Hoje é 31 de dezembro, fim de mais um ano. Cecília me convidou para passar a virada do ano com ela e sua família. Essa coisa que nós temos é sensacional, estou adorando esses últimos dias.
Papai volta para casa hoje. A nossa última conversa foi ontem, as 03 h da manhã.
— Você me assustou — ele disse, fechando a revista automobilista e a colocando na mesinha de centro. — Você sempre amou a poltrona do Vovô Gildo.
Sim, eu amava sentar naquela poltrona. Lembrava do Vovô e em como ele foi mais presente na minha vida do que o meu próprio pai. Ele é incrível.
— Já está tarde. Por que não está na cama? — indagou.
— Estou pegando um copo d'água — retruquei.
— Querida — Papai disse, segurando a minha mão. — Eu sei que temos essa relação complicada de pai e filha, e eu queria que soubesse que estou tentando aceitar sua escolha. Ainda é novo para mim, você entende?
Cara, eu gosto de garotas desde da oitava série. Não é como se fosse novidade. Eu só fui me assumir de verdade aos 16 anos. Aquele foi o melhor dia da minha vida, o dia em que me senti compreendida.
— Você tem o meu apoio com aquela menina — prosseguiu.
— Aquela menina?
— Celita. Aquela que encontramos na Sorveteria-Lanchonete.
— Cecília. Cecilia Campos — o corrigi.
Papai nunca acertara seu nome. Percebi que Papai não sabia sobre Thalita nem ele, nem mamãe. Ela sabia de Kevin e Cecília, Thalita não. É, talvez essa coisa com Cecília seja a melhor coisa na minha vida no momento. Não sei se será em algumas semanas, ela é apenas minha pessoa favorita. No momento.
— Estou voltando para casa amanhã. Volte a dormir.
O abracei. Ele era o meu pai. Não importa se fazia parte da minha vida ou não, ele era meu pai.
— Eu te amo e você sempre será minha filhinha.
Voltei para o quarto e adormleci.
☆
Perdi as contas de quantas vezes nos beijamos esta semana. Beijar Cecília tornou-se a parte preferida do meu dia.
Em algumas semanas voltariam para Recife. Então decidimos aproveitar as semanas restantes nos divertindo. Sem compromisso. Uma amizade com benefícios. Foi como ela quis chamar.
Ela está em cima de mim, me beijando. Uma das mãos está no meu pescoço e a outra apertando delicadamente minha cintura. Estamos a horas consecutivas beijando, apenas parando para recuperar o fôlego ou, quando o clima fica tenso.
Não estou traindo Thalita Albuquerque.
E não estou mesmo. Não temos nada. É o que estou tentando colocar na minha cabeça.
Não estou traindo Thalita Albuquerque. Quem perdeu foi ela.
Minhas mãos tocando suavemente seus cabelos. Viro-a bruscamente agora ficando por cima. Beijar Cecília Campos é deliciosamente bom. Prazeroso. E muito, muito excitante.
Alguém abre a porta abruptamente. É mamãe. Ela olha para a posição desagradável que estamos e diz:
— Crianças — diz, virando o rosto. — Trouxe um lanchinho.
Olhei para mamãe e me joguei bruscamente na cama. Cecília segura o riso.
— Mãe. Já conversamos…
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THE (new) DIARY of BISSEXUAL
JugendliteraturTerceiro e último livro de TDOB Oito anos se passaram desde que Laura mudou-se. Na faculdade, ela está com dificuldade para acompanhar a rotina universitária. Laura só não esperava a volta de um amor do passado. Antigos sentimentos voltam à tona, ag...