Estou cansada de viver nessa constante melancolia. Nada e nem ninguém é suficiente o bastante para mim. Lidando com a realidade, sou difícil e complicada. Jamais negarei isso, faz parte de quem sou e do que me tornei durante esses anos.
Confesso que quando amo uma pessoa adquiro vários tipos de medos. E os 3 piores são: o medo de ser trocada, o medo de ser esquecida e o medo de perde-la para sempre.
Eu sou uma pessoa distorcida. A única maneira de saber minha capacidade de amar é através de minha capacidade de angústia. Antes do sofrer, não sei.
Eu não sei como fazer as coisas com moderação. Eu ou morro de fome, ou compulsão, estou super feliz ou tendo um colapso suicida, eu não faço nada ou tudo de uma vez e estou cansada.
Entretanto, eu não quero mais viver assim. Eu quero ser feliz. Quero sentir todos aqueles sentimentos clichês que dizem por aí. Quero acreditar que também posso amar e que também posso fazer alguém me amar. É inevitável, todos nós teremos aquela pessoa. Aquela pessoa que te fará sentir a mais especial de todas, aquela pessoa que cuidará de ti e aprendera a amar cada pedacinho seu.
O problema sou eu e a minha cabeça. Ela sempre me faz sentir tudo meio exagerado. Eu nunca tive tanta certeza na minha vida. Eu quero aproveitar cada segundo restante dos meus dias com ela, e espero que ela também queira o mesmo. Porque eu a amo, com toda a intensidade do meu ser, eu te amo hoje e sei que vou amar mais ainda no dia seguinte. Por que é você, Thalita Albuquerque. Sempre será.
☆
— Você tem mesmo que ir embora? — falou Cecília, tomando-me o braço.
— Suponho que não tenho muita escolha.
— Não sei como dizer adeus. Você sempre foi boa utilizando as palavras. Não queria te ver partindo outra vez — ela disse, parecendo magoada.
— Haverá sempre uma parte minha guardada em você. Espero que saiba cuidá-la bem.
— Eu julguei que quando passasse o tempo, eu acreditei que quando eu finalmente te visse tão livre, tão forte e tão indiferente, eu supus que quando eu sentisse o fim, eu achei que passaria. Não passa nunca, mas quase passa todos os dias — diz ela baixinho, evitando meu olhar. — Você era muito importante para mim. Mas é uma pena que eu não soube demonstrar isso para impedir que você fosse embora.
— Obrigada pelas últimas semanas. Elas foram incríveis — desvio meu olhar para o piso, sujo. — É como se você tivesse despertado uma parte aqui — ponho a mão no coração. — Como se ao você chegar, eu me sentisse alegre outra vez.
— É, eu tenho esse efeito na maior parte das pessoas. Mas, sério, essa cidadezinha tava um tédio antes de você — retrucou.
— Obrigada. Mesmo. Eu vou sentir saudades, bebê — falei levando um braço até sua cintura.
— Bebê? Bebê é jogo baixo! — retrucou, apertando firmemente meu braço.
☆
Cecilia está no banheiro, se vestindo para me deixar na rodoviária. Mamãe e Renato compraram uma passagem de ônibus para mim, oito horas de viagem de volta a Capital. Renato me abraçou e disse para continuar escrevendo, pois, sabia que era algo que me fazia bem. Mamãe pediu para que eu fosse atrás que realmente queria. Na bolsa cor de vinho pendurada atrás da porta, deixei um envelope azul, nomeado: “para meu antigo amor”. Eu não conseguiria resumir em palavras a tamanha euforia que Cecília me dera nessas últimas semanas. Ela foi incrível, proporcionou dias marcantes, diálogos engraçados e a sua marca registrada: seu abraço.
Cara, esse abraço que me envolveu por dias consecutivos, fazendo-me lembrar da humanidade que habitava aqui. Dentro de mim. Esses foram os melhores dias porque compreendi sua nova realidade e entendi como é viver com um coração partido. Eu não quero que Thalita sinta-se assim também.
Ela saiu do banheiro, cheirando a chocolate quente. Adorava usar fragrâncias adocicadas, eu adorava. O óculos preto ajustado no topo da cabeça caiu sob os intensos olhos castanhos-claro-escuro, quase tão bonitos quantos os de Thalita Albuquerque.
Pegou a chave e ligou o motor. Queria aproveitar os segundos seguintes tocando-a, sentindo seu cheiro adocicado. Em vez disso, olhava-a, pensando como teria sido uma vida ao seu lado. Uma vida sem Thalita Albuquerque e Kevin Duarte.
Quando chegamos, envolveu-me outra vez em um abraço. Dessa vez, apertado. Eu não me incomodei. Ela sabia exatamente como me abraçar, e isso me assustava. Deixando para atrás meu antigo amor. E, em direção ao meu maior e único amor.
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THE (new) DIARY of BISSEXUAL
Teen FictionTerceiro e último livro de TDOB Oito anos se passaram desde que Laura mudou-se. Na faculdade, ela está com dificuldade para acompanhar a rotina universitária. Laura só não esperava a volta de um amor do passado. Antigos sentimentos voltam à tona, ag...