CAPÍTULO XIII

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Para alguns é instintivo querer ter filhos. É uma vocação natural, um caminho pelo qual a maioria das pessoas um dia irão seguir. Park Jimin não pensava assim, para o biomédico a paternidade não era seu maior desejo ou projeto de vida. Para ele, abrir mão de seu tempo livre, dinheiro e objetivos pessoais para se dedicar a cuidar de outra vida era algo que não estava em seus planos imediatos.

No entanto, a partir do momento em que se descobriu grávido , uma série de emoções tomou contou de seu coração, mudou seus pensamentos, vontades e convicções. Talvez esses mesmos sentimentos surgissem se um dia Jimin engravidasse alguém por descuido, mas gerar seu próprio bebê havia tornado tudo mais intenso para ele. E a medida em que a gestação avançava, o envolvimento com feto se desenvolvia e a aceitação de sua condição se tornava cada vez mais forte.

Medo, insegurança, ansiedade rodavam a cabeça de Jimin vinte e quatro horas por dia, mas também a curiosidade e o encantamento com sua gestação se aflorarava naturalmente. Sabia que as chances da criança nascer eram quase impossíveis, além disso, o bebê poderia ter má formação congênita e explicar seu nascimento seria muito complicado, no entanto ele estava disposto a enfrentar tudo isso. Descobrir que uma vida estava se desenvolvendo dentro dele desencadeou diversas emoções, mas a maior delas foi a vontade de conhecer e ter seu filhinho em seus braços.

— E se ele nascer com três olhos, escamas e uma calda Jimin? — Taehyung perguntou ao ingerir mais um gole de seu cantil de whisky.

— Eu vou amá-lo do mesmo jeito. — Jimin disse decidido. Ele já havia cogitado a possibilidade do bebê nascer com algumas deformidades, mas iria fazer de tudo para que ele crescesse forte e saudável. — Eu não acredito que você está bebendo no horário de trabalho...

— Só estando bêbado para lidar com toda essa loucura. Eu ainda não entendo porque você decidiu brincar de ser a "mãe do ano" assim tão de repente. — Kim disse enquanto ajeitava o ultrassom para examinar o amigo.

— Serei um pai e não a mãe do meu bebê. E ele é resultado de anos de experiência e não um acidente radioativo para nascer com calda e escamas. — Jimin revirou os olhos. — Para você pode ter sido uma decisão tomada de repente, mas se estivesse passando por uma situação parecida iria me compreender. Encare o meu caso como a de uma mulher ou um casal que descobre uma gravidez inesperada e mesmo assim resolvem ficar com o bebê. Eu simplesmente comecei a sentir a necessidade de conhecê-lo, de saber como ele vai ser, se vai gostar de mim, se vai me amar... — Park respondeu com a voz embargada.

Taehyung olhou para o amigo limpando as lágrimas e notou o quanto ele estava diferente. Jimin sempre foi amoroso, sensível, mas ele também era muito racional. Dificilmente se apegava a relacionamentos, pessoas ou objetos. Sim, ele gostava de ter sua e espaço só para ele, mas não pensava duas vezes em abrir mão de algo se isso fosse beneficiar suas prioridades. Um exemplo foi a venda da casa em que havia passado boa parte de sua infância. Os senhores não paravam muito em uma mesma cidade, mas haviam ficado um bom tempo naquela casa e Jimin tinha muitas memórias. Porém ele vendeu o imóvel após receber uma grande oferta, e não havia se arrependido da decisão. Park era centrado em seus objetivos pessoais e raramente se desviava de seus propósitos. Ele era muito parecido com seus pais e era por isso que Kim estava tão surpreso com aquela decisão repentina e aquele comportamento atípico do amigo.

— Eu sempre te achei muito parecido com os senhores Park e por isso mesmo que eu não consigo entender esse seu lado tão emotivo.

— Minha mãe me teve com 38 anos. Ela e meu pai estavam no auge de suas carreiras, mas decidiram ter um filho. Mas o fato de ter uma criança não os impediu de continuar com suas rotinas intensas de trabalho. Eu sou satisfeito com a minha vida e família. Meus pais são pessoas maravilhosas e me criaram da melhor forma que conseguiram, só que não temos aquele "modelo" de família representada em comercial de margarina e para mim está tudo bem. — Jimin disse sinceramente. — Quando eu era pequeno, eles me levavam para os laboratórios e brincavam comigo em meios suas atividades. Já no momento em que fiquei maior, meus pais me deixavam o dia todo em casa, mas quando voltavam do trabalho sempre tiravam um tempo para interagir um pouco comigo antes de encerrar o dia. Para muitos isso pode soar como um relacionamento desajustado ou frio, mas eu nunca senti que era falta de amor. Eles tentavam conciliar suas paixões da melhor forma possível. O fato de eu ser parecido com eles não quer dizer que eu seja frio, incapaz de amar ou querer ter uma família. Eu só não tinha esse desejo até agora. Mas passar por essa experiência me fez me sentir sensações novas e querer coisas que até então eu ignorava. — Park tentou explicar seu ponto.

O que esperar de um plano B 🌈 JJK & PJMOnde histórias criam vida. Descubra agora