45_ não sou esse monstro

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Encarei Lizzy incrédula com o que ela acabava de dizer...na minha cara. Ela realmente achava que eu poderia trocar a amizade dela?

- Você...Você ta com ciúmes Lizzy?.- perguntei e ela olhou pa r a seus próprios pés.

- Tô sim, eu achava que nós éramos amigas, mas você é boazinha demais, e pessoas boazinhas só se ferram na vida.- ela deu de ombros e caminhou para o quarto subindo as escadas.

- Eu não sou boazinha.- Gritei para a mesma ouvir, mas ela apenas me ignorou.

- É...talvez seja sim, amor.- Fábio falou e eu me virei para ele.- A Channel não merece que vocês briguem por ela, você tem maturidade o suficiente pra ir pedir desculpas pra Lizzy.

- Mas Fábio, você ouviu as coisas que ela falou pra mim? Você Sabe o quanto isso me magoa? Não? Então não me diga que quem deve pedir desculpas sou eu.- aponte  para mim mesma e ele se aproximou mais de mim.

- Ei...- ele parou alguns centímetros de mim e segurou meu rosto com as duas mãos.- Eu não quero brigar com você, não mesmo, mas eu tenho certeza que você não quer perder sua única amiga, ainda mais por um problema que nem seu é.- ele falou e eu assenti.

- Mas e se ela não...- fui interrompida por Fábio que juntou nossos lábios num beijo, que conseguia me passar calma.

- Só vai lá.- ele falou assim que separamos nossos rostos e eu apenas assenti, E me afastei dele subindo as escadas indo pro quarto.

- Lizzy?.- chamei a mesma e abri a porta vendo ela deitada na cama com as pernas encolhidas virada de costas para a porta.

- Que foi?.- ela perguntou com voz de choro e eu entrei no quarto fechando a porta em seguida.

- Olha, me desculpa se o modo que eu falei te deu a entender que eu te trocaria, mas saiba que isso nunca vai acontecer.- Falei me sentando ao lado dela que permanecia deitada.

- Como você sabe que isso não vai acontecer?.- ela pergunrou com tom de ignorância.

- Porque eu dou minha palavra.- Abaixei um pouco meu rosto vendo que Lizzy estava com cara de choro.- não chora, eu vou me sentir mal, eu passei um pouco do  limite com você.

- Não..., eu que passei dos limites, olha, eu não quis falar aquilo, saiu da minha boca sem rumo e... você me desculpa?.- ela se sentou no cama e juntou as mãos na frente do rosto.

- Eu te perdoo, por que você é minha melhor amiga, e eu não quero te perder.- falei e ela secou suas lágrimas.- esqueceremos disso ta bom?.

- Disso o que?.- ela perguntou com cara de sonsa e eu ri.- Espera....mas Você ainda ta com essa ideia maluca de tentar conversar com a Channel?

- Eu não sei, não sei mesmo, uma parte de mim diz que ela só está colhendo o que plantou,  e outra me diz que eu posso mudar algo nela. Algo me diz que, ela não  pode  ser assim sem motivos.

- Então?- Lizzy fez uma cara pensativa.

- Eu não faço a mínima ideia.- passei a mão no cabelo puxando  ele para trás e fiz um coque bagunçado nele.

- Vai saber né?!.- ela deu de obros e me surpreendeu me dando um abraço e me levantando no ar.

-LIZZY!- Gritei e ela me jogou na cama novamente e rimos.

[...]

Ja estava escurecendo e Nós estávamos na casa de Fábio, Dona Dora, ja estava um pouco melhor, e estava na sala junto a nós que assistiamos  a uma série na TV.

Derik estava no quintal brincando com alguns carrinhos que eu nem sabia que Luiz tinha, mas ele deu todos eles lara Derik.

A campainha tocou 2 vezes e todos nós nos entre olhamos, Lizzy fechou os olhos Luiz  fingiu olhar algo no celular e Fábio olhava a TV como se nada mais importasse, Dona Dora não poderia ir, mas mesmo assim ela fingiu estar muito focada nas suas unhas.

Dei de ombros e me levantei indo até a porta e quando a abri,vi alguém que não imaginava:

-Channel.- olhei para a mesma que vestia um simples vestidinho florido e uma sapatilha azul bebê.

- Ah...eu.Eu quero conversar com você. - ela falou e abraçou seus próprios braços.- Em particular.- ela falou olhando para o pessoal na sala, que nos encaravam .

Fábio nos encarava sem reação, Luiz só esperava o barraco acontecer,  Lizzy negava com a cabeça olhando diretamente para mim,  e Dona Dora nos olhava totalmente confusa sem saber quem era a Channel.

- La fora.- sai de casa e fechei a porta, Channel se sentou no banquinho e eu sentei em outro.- Pode falar.- falei no tom normal.

- sabe, esses dias eu estava pensando nas coisas que eu fiz, e eu me sinto totalmente envergonhada, eu me sinto um lixo, e algo vem me incomodando para que viesse e te perdisse...des...des..- encarei a mesma esperando que ela proceguisse, mas ela estava travando.

- Des...?.- perguntei confusa.

- Eu quero te pedir desculpas, por tudo que eu fiz pra separar você e o Fábio,  eu me sinto muito mal pelo que eu fiz, mas eu tive meus motivos.- ela falou eu a encarei com uma sombrancelha arqueada.

- Motivos?.

- Você...e todos devem estar se perguntando o por que de eu ter sido expulsa pelos meus pais...então.- ela respirou fundo.- desde que eu era muito pequena, meus pais sempre decidiam tudo que eu ia fazer, comer, vestir, decidiram em que faculdade ia me formar, e...com quem eu deveria namorar.- arregalei meus olhos.

- Eu Sinto...- ela me interrompeu.

- Eles disseram que eu deveria conquistar o Fábio, pois segundo eles eu tinha que causar inveja a todas meninas, mas...você apareceu, e eu não consegui com que ele ficasse comigo, então...eles me expulsaram.- naquele momento eu não vi a Channel arrogante, riquinha e que só queria meu mau, eu vi alguem totalmente sincera nas palavras.

- Que tipo de pais são esses?.- encarei a mesma que marejava lágrimas.

- Eles são as piores pessoas que eu ja conheci, eles pagam 2 caras maiores que um tonel pra me vigiar em casa,  eu tenho que ser a mais popular, e tenho que levar todo dia meninas pra dormir la em casa, por que eu tenho que conquistar as pessoas...eu Não tenho provacidade, todos os dias vem alguém que eu não sei nem o nome, e tenho que chamar de amiga.- ela respirou fundo mais uma vez tentando não chorar ali.

- Eu, não imaginava isso.- falei e ela olhou pra cima reapirando fundo.

- Eu não sou esse monstro que todos pensam que eu sou, eu não sou má, só queria ter uma casa onde morar, agora eu tenho que lidar com vizinhos que vivem na minha porta perguntando coisas que só cabem a mim saber....eu Não aguento mais.- ela se derramou em lágrimas ali mesmo.

- Não chora.- passei a mão nos meus olhos que queriam liberar lágrimas também,  eu via no olhar  de Channel a sinceridade das palavras que saiam de sua boca.- Mas...e por que você chamou a Yara de Negrinha inútil? Isso...isso Não tem justificativa.

- Eu sei, isso é uma coisa que eu não posso justificar, simplismente fui educada num mundo em que brancos são ricos e negros estão num patamar abaixo...isso foi o que aprendi com meus pais e que eu pensava ser certo, até conhecer a Mary, ela é minha vizinha agora e é a pessoa que mais me ajuda.- ela sorriu e enxugou suas lágrimas. - ela é negra, empolderada, e gosta de mim do meu jeito fresco de ser,  ela me ensinou a fritar ovo acredita. - ela riu mais uma vez.

- É bom saber que você achou alguém que seja sua amiga.- sorri simpática.- e a propósito...eu...eu te perdoo sim, mesmo que você tenha me feito mal, eu te perdoo..e espero que você tenha falado a verdade, porque eu vi verdade no que você falou, e espero que você seja feliz.- olhei paraa mesma que assentiu.

- Eu agradeço, eu vim meio incerta e preparada pra ser esculachada, sua atitude é rara, não se encontra hoje em dia pessoas que perdoam alguém que lhe fez mal.- ela sorriu e me puxou para um abraço em seguida.

●●●
continua...

◇▪︎◇ O FIM ESTÁ PRÓXIMO ◇▪︎◇

O melhor amigo do meu primoOnde histórias criam vida. Descubra agora