Querido Contrato

Capítulo 2 - Encontro Peculiar

Quando Zoé acordou naquela manhã fresca de primavera, mesmo sem sentir um pingo de frio, sua única vontade era beber um chocolate quente que vendiam na padaria da esquina no quarteirão em frente ao que morava. A primeira reunião de padrinhos aconteceria à noite, e a menina não estava muito animada para ir, mas jamais contaria isso à noiva. Manuela já havia saído bem cedo como havia avisado, pois precisava sair mais cedo da agência em que trabalhava e, isso só lhe era permitido se não interferisse em suas oito horas de trabalho completas, o que a fez entrar mais cedo naturalmente.

Sem muita coragem Zoé se obrigou a tomar um banho para despertar e contou com a ajuda da "playlist alegria" que a amiga Manuela preparou especialmente para ela. Segundo a figura, essa playlist tinha o poder de levantar qualquer astral mesmo que este estivesse praticamente morto, e assim ao sair do banho, Zoé já se viu dançando ao som de "Watermelon Sugar" (Harry Styles), e isso a fez pensar mais uma vez que suaamiga sabia mesmo das coisas.

Pronta para um dia não tão comum, considerando o evento da noite no qual ela pretendia dar início ao seu "projeto livro", vestindo uma calça jeans rasgada e uma blusa bem soltinha da "Grifinória", Zoé pegou sua bolsa de lado e saiu para tomar seu café na padaria. Chegando lá, depois de fazer o pedido, ela sentou em uma mesa qualquer para esperar, já que pediu pra viagem. O lugar era agradável, cheio de janelas de vidro que permitiam enxergar a rua, sem contar com o cheiro de fome, algo que a garota adorava em locais para comer, pois o "aroma" dizia muito sobre o que se era servido. O que ela não imaginava é que alguém a observava de longe e assim que ela se sentou, esse indivíduo foi abordá-la.

-Oi! Zoé! Nossa você tá aqui também! Eba! –De estatura mediana e cílios espessos perfeitamente perfeitos, um crush platônico beeem antigo apareceu como que do nada e se lembrou dela. Eles não se viam há anos, até porque se conheciam de outra cidade em outro estado, pois Zoé nem sempre morou em São Paulo, ela tinha vindo de Minas Gerais depois que fez 18 anos para cuidar da sua carreira como escritora.

Sem raciocinar direito e um tanto constrangida, a menina cumprimentou o rapaz de volta com um abraço e um "oooooi" esganiçado e, querendo se matar por ter falado isso como uma idiota, sentou na cadeira em que já estava há um segundo atrás e indicou a cadeira da frente para que o moço se sentasse.

-Nossa Samuel! Poxa vida! Faz tanto tempo que a gente não se vê! – De novo ela quis acabar com a própria vida por ter usado a expressão "poxa vida" como se tivesse cem anos. O que viria depois? "Macacos me mordam? Carambólas?"

-Pois é! Faz muito, muito tempo mesmo. E eu jamais imaginei que iria te encontrar aqui, tipo, em São Paulo uma cidade imensa, e tão longe de casa, quer dizer, de onde a gente cresceu né! –Ele parecia entusiasmado e Zoé que já acreditava ter superado sua paixonite por ele se viu em dúvida sobre este hipotético fato. Suas mãos começaram a tremer e, seu coração que já não tinha um ritmo coordenado há algum tempo, talvez a fizesse sofrer um infarto. A menina sentiu de novo aquela sensação medonha de nervoso e ansiedade crescer dentro dela, como quando ela gostava de alguém da escola e o seu coração fosse se partir ao meio, e isso não foi nada reconfortante ou agradável. Aquela sensação a deixava vulnerável e com vontade de vomitar.

-Sim, com certeza. –Ela hesitou um pouco procurando palavras e se sentiu uma escritora imprestável que não tinha criatividade suficiente para bater um papo interessante e inteligente com aquele cara super bonito bem na sua frente.

Sem forças para continuar no silêncio constrangedor, a menina retirou uma pergunta do dicionário dos fracassados que não sabiam o que falar e jogou-a pra fora o mais rápido possível, temendo que desmaiasse se não tirasse de si a pressão de ser a próxima pessoa a falar. É assim que se mantém uma conversa humana idiota disse pra si mesma.