _ Arthur responde para a frustração da minha amiga.

_ O que você esperava dessas mentes brilhantes! ....eles sequer acabaram a maquete de biologia, e é para ser entregue amanhã, e vale metade da nota do bimestre! _ Digo lendo o relatório do trabalho que estava em cima da mesa.

_ E o que isso vai nos beneficiar cdf!...., Sabemos muito bem que não iremos passar de ano mesmo e nenhum de nós pretende prestar vestibular...., não preciso de estudo para ser um cantor ,e sim do meu talento! _ Daniel diz com seu jeito prepotente de ser.

_ Você tem certeza disso!....e  se quando você for famoso e tiver numa entrevista, e ti perguntarem sobre o desmatamento da Amazônia....ou sobre o derretimento das geleiras polares? ....o que você diria?_ Indago vendo ele engolir em seco.

_ Agora ela ti pegou em Daniel! _ Nathan caçou do amigo.

_ E também fiquei sabendo pelo meu pai..., que aqueles que tiverem muitas notas vermelhas, não poderão participar do festival. _ Eu lanço a isca, e eles caem direitinho.

_ Então a gente tá ferrado! ....da para contar nossas notas azuis! _ Arthur choraminga.

_ Podemos ajudar vocês a estudarem!... não é mesmo Cíntia!_ Digo passando meu braço por cima dos ombros da minha amiga.

_ Mas é claro!... Não sou tão boa aluna assim...., Mas Rebeca é ótima! _ Cíntia concorda me olhando como se eu tivesse duas cabeças, provavelmente não entendendo ó porque de eu querer ajudá-los.

_ E o que você ganha em troca, desse seu favor? _ Daniel indaga me encarando.

_ Por que quero participar do festival..., Apenas isso! Agora também fazemos parte da banda DNA! _ Ele ainda me olha desconfiado, mas depois concorda.

Então invés de ensaiamos, passamos a tarde todo ajudando os três na maquete. E apesar da má impressão que eu tenho dos três, até que eles eram divertidos. E acho que não ri tanto na minha vida, com as implicância de Nathan e Arthur que pareciam mais duas crianças do primário.

A única coisa que me incomodou foi a forma como Daniel ficava me olhando, era como se ele podesse ler meus pensamentos mais profundos. E eu odiava me sentir vulnerável, e Daniel tinha esse efeito sobre mim. Esses  com toda certeza vai ser os piores dois meses da minha vida adolescente!

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Mil Palavras ao Vento!Onde histórias criam vida. Descubra agora