No caminho para casa, Eduardo acaba por passar pelo caminho onde estão Lorenzo e a centobra, indo à procura da peça do quebra-cabeça no pântano. O perigoso bicho, que costuma espiar o príncipe, percebe-lhe a presença e segue em direção a ele. Lorenzo, a princípio, estranha a atitude do animal e o segue. Eles vêem o príncipe seguindo ladeira acima e Lorenzo recolhe o animal, dizendo que em outra oportunidade eles pegam o rico herdeiro do trono para lhe usurpar.
Eduardo é perdido de vista por eles e segue seu caminho até o castelo do Império de Nede.
Por outra trilha, também com objetivo de recuperar a peça solicitada pelo Rei Saul, Bernardo e seu amigo Sr. Simas, que concordou em ajudá-lo nessa empreitada, seguem rumo ao Pântano Lavento. O velho aventureiro de longas barbas vermelhas, pergunta se o Rei Saul disse qual o motivo que o levou a solicitar que recuperassem um objeto tão insignificante.
- Na verdade, ele não disse pra que precisa dessa peça, apenas falou que é para dar a um tal Alquimista.
- Alquimista? – Simas fala assustado. – Aquele velho é um mercenário!
Bernardo ri e completa:
- Vindo de você, isso deve ser um elogio.
- Ora, ora, eu sei do que eu estou falando. Eu conheci o Alquimista quando jovem. Faz qualquer coisa por dinheiro e por brinquedos.
- Brinquedos?
- É, aquele maluco gosta de brinquedos de criança. Ele é um louco, é como se não tivesse crescido. Tem uma mentalidade de um garoto de dez anos de idade, mas é muito inteligente, faz mágicas como ninguém. Certa vez, ouvi dizer que uma senhora muito má trocou uma peteca com plumas de Faisão Azulesko, um bicho muito raro, por um tônico que invertesse o lugar dos braços com as das pernas, um mal para algum um desafeto seu e ela conseguiu essa proeza através da ajuda do Alquimista. Com isso, a pessoa começou a andar de ponta-cabeça.
Bernardo ri e conclui:
- Que louco isso.
- Mas isso não nos interessa, quero lhe falar sobre o pântano.
- Você conhece lá?
- Só de ouvir falar. No pântano mora o Voador Oculto.
- Voador oculto? Que animal é esse?
- É um animal que come gente, capaz de mergulhar na lava sem se queimar. É uma fera perigosíssima. Não sei como vamos achar essa pecinha naquele lugar, que queima pessoas inteira só com o vapor que solta.
Eles seguem caminhando pela densa floresta. O lugar vai se tornando cada vez mais quente e úmido. Corujas Três olhos estão por toda parte e os observam. Lorenzo e a centobra estão logo atrás deles. Por outra trilha, próxima dali, segue uma dupla de soldados aventureiros, atrás da oportunidade almejada por todos, pois todos queriam ocupar o cargo de chefe da guarda real.
Por fim, eles chegam praticamente todos juntos. A outra dupla já havia localizada a peça do quebra cabeça, bem no topo de uma pilha de pedras que fica no centro do pântano. Eles preparam uma catapulta, para lançar um dos soldados amarrado em uma corda e com uma espécie paraquedas nas costas, algo feito com saco de estopa primitivo.
Bernardo e o Sr. Simas observam os aventureiros em sua empreitada e logo que a catapulta é lançada, enquanto o soldado está em pleno vôo, a terrível fera salta da lava e o engole de uma só vez. O terrível bicho negro é uma raia gigantesca, com um enorme ferrão e potentes asas que a faz voar sobre a lava e depois finaliza o salto com um mergulho no mar de fogo. Afinal, ele é um feroz animal que consegue nadar sem dificuldades no pântano escaldante.
O outro soldado, amigo daquele que foi engolido vivo, abandona a catapulta e corre horrorizado de volta para a floresta.
- É, parece que não deu certo o plano deles. E nós, como vamos fazer para pegar a peça? – pergunta o Sr. Simas.
- Acho que tenho um plano.
Nisso, chega Lorenzo, que permanece escondido por trás das árvores, apenas observando. Ele tem um plano diferente, pensa apenas em roubar a peça depois de recuperada por algum dos aventureiros.
Bernardo retira um escudo que estava pendurado em seu cavalo. Apanha também uma corda e enquanto prepara um laço completa:
- Eu tenho um plano – diz Bernardo. - Está vendo aquele caminho de pedra, ali na lateral. Você salta da catapulta direto para lá, com o punhal nas mãos e caso a fera venha lhe pegar, acerte-a. A intenção é distrair e laçar o bicho com o escudo na ponta da corda, assim ele vai escorregar sobre a lava, ser levado como um chicote até onde está a peça.
- E como você vai fazer para voltar?
- Eu arremesso o escudo até aquela árvore e faço uma tirolesa, escorregando com minha espada.
- É um bom plano. Pode funcionar se a gente não morrer no percurso.
- Só teremos uma chance.
Simas ri e se prepara, subindo na catapulta armada.
- Moleza! Você está pronto?
Bernardo amarra a ponta do laço no escudo e ajeita a corda para lançar no momento em que a fera aparecer.
- Sim, pronto. E você?
- Vamos lá– Simas, com o punhal, se posiciona para desarmar a catapulta – No três: um, dois, três!
Ele salta como previsto. A grande raia voadora aparece logo atrás dele. Bernardo lança a corda e certeiramente a acerta na fera, que com o impulso, o leva montado no escudo para perto da peça do quebra-cabeça. Ele deslizou em alta velocidade sobre a lava quente. Sr. Simas pousa sobre o caminho de pedras e o bicho enfurecido está logo acima dele e para se proteger ele lança o punhal, acertando na fera que mergulha. O plano tinha sido bem sucedido.
Bernardo está a um metro do local desejado, mas o escudo é empurrado e afunda junto com o animal ferido. Ele salta e consegue apanhar a peça do quebra-cabeça, mas fica preso no centro do pântano, totalmente ilhado.
Ofegante, o Sr. Simas grita:
- E agora, você tem um plano B?
- Não. Você matou o bicho?
- Acho que sim.
Bernardo avista um cipó, do outro lado do pântano e mostra para o amigo, que logo se prontifica em saltar para pegá-lo de volta.
Lorenzo observa toda a cena, enquanto o Sr. Simas contorna o local, sobe na árvore e pega o cipó.
- Lá vou eu!
Ele salta sobre o pântano e quando se aproxima do centro do rio de fogo, com um pulo, Bernardo o alcança. Ao contornar para retornar até a margem, a Voador Oculto reaparece, não havia morrido, mas estava seriamente ferido e menos veloz, capaz apenas de assustá-los. E foi mesmo um grande susto.
Eles gritam apavorados, enquanto o animal se aproxima rapidamente, batendo suas fortes asas. Bernardo empunha sua espada e quando o bicho se prepara para engoli-los, ele o acerta bem na cabeça. O terrível animal, finalmente, foi abatido e cai para as profundezas da lava para nunca mais voltar. Eles saltam e saem rolando por cima da grama. Finalmente estão a salvo e exaustos. Realizar a empreitada foi uma grande aventura.
Lorenzo retorna pelo caminho em que chegou ali sem ser percebido. Não era o momento para atacá-los e roubar a peça, que com esforço, Bernardo e o Sr. Simas conseguiram recuperar, mas ele planeja ser o próximo chefe da guarda e por isso tentaria de todas as formas roubar a peça do quebra-cabeça para ele.
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Desígnios
FantasyDois asteroides mágicos originam reinos distintos. Por um lado havia o Império de Nede, lugar em que as pessoas viviam numa espécie de socialismo. Já no Reino de Tenebra, havia a terrível Rainha Joana, a comedora de corações. Ali nasce Sofia, portad...