Capítulo 18 - Plano de ação

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Como já era de se esperar, Manuela foi bem sucedida em sua armação. Alguns dias se passaram rapidamente com toda a correria do casamento e de quebra da investigação.

Zoé durante o dia, quando não estava comendo, tomando banho ou fazendo qualquer outra coisa de sua necessidade, escrevia como louca. A sua história havia avançado muito nos últimos dias. De noite, ela e Vicente continuavam se vendo ou conversando por mensagem quando um encontro pessoal não era possível, e enviando músicas um para o outro todas as noites. Os amigos padrinhos do casamento de Manuela e Otávio utilizavam o grupo "Segura o Tchan" não só para tratar de assuntos do casório, mas também para conversar sobre a investigação, embora de maneira superficial, pois Juliana alertou sobre os perigos de falarem algo comprometedor a respeito da história de crime ambiental. Vicente se sentia preocupado, mas apesar desse sentimento racional, também estava feliz por contar com tanta gente legal e cheias de boas intenções para fazer o que era certo. E de quebra ele tinha é claro, Zoé, a luz que apesar de estar em contato com ele quase sempre à noite, iluminava todos os seus dias.

Monitorando tudo através dos apetrechos de Juliana, os amigos precisaram apenas de três noites seguidas para descobrir um padrão de comportamento noturno de Samuel. Eles revezavam no acompanhamento das ações que o computador indicava. Com a ajuda de um amigo "sinistro" de Juliana (categorizado com este adjetivo por Gabriel), eles conseguiram uma planta da "paraíso dos cosméticos" e tinham acesso a informações sobre cada cantinho do terreno da empresa, assim como cada cômodo e seus andares, o que era realmente muito útil no que se referia à investigação. Os microfones não foram de muita ajuda como esperavam, já que aparentemente Samuel agia sozinho e eles não ouviam nada além de passos, cantorias desafinadas com música ruim ao fundo e o barulho do trânsito de São Paulo. Além de saberem que ele saía todas as noites no mesmo horário, sabiam também que exatamente duas horas depois ele voltava pra casa.

Depois de recolherem estas informações valiosas, Vicente decidiu reunir o grupo novamente em sua casa, para assim pensarem em conjunto sobre como dariam os próximos passos e quais seriam estes.

- Bom galera, eu pedi pra que a gente se reunisse aqui hoje, pra conversar com mais privacidade sobre as informações que temos e o que isso nos permite fazer daqui pra frente. – Vicente estava calmo e animado ao mesmo tempo, olhando para o grupo e de mãos dadas com Zoé. Passado o constrangimento inicial de pegar na mão dela, isso se tornou rotina.

- Vi, posso falar uma coisa? – Manuela pediu e todos acharam estranho ela já não ter ido logo falando o que queria.

- Pode Manu, até porque, não que eu não fosse deixar, mas mesmo que eu falasse "não" isso não mudaria nada né? – Vicente falou com ironia reconhecendo a força comunicativa que Manuela possuía tão naturalmente.

- Tem razão, não mudaria nada mesmo. – Aí estava a Manuela de que todos se lembravam e adoravam.

Otávio só deu um sorrisinho de orgulho que encorajou a sua futura mulher.

- É que eu tenho uma confissão a fazer. – Manuela só faltou subir no sofá e gritar "sou foda" já que tamanha era a sua satisfação a se referir à tal confissão.

- Ai meu Deus, o que foi Manuela? – Zoé já se desesperou. A amiga não tinha maldade, mas isso não a impedia de fazer algumas coisas que nem sempre Zoé julgava serem das melhores.

- Na verdade, eu só quero ressaltar, como eu sou indispensável pra esse grupo. – Manuela disse apontando para si mesma com os dedos indicadores das suas duas mãos.

- Nós nunca dizemos o contrário Manu. – Gabriel disse entrando na pilha da menina.

- Eu sei Gabs, mas vai que vocês se esquecem né. – Ela deu de ombros.

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