Your shadow

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12 de fevereiro, 2020

Acordei por volta das 7 da manhã e esperava-me um novo dia de escola, estava ansiosa pelas férias da Páscoa, já não aguentava mais...
Tomei banho, e de seguida fui tomar o pequeno-almoço com a minha mãe e o meu padrasto.
O Peter, meu padrasto, era muito simpático e prestável quando começou a namorar com a minha mãe, pois ela estava a passar um período difícil, porque o meu pai Dave tinha se suicidado à pouco tempo. E ele ajudou-a a ultrapassar isso, grande história de amor, não??
O problema é que agora, ele não faz nada em casa, só vê televisão enquanto a minha mãe cozinha, arruma, limpa... entre muitas outras coisas.
Se fosse comigo, não tinha essa sorte mas não me quero meter no relacionamento da minha mãe.
Nós somos muito unidas, gostamos muito uma da outra.
Depois dos waffles, fui para a escola, cheguei 30 minutos adiantada, pois ia me encontrar com a minha melhor amiga, a Sam. Depois de uns 2/3 minutos ela chegou:
- Olá Alison, desculpa de chegar um bocado atrasada.
- Não faz mal, Sam.
- Pago um café para recompensação?
- Aceito.
Fomos então ao bar da escola, e depois de a dona Piedade nos servir os cafés ela disse-me:
- Ouve-me, tenho de falar contigo sobre um assunto, pode ser?
- Sim, diz, linda.
- Eu ando a descobrir-me aos poucos e poucos, e digamos que já algum tempo, e ontem decidi que te tinha de contar porque és tudo para mim!
- Então?
- Eu gosto de raparigas.
Quando ela me disse isto, eu admito que fiquei chocado porque a Sam já teve muitos e muitos namorados. Será que era um disfarce?
O seu mais recente ex até é da nossa turma, o Archie, digamos que ele reagiu muito mal à separação, bem que eu não gostava nada dele, sempre fui muito protetora com ela.
No dia em que eles acabaram, o Archie reagiu de forma bastante violenta. Fui eu e o Mateo que o impedimos de bater na Sam. Mas agora a relação deles está melhor, apenas se ignoram.
- A sério?
- Sim, então, eu já namorei com muitos gajos, o Ricardo, o Mateo, o Theo, o...
- Já entendi, namoraste com muitos mesmo.
- Sim, é esse o ponto. E nunca senti nada por nenhum deles e tentei mas não deu para mim. O único que talvez eu gostei foi o Archie.
- Então és bi?
- Digamos que sim.
- Por mim tudo bem, estou feliz por ti. Vais contar aos teus pais?
- Achas, meu amor, a minha mãe é toda religiosa e passava-se! O meu pai talvez aceitasse melhor mas não sei. Prefiro explorar primeiro isto.
- Sim, boa ideia. Já gostaste de alguma rapariga?
- Claro que sim.
Decidi não perguntei quem, não queria ser intrometida, acho que afinal não sei todos os segredo s da Sam.
- Sam, vamos pra a aula?
-Sim, mas antes queria te dizer que hoje temos uma festa.
- De quem?
- Da Melissa. Essa cabra nem gosta de nós, não percebi porque nos convidou mas estou curiosa, por isso vamos. Pode ser que lá curta com uma gaja.

Melissa Smith, a rapariga mais bonita e rica da nossa turma, loira e com olhos azuis, aquela cabra clássica.
Eu e ela sempre fomos rivais, muito por causa também das notas, quando eu tirava melhor do que ela, arranjava alguma maneira de se vingar.
A pior vingança foi uma vez quando me tirou o telemóvel da mochila e partilhou as minhas mensagem todas, foi humilhante.
Com a Sam, a relação ainda consegue ser pior, digamos que não por notas, porque a Sam não é muito boa aluna, mas por causa de rapazes.
A Sam ficava com todos que ela queria, mesmo todos. E a Melissa não gostava nada disso.
Mas por algum motivo desconhecido, ela da Sam não vingava-se nunca.

Ao chegar à aula de Biologia, a professora Benedita revelou:
- Tenho as notas dos testes, e deixem-me dizer que estou muito dececionada com a turma, no geral.
A melhor nota é 17 e a pior é 3. A média da turma é de 8,2.

Estava muito assustada com aquelas classificações, nunca tinha tirado notas abaixo de 18.
Parece que há uma primeira vez para tudo.

- Sam, quanto tiveste?
- 14 e tu?
- Boa Sam, tirei os 17.
- O quê? Eu só tirei 15 - disse a Melissa.

A Melissa ficou cheia de inveja, mas sinceramente "Bring It on bitch", estava farta daquela rapariga.
Chegara o intervalo:

- Parabéns pelos 14, podes me mostrar o teste porque quero ter a certeza de uma resposta.
- Não me apetece abrir a mochila, agora.
- Não tiveste 14, pois não?
- Mas tens alguma coisa a ver com isso?
- Sim, sou tua melhor amiga. Primeiro escondes-me a tua sexualidade por tanto tempo e agora isto. Odeio mentiras...
- Sabes o que é ser a sombra de ti? Eu sou a cabra, que já bebi e não sou virgem. Tu és a santa que não fizeste nada e que tiras vintes a tudo. Sabes o que é isso?
- Sentes-te assim tão mal por ser minha amiga?
- Não é esse o ponto, não disse isso!
- Então, o que pretendes?
- Não comeces com essas perguntas, eu deixei muito claro o que sentia e sabes que mais, não me apetece nada agora ter esta conversa. Tem um bom dia.
- E hoje à noite?
- Hoje à noite o quê?

Passamos o resto do dia sem falar, fui para casa a sentir-me pessimamente, não queria isto. Não mesmo...
Depois da minha mãe chegar do trabalho, disse-me:
- Olá filha, correu bem o teu dia?
- Mais ou menos, eu e a Sam discutimos e acho que esta é de vez.
- Sabes quantas vezes discutiram e me disseste isso? Tu e a Sam são para sempre.
- Tens razão, tenho que fazer as pazes com ela. Hoje ela vai estar na festa da Melissa, posso ir?
- Melissa? Ela convidou-vos?
- Também não entendi, mas quero ir.
- Deixa-me só perguntar ao teu padrasto, sim?
- Mãe, ele não é meu pai, por favor.
- Ok filha, vai.

Cheguei à casa da Melissa, e ao abrir vi a Sam sentada num sofá com o Mateo, cheguei perto deles e disse:
- Sammy podemos falar?
- Sim, diz.
- Em privado.
- Eu saio, beijos! - explica o Mateo.
- Vamos para a casa de banho? - perguntei eu.
- Sim mas rápido, se possível.

Fomos para a casa de banho, e ao chegar lá eu estava tão nervosa que quase tinha um ataque cardíaco.
Hipérbole, eu sei.

- Eu não quero estar assim contigo. Eu gosto muito de ti.
- Não gostei que falasses da minha sexualidade, sabes que estas coisas não são contadas logo. Eu tinha que ter a certeza, entendes?
- Sim, desculpa. Eu entendo-te e tiveste 100% de razão.
- Estamos bem, então.

Nós as duas abraçámo-nos, e eu senti algo mas não sabia o quê.
Ao sairmos da casa de banho, acho que a razão da Melissa nos convidar foi encontrada.

- Agora que estamos todos aqui, olá meninas, vamos começar o verdade ou consequência.

Este jogo ia dar danos, e não sei se estava pronta para isto.

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