Capítulo 23

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Após a descoberta, ela segue caminhando pelos cantos do vilarejo, visando se familiarizar com o local que a tem encantado por tantas novidades, algumas boas, outras, nem tanto. Segue até uma pequena praça e senta-se num degrau.

O Príncipe Eduardo está por perto e a vê. Finalmente, tem uma oportunidade para conhecer a bela moça que tinha lhe atacado, assustadamente, dias antes. Decidido vai conversar com ela:

- Olá senhorita!

Carise levanta o lindo olhar azul e como ainda estava analisando o sapatinho, ao ser interpelada pelo lindíssimo príncipe, o recolhe rapidamente na pochete guardando, momentaneamente, o pequeno objeto. Ela o reconhece, aquele rosto de pele clara e lábios carnudos e se assusta, pois encontra novamente a pessoa que tinha visto dias atrás e do qual não sabe as reais intenções.

- Finalmente não está correndo – ele completa.

Montado num forte e vistoso alazão tordilho de crina marrom, Eduardo ostenta uma túnica azul petróleo e pesada capa vermelha com franjas douradas que recobre o dorso do animal. Os pés com imponentes gladiadores se apoiam sobre os estribos, que logo utiliza para desmontar. Ele ainda tem os mesmos cabelos encaracolados de menino e juntamente com os olhos azuis e porte atlético, parece um deus grego.

- Você me atingiu em cheio outro dia – diz apontando para o machucado da orelha.

- Eu posso fazê-lo de novo se preciso for. – rebate Carise dividida entre a vontade de correr novamente ou descobrir quem é aquele belo moço.

A praça onde estavam é tranquila e ninguém passeia por ali naquele instante. Os habitantes e transeuntes estão todos ocupados com seus afazeres, por isso aquele local é perfeito para conversarem um pouco.

- Não será necessário, acho que assustei você, não foi? Ademais, é melhor para você não voltar a machucar um Príncipe. Pode sofrer consequências terríveis por isso.

Ela muda completamente de postura ao saber quem ele é, mas continua desconfiada.

- Verdade que você é um príncipe?

- O príncipe do Império de Nede e futuro Imperador Eduardo. – diz com eloquência.

- Alteza, por favor me perdoe, não queria machucá-lo. Eu me chamo Carise, Alteza. – fala cumprimentando-o em reverência.

- Todos aqui sabem que sou eu, não creio que não me conheça.

- Na verdade eu venho das montanhas, onde nos vimos pela primeira vez.

- Sim, me recordo bem, você estava cuidando de algumas plantas que não conheço. O que são?

Ela ri.

- Ora, são vegetais Alteza, retiramos da floresta e cultivamos para nosso sustento.

- Então vocês descobriram novas espécies de alimentos?

- Se eles não existem por aqui, então acho que sim, Alteza.

Eduardo amarra o cavalo numa árvore e se aproxima dela.

- Interessante. Você disse nós, quem são os outros?

- Na verdade era só eu e meu pai, um velho senhor que preferiu viver isolado nas montanhas, mas ele morreu naquele mesmo dia em que nos vimos antes, estava doente e por isso estou aqui. Não tenho mais ninguém nesse mundo, por isso me vejo só.

Ele sente piedade da jovem moça, mesmo sendo ele egocêntrico às vezes, optando por algumas atitudes impopulares para manutenção da ordem local, Eduardo tem um bom coração. Ademais, a magia da Cadente da Luz faz com que ele irradie alegria por onde passar.

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